LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.381, de 10 a 16 de dezembro de 1984.
E, FOI ASSIM...
NELSON LORENA
O mundo cristão comemora mais um Natal de Jesus. Quantas páginas já foram escritas, com graça, beleza e adorável encanto, sobre tão glorioso evento e quantas mais poderão eternizar na letra ou, ainda, na palavra, o mais importante acontecimento da história da humanidade?
Achava-se o império romano mergulhado em lutas pelo poder, quer na metrópole quer fora dela. A morte de César, assassinado, veio desfazer as nuvens sombrias que pairavam sobre um povo ansioso de paz e iniciava-se o século de Augusto sob promissores auspícios. Em tudo tresandava o aroma e risonhas esperanças afloravam nas faces de todos. No ar, nas flores, na natureza enfim, pairavam as palavras proféticas de Isaias: “Eis que uma virgem conceberá e parirá um filho que será chamado Emmanuel”. O nascimento de Jesus viria iniciar uma era de Paz e Felicidade duradoura para a humanidade, não fora o posterior desvirtuamento dos ensinamentos do Mestre, pela intolerância religiosa que se seguiria.
Foi ali, em Nazareth, que tudo começou... Era ela uma pequena cidade de ruas pedregosas, casas rústicas, separadas por vielas estreitas, construídas de cubos de barro e tijolos, tudo muito simples e de aparente mau gosto. Segundo sabemos, o inverno ali é intenso, mas o clima é saudável. Na época, a qual nos propomos comentar, morava ali um casal que teria, pela revelação, uma missão de grande valor para a ordem do mundo. Eram José e Maria. Sua casa, como diz o historiador, seria talvez constituída de uma sala tosca e despojada mas, ampla e servindo ao mesmo tempo de Oficina, quarto e cozinha somente iluminados pela luz que chegava pela porta de entrada, uma habitação comum para aos que viviam entre a abastança e a pobreza. Pelo chão, esteiras, enxergas, um vaso de barro e uma caixa pintada. Um banco e ferramentas de carpinteiro. No quintal, parreiras e figueiras compunham o ambiente pobre, mas feliz. Além, a invernia trazia solidão e tristeza, com reflexos no povo, nas árvores, nos pássaros. Nazareth parecia estar vestida com um manto gelado de arminho tecido de desencanto e nostalgia. Um dia, tudo mudou... Como sob um toque de mágica, a Natureza se transformou. Alegrou-se o povo, cantaram os pássaros, sorriram as árvores. Natal! Natal! O eco da Boa Nova se repetia de quebrada em quebrada. O manto gélido que envolvia a Natureza, se transformava no “vestido de noivado” que embelezaria a noiva para receber o “noivo prometido”. Desfizeram-se as trevas e a luz emanada do seio de Deus iluminou as veredas da Vida. José e Maria estavam felizes por terem guardado fielmente o tesouro que lhes fora confiado pela profecia.
E na manjedoura, nos lábios do Menino humano-Ser, brincava o sorriso de quem possuía a perfeita consciência de que Deus morava dentro de si!
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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