NELSON LORENA O ARTISTA CACHOEIRENSE

O ARTISTA CACHOEIRENSE


NELSON LORENA

*21/07/1902         +06/07/1990

Cachoeira Paulista


Nelson Lorena era o mais velho dos três filhos homens de José Randolpho Lorena, casou-se com Hilda Guimarães Cotia, com quem teve 3 filhos: Ney Lorena, Nildes Lorena e Nyone Lorena. Viúvo, casou-se novamente com Doralice Gonçalves de Barros, com quem teve 7 filhos: Nelson Lorena Filho, Newton Lorena, Yane Lorena, Fábio Lorena, Nielsen Lorena, Dilah Lorena e Patricia Lorena.

Nelson nasceu, viveu e nunca abandonou a sua pequena Cachoeira Paulista. Seu espírito realizador soube encontrar, no ambiente tranqüilo da pacata cidade, o estímulo vigoroso para uma fertilidade criativa, que o consagraria como um dos principais representantes do patrimônio cultural e artístico da família Lorena. Matriculado aos sete anos na Escola Masculina da Bocaina, demonstrou notável aplicação, completando em apenas dois anos os quatro exigidos no curso primário. Aos quinze, ingressou na Escola Normal de Guaratinguetá, onde freqüentou por dois anos e foi obrigado a interromper os estudos por dificuldades financeiras. Tornou-se autodidata e instruindo-se em História, Ciências, Religião e Filosofia, habilitou-se como professor leigo, ensinando matemática, música, desenho técnico e trabalhos manuais, na Escola profissional Luis Carlos e no Ginásio Valparaiba e lecionando Harmonia e Teoria Musical no Conservatório Musical de Guaratinguetá. Aos dezoito anos, ingressou na E.F.Central do Brasil como pintor e, aprovado em concurso no DASP, chegou a Oficial Administrativo, cargo no qual se aposentou. Iniciou o aprendizado da Música com seu pai aos onze anos e aos doze, revelando seus pendores artísticos, compôs sua primeira valsa para uma namorada de dez anos de idade, cujo original encontra-se no Museu Maestro Lorena, em Cachoeira. Era, já aos 14 anos, o primeiro trompete da Banda Musical XV de Novembro, executando com peculiar talento e habilidade, os intrincados arranjos que o Maestro Lorena escrevia. Mais tarde, dominando o difícil instrumento com uma técnica especialíssima, adotaria o costume de fazer adormecer suas crianças ao som de suaves acalantos extraídos do seu trompete com surdina. Lecionando e exercendo funções administrativas para prover sua subsistência foi, aos poucos, se revelando e surpreendendo como cronista e autor literário, compositor e arranjador, artista plástico versátil, pintor histórico, paisagista e retratista, cenógrafo, arquiteto original, prolífico escultor, tornando-se um artista completo. E assim, desponta a personagem encantadora e magnética imantada de superlativos, a materializar num vórtice criativo tantas e tão inesperadas formas de arte que, perenizando fatos, pessoas e lugares iriam engendrar a imortalidade do criador através da própria criação. Quem visita Cachoeira não pode deixar de admirar em sua praça principal, o imponente soldado constitucionalista, em bronze fundido, entrincheirado de baioneta em riste, na defesa dos ideais democráticos do bravo povo paulista na Revolução de 1932, o mendigo Tonhão, homenageado em permanente concreto, como a todos lembrar do dever da compaixão, o São Cristóvão, na entrada da cidade, para a benção de tantos que por ali circulam diariamente, a Mãe Preta, na praça ao lado da Igreja de São Benedito em Guaratinguetá, a saudar o orago e as tradições folclóricas que, há tantos anos, ali são celebradas em sua devoção. Os seus intrigantes quadros em meio corpo, de Moisés e Jesus que, acompanhando as pessoas com o olhar, como que examinam o interior dos que diante deles se expõem. O Batismo de Jesus e os imensos painéis a óleo, reproduzindo a Ascensão e a Ressurreição sob as elevadas abóbadas da Igreja Matriz de São Sebastião, em Cachoeira. Suas inumeráveis pinturas históricas, recriações de fatos e momentos inesquecíveis como a passagem de Dom Pedro pelo Vale do Paraíba, a caminho da proclamação da nossa independência e a ereção da Matriz de N.S. da Piedade, na fundação de Lorena. Dizia ele ...”o artista refaz a história, ao criar para o imaginário, as cenas e personagens que ninguém registrou.” Nelson Lorena, vivendo os seus últimos anos em meio a seus quadros e seus livros, afirmava sentir um prazer inefável quando o morno ocaso de sua existência era iluminado e aquecido pela visita dos amigos da aurora da adolescência. Viveu para ver com satisfação o inicio dos trabalhos para realização do sonho que acalentou durante meio século, o Parque Municipal à beira do Paraíba. Sua “terra pequenina ...amada Cachoeira, ...cidade oficina, da nação, pequena obreira!”, como ele a cantou em hino, em retribuição à dedicação e ao amor do ilustre filho, homenageou-o criando naquele local o Parque Ecológico Nelson Lorena, um digno espaço destinado para a preservação de sua memória, tão indispensável, quanto a conservação da própria Natureza. Deixou-nos para continuar sua missão em uma outra vida, conforme a sua fé, aos 06 de julho de 1990.



CATÁLOGO PARCIAL DA OBRA DE NELSON LORENA



MÚSICO E COMPOSITOR

Dobrados:

Canadá, Lorena e Ney.

Valsas:

Hilda, Ruth, Nildes.

Hinos escolares:


“Severino Moreira Barbosa”, “Paulo Virgínio”, “Regina Pompéia Pinto”, “Padre Juca”, “Luiza Gomes de Lemos”, “Escola Delta”, “Escola Normal de Cunha”, “Escola Professor Lerner”, em São Paulo.

Hinos:

Hino Municipal de Cachoeira, do Lions Club de Cachoeira, do Lions Club de Madureira no Rio de Janeiro.

Música para Revistas Teatrais:

“Nhô Pafúncio no Rio”, “Descerrando o Véu”, “Antoninha a Virgem”.


Dirigiu e liderou por muitos anos o “Paulista Jazz”, e mais tarde, “Milton Jazz”, animando os bailes do Clube Literário, as domingueiras, os bailes festivos e os Carnavais, também em outras cidades vizinhas.

ARTISTA PLÁSTICO

Pintura:


Painéis a óleo da Igreja de São Sebastião, em Cachoeira, reproduzindo a Ascensão e a Ressurreição, com noventa e seis metros quadrados de pintura, e para a mesma igreja, o Batismo de Jesus.

Retratos:


Seu bisavô, Avô, Pai, Mãe, filhos e esposas, Comendador José Oliveira Gomes, Dr. Munhóz, Dona Luiza Gomes de Lemos, Dr. Darwin Aymoré do Prado, Sr.Laudelino, Milhen Chalita, Dona Maria Chalita, Dona Adélia Bastos, Professor Paulo Virgínio, Dona Regina Pompéia Pinto, todos os Presidentes da Câmara Municipal, desde sua instalação até a última legislatura.

Quadros Históricos:


Fundação de Cachoeira, Fundação de Lorena, Primeira Missa rezada em Cachoeira em 6 de agosto de 1786, Passagem de S.A.Imperial por Cachoeira, em 18 de agosto de 1822, Estação da Mão Fria, em 1875 (ponto terminal da E.F. D.Pedro II), Inauguração da Estação Ferroviária, em 7 de julho de 1877, Aspectos de Cachoeira antiga, Sedes do Clube Literário e outros.

Esculturas:


Monumento ao Soldado Constitucionalista, “Aos que tombaram pela Lei”, realizado em 1936, encontra-se na Praça Prado Filho, em Cachoeira.

Bustos:


Antonio Ferreira, Allan Kardec, Presidente Kennedy, Monsenhor Machado, Maestro Lorena, Professor Agostinho Ramos, Mãe Preta na cidade de Guaratinguetá, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC).

Estátuas:


São Cristóvão, Padre Juca, Príncipe Dom Pedro, O Escravo Liberto, Vaca e Bezerro, Tonhão (homenagem aos menos favorecidos), O Menino e o Cisne, O Menino Irreverente (fazendo xixi), Santo Antonio e Menino Jesus, Os cães amigos, sua Esposa Hilda.

ARQUITETURA


Projetos da Escola Delta, União Espírita Cachoeirense, Asilo Antonio de Pádua, Edifício Chalita, Igreja dos Vicentinos, Clube Literário (demolido, dando lugar à Caixa Econômica Estadual), Túmulo do Major Severino Moreira Barbosa, em Portugal e centenas de casas residenciais.

LITERATURA


Publicou, cerca de quatrocentas composições literárias, sobre história, ciências, humor, crônicas locais, crítica, política e religião.

VIDA PÚBLICA


Foi vice-prefeito de Cachoeira Paulista no quadriênio 1956/1960, Presidente do Cachoeira Futebol Clube, do Clube Literário e Recreativo, da União Espírita Cachoeirense e Sócio Honorário do Clube Literário.

Homenagens e Distinções


Diploma de Honra ao Mérito da Câmara Municipal de Cachoeira em 1975, Diploma de Honra ao Mérito, do Governo do Estado de São Paulo, por sua contribuição à Imprensa em 1980, Homenagem pelo Rotary Clube, em l98l, Homenagem pelo Clube Literário, por serviços prestados, em 1984, Homenagem pela Escola Infantil Serelepe em 1970, Instituição da “Semana Nelson Lorena”, pelos seus trabalhos em prol da cidade, em 1988, Diploma pelo seu trabalho nas artes plásticas em benefício da cidade e a “Comenda Silva Caldas” da Prefeitura Municipal em 1990. Em reconhecimento ao seu trabalho por Cachoeira Paulista, a Prefeitura Municipal outorgou o seu nome a uma rua da cidade e ao Parque Ecológico Municipal e a Câmara Municipal instituiu a Comenda Nelson Lorena, para atribuição aos destaques no âmbito cultural da cidade. Recebeu postumamente o Diploma de Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Cachoeirense de Letras e Artes, em 2001.

Adotando a divisa: “Eu penso, Eu quero, Eu faço.”, idealizou e ergueu sozinho, os alicerces e as primeiras paredes de uma “Casa para Menores Abandonados” e, perseverando em suas iniciativas, triunfou sempre, em tudo quanto dependeu apenas de si mesmo.



GALERIA DE IMAGENS
DE NELSON LORENA



Hilda e Nelson 


Nelson - 1904




Nelson aos 4 anos - 20-08-1906.


Nelson Lorena, aos 20 anos.
Ao centro: o Maestro José Randolfo Lorena - Carnaval de 1923.



BANDA DE MÚSICA "XV DE NOVEMBRO"

Formação completa, em 1916, por ocasião da apresentação de estréia da “Avançada de Joffre”, fantasia militar composta pelo Maestro José Randolpho Lorena, retratrando o famoso episódio da 1ª Guerra Mundial.



da esquerda para a direita
ao alto: Antonio Rossetti, Antonio Tavares, Raul de Campos, Aristides Mello, Nicolino Nóbrega.
no meio, de pé: Luiz Moreira, Pedro Evangelista Pinto (Pedrico), Pepe, Jocelino José Bittencourt (Joce), Anthero, Joaquim Guilhermino, Pedro Paulo (Nhô Pedro).
sentados: Emílio Ricardi, Vicente Bevilacqua, Benedito Lorena, José Randolpho Lorena (Maestro), Francisco dos Santos Pinto, Nelson Lorena.




OS FILHOS DE NELSON E HILDA


O primogênito, Ney Lorena, em 1927.




Ney Lorena



Nildes Lorena


Nyone Lorena



Com a esposa Doralice e filhos, em seu segundo casamento.




 

PARQUE ECOLÓGICO NELSON LORENA







Hino Municipal de Cachoeira Paulista




 




 HINO MUNICIPAL DE CACHOEIRA PAULISTA

Letra de: Ovídio de Castro
Música de: Nelson Lorena

REFRÃO

Minha terra pequenina,
minha amada Cachoeira,
tu és cidade oficina,
da Nação, pequena obreira.

I

No sopé da Mantiqueira,
quase junto às suas fraldas
fundou minha Cachoeira,
o lendário Silva Caldas.
Feita de vales e montes,
minha terra pequenina
tem a nutri-la, três fontes,
a enfeitá-la uma colina.

II

Cingem-lhe a cinta, dois rios
que, avistados bem de cima,
são dois versos luzidios,
vazados em bela rima.
O sol, sobre a minha terra,
quando nasce, alegra tudo:
primeiro as aves da terra,
depois, o arvoredo mudo.

III

O homem que mora nela
tem coragem, enfrenta a vida,
sai ao mar, fica sem vela,
mas traz o mar de vencida.
Quando a dor se manifesta
entre o seu povo sublime,
quem é saudável empresta
a outrem o bem que redime.




Colaboraram para o post: 



Ney Lorena e o professor José Maurício do Prado. 



12 comentários :

Unknown disse...

Ola, Milton!!

Excelente o texto!! A cada post vc enriquece ainda mais o trabalho, que ja esta fabuloso!

Grande abraco, Jr.

milton lorena disse...

Obrigado Júnior,
Nada seria possível sem os nossos dedicados colaboradores e o brilho dos próprios personagens, que são os verdadeiros fabulosos.

Unknown disse...

Eu nem conheci nenhum deles mas é emocionante olhar p/ cada um e saber que faço parte desta história.

Denise Lorena
bisneta de José Randolfo Lorena
filha de Ezilda Lorena

milton lorena disse...

Olá, Denise
Eu me sinto gratificado cada vez que conheço mais um Lorena. Você não apenas faz parte dessa história como pode nos ajudar a resgatá-la. Gostaria muito de saber mais dos filhos e netos do meu Xará. Sinta-se em casa, este blog é de todos os Lorenas, principalmente dos descendentes de Francisco e Randolpho.

um beijo

Anônimo disse...

olá,demorei para fazer o que deveria ter feito a muito,que é conhecer minhas raizes,nao pude imaginar quão rica é,sou enormemente grata por ser quem sou.
Patricia Salvador lorena,filha de Nelson lorena,neta de José Randolpho Lorena.

milton lorena disse...

Seja bem vinda, Patricia! Frondosa e acolhedora é a árvore dos Lorenas. Ficamos felizes em ter mais uma flor no nosso jardim.

Gisele Lorena disse...

Sou Gisele filha da Silvinha Lorena, fiquei emocionada em receber este e-mail pois tenho orgulho em fazer parte desta familia e tambem por ter convivido uma boa parte da minha vida com o meu querido Tio Nelson. Conheco todas as suas obras e sempre fui incentivada pela minha mãe em admira-las.

milton lorena disse...

Querida Gisele
Este trabalho tem mais valor quando reconhecido e apreciado pela própria família.

um beijo

SolArTerrAgua disse...

É só ficar um tempo sem ver esse Maravilhoso Trabalho, que cada vez te admiro mais, pela arte e beleza com que você coloca as colaborações que recebe.Você não só faz jóias mas é a mais bela de todas...
um abraço,querido irmão.

Anônimo disse...

Nelson Lorena é sem dúvidas o maior artista que Cachoeira Paulista já viu,infelizmente não o conheci, mas tuas obras já demonstram o enorme talento dele e fico feliz por morar no bairro onde viveu,kkkkk Parabéns Miltão pelo texto. Abraço! Dogão do São João

Maria José Costa Freire disse...

Maria José Costa Freire
Olá Milton
Acabei de ler comentário de alguém que se diz descendente de D.Bernardo Lorena e que ele morreu no Rio de Janeiro.
Tenho comigo fotocópias do registo do óbito ocorrido no Palácio dos 3º Marqueses de Pombal,assim como o local onde foi enterrado na cerca do convento das Albertas. Recordo que a sua irmã Francisca estava casada com o filho do Marquês de Pombal.

milton lorena disse...

Prezada Maria José, eu adoraria poder publicar esse documento na página do Conde de Sarzedas. Isto esclarece muita coisa e seria de extrema utilidade para os descendentes, pesquisadores e admiradores de Bernardo José de Lorena. Você faria a gentileza de entrar em contato comigo? Basta um clique no botão FALE COMIGO na barra lateral do blog.

muito obrigado