A CRUZ DE LORENA E A "VRAIE CROIX"


A CRUZ DE LORENA

A Cruz de Lorena e a Relíquia da " Vraie Croix"

A Cruz de Lorena é uma representação da relíquia da cruz dupla da "Vraie Croix" cujas origens remontam ao ano de 327 ou 328, quando foram descobertas três cruzes no Gólgota. A de Jesus, era distinta das outras pela inscrição de Pilatos e foi dividida em duas partes. Uma delas permaneceu em Jerusalém e a outra foi enviada para o Imperador Constantino, em Constantinopla. As duas partes foram novamente divididas e alguns fragmentos chegaram à Europa, onde foram doados, vendidos ou roubados.

Os Alluye, foram os primeiros senhores de Chasteaux, em Anjou (Château La Valliere) e Saint-Christophe, em Touraine (Saint-Christophe-sur-le-Nais). Sua presença é confirmada na região, desde 978 até cerca de 1250 e, ficaram mais conhecidos a partir de Jean II de Alluye, que deixou muitas cartas. Jean II reinou sobre seu feudo entre 1200 e 1248 e, assim como os seus antepassados do século XI, em 1214 partiu em uma cruzada rumo à Terra Santa. Supõe-se que ele tenha acompanhado Thibault IV "O Cancioneiro", que foi conde de Champagne em 1239.

Ao regressar para a Europa em 1241, Jean de Alluye esteve em Creta onde o bispo Thomas de Hiérapetra, patriarca de Constantinopla, entregou-lhe como recompensa pelos serviços prestados em defesa do cristianismo, uma relíquia de madeira da "Vraie Croix" (Cruz Verdadeira), medindo uns 30 centímetros, cuja característica era uma cruz dupla.

Esta relíquia teria pertencido ao imperador Manuel de Comnème, que a confiou ao bispo Thomas de Hiérapetra, o qual, sensibilizado com “a doçura e piedade manifesta" de Jean II, doou-lhe o precioso tesouro. De retorno a Anjou, sua terra natal, Jean II vendeu-a à abadia de la Boissière, situada nas proximidades do seu castelo, o que lhe facilitava ir venerá-la. Foi uma decisão difícil, mas Jean II estava muito endividado, pois, os nobres financiavam as expedições das Cruzadas com os próprios recursos.

Tumba com efígie de Jean II de Alluye.


Thibault IV, O Cancioneiro,
antes de partir para a Cruzada.


Durante a Guerra dos Cem Anos, em 1379, a relíquia foi guardada em segurança no Castelo de Angers por Luis I de Anjou, que nesta ocasião criou a ordem de cavalaria, “Ordem da Cruz de Anjou”, para venerá-la e protegê-la. Ao fim da Guerra dos Cem Anos em 1456, a cruz dupla retornou para a Abadia de La Boissière e em 1477, foi pela primeira vez estampada em uma bandeira, sobre as armas da Lorena.

Edificações do Castelo de Luis I, em Angers.


A insígnia da Cruz de Lorena é o símbolo da França Livre. Em 1871, a Alemanha anexou os territórios franceses da Alsácia e da Lorena e, para evidenciar a sua posição, os habitantes da Lorena adotaram como símbolo, a cruz de duas traves. Em 1940, após a convocação do General de Gaulle para a luta contra o nazismo, o Vice-Almirante Emile Henry Muselier, natural da Lorena, considerando a cruz dupla como o mais apropriado símbolo da França contra a cruz gamada pagã, propõe a sua adoção como emblema da França Livre, tornando-a o símbolo da resistência francesa.

O Vice-Almirante Emile Henry Muselier.


A cruz dupla, símbolo da Resistência Francesa.


No mesmo ano de 1940 criou-se a "Ordem da Libertação" e uma condecoração para homenagear as pessoas ou associações, civis e militares, que se destacaram na tarefa de libertação da França. A insígnia é uma espada sobre uma Cruz de Lorena preta, com fita verde e preta, simbolizando o luto da França e a esperança.


Condecoração da Ordem da Libertação.


Projetos oficiais para as insígnias da França Livre
em Circular de 13-11-1943.


Broche com a cruz dupla da França Livre.


Também o general Filipe Leclerc, adotou a cruz dupla como insígnia da Segunda Divisão Blindada afirmando, ao despedir-se da divisão em Fontainebleau, que esta insígnia seria a sua mais bela condecoração.


Insígnia da Segunda Divisão Blindada
do general Filipe Leclerc.



Prato de porcelana com o símbolo
da França Livre.


Cinzeiro de Porcelana com
homenagem ao General de Gaulle.



LA PORTE DE LA CRAFFE
Gravura em metal (Etching), por Léopold Robin (1877-1939).

Este monumental portal foi construído no final do século 14 e faz parte das muralhas que circundam a cidade de Nancy. As grandes torres gêmeas foram adicionadas no final do século 15 e eram usadas como prisões. Na pequena lanterna, no topo do portão principal, existe um sino que era tocado para anunciar as horas do dia, o início do toque de recolher e para informar a população sobre as execuções públicas. A Cruz de Lorena na fachada é uma referência à adoção do emblema pela cidade, após a vitória de René II de Anjou sobre os borgonhenses de Carlos, O Temerário, na Batalha de Nancy.



Cruz de Lorena no Portal de La Craffe
em Nancy, França.


A Cruz de Lorena foi o símbolo da Liga Católica, cujos líderes pertenciam à família  dos duques de Lorena de Guise, que impediu a França de tornar-se calvinista nas guerras de religião provocadas pelos protestantes. Amplamente representada e utilizada em emblemas e símbolos por toda a França, a relíquia da cruz dupla da "Vraie Croix" conseguiu ser preservada da fúria anticristã durante a Revolução Francesa e se encontra depositada atualmente na Capela dos Incuráveis, em Baugé (Maine-et-Loire).





A INVENÇÃO DA CRUZ


A origem e o significado da cruz dupla
e do maior simbolo do
Cristianismo

Clique na imagem para informações.



Referências:
Luís Dufaur

Martha Rubell Antigüedades & Vintage




Pesquisa, edição e publicação 
de imagens e textos:
MILTON LORENA

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