CANÇÃO DE ALCIPE

CANÇÃO DE ALCIPE

Melodia composta nos anos 30, no melhor estilo da música popular lusitana e muito executada em apresentações e concertos da típica guitarra portuguesa.  Como se trata de uma espécie de homenagem à ilustre Marquesa de Alorna, incluímos algumas informações sobre a origem do seu pseudônimo e as apresentações em vídeo dos principais executantes e divulgadores da Canção de Alcipe.


Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre
Marquesa de Alorna
*Lisboa 31-10-1750    +Benfica 11-10-1839.

Auto-retrato em óleo sobre tela, datado de 1787/1790, colado sobre painel (27 X 22 X 5cm), propriedade do Museu de Arte de São Paulo - MASP.  http://www.masp.art.br


Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre, marquesa de Alorna, passou a primeira quadra de sua vida encerrada no convento de Chelas, punida aos oito anos de idade,  por um crime que não cometeu. Na clausura, entregou-se ao estudo e à composição de poesias, que alcançaram grande fama sob o titulo de "Poesias de Chelas". Estava em voga a prática dos outeiros pela corte e os sócios da Arcádia costumavam ir até o convento, com esperança de ouví-la através das grades. Com efeito, a jovem apareceu e seu talento brilhou sobre os seus admiradores. Data desses encontros o pseudônimo Alcipe, com que eles a celebraram. E, mais tarde, ela transformaria as amarguras experimentadas na sua condição de mulher em oportunidades de luta pela liberdade, pelo direito à educação, e pela dignificação dos papéis femininos na sociedade em que viveu.


Canção de Alcipe

Durante as filmagens da película "Bocage", o cineasta Leitão de Barros encomendou ao músico Afonso Correia Leite uma melodia, para os versos de Pereira Coelho, que ficaria conhecida como "Canção de Alcipe". O filme contou com a presença de Tomás Alcaide no tema "O Amor é Cego e Vê", com música de Afonso Correia Leite/Armando Rodrigues e letra de Matos Sequeira/Pereira Coelho e divulgou sucessos musicais como a "Marcha dos Marinheiros", de Carlos Calderón. A Marquesa de Alorna integrava o elenco e foi representada pela atriz Maria Valdez. A estreia ocorreu em Lisboa, no São Luís, no dia 01 de Dezembro de 1936. Artur Paredes assistiu à exibição, harmonizou a melodia da "Canção de Alcipe" e passou a tocá-la nos seus concertos de guitarra, embora nunca tenha gravado a canção. Na década de 1960, Carlos Paredes registrou a "Canção de Alcipe" numa gravação doméstica, que Teotônio Xavier fez chegar às mãos de António Portugal. Este efetuou a 1ª gravação coimbrã do tema mas, para não desvendar como tivera acesso à obra, optou por criar o falso título "Pavana". Esta gravação figura no EP "Guitarradas de Coimbra", Alvorada, MEP 60967, ano de 1966, com António Portugal, Manuel Borralho e Rui Pato. O registro de Carlos Paredes ocorreria quase cinco anos mais tarde, no EP "Balada de Coimbra", Columbia, 8E 006 40151, ano de 1971, com Carlos Paredes e Fernando Alvim. Ambos os registros estão disponíveis em suportes atualizados e tem sido alvo de reprodução.    AMNunes

O escritor Bocage era, entre outros grandes poetas e intelectuais da época, assíduo frequentador das reuniões literárias promovidas pela marquesa de Alorna. Alude a esse relacionamento a inclusão da personagem no filme de Leitão de Barros, que teve como consequência a composição da Canção de Alcipe.

 A cantora Misia de Portugal, interpreta em seu disco CANTO, de 2003, com produção musical de Carlos Paredes a Canção de Alcipe.

Conheça esta gravação:








CANÇÃO DE ALCIPE

Música: Afonso Correia Leite
Letra: Pereira Coelho

Sozinha no bosque fui /
com meus tristes pensamentos, /
lá calei minhas saudades, /
e fiz trégua aos meus tormentos. /
Olhei então para a lua /
que as sombras já rasgava, /
e, no tremular das águas, /
seus raios soltava. /
Seus raios soltava. /
Nessa torrente /
da despedida /
vejo, assustada, /
a minha vida. /
Do peito as dores /
iam cessar, /
voa a tristeza /
torna o meu penar. /
Do peito as dores /
iam cessar, /
tornam tristezas /
a voar./



Canção de Alcipe, ao vivo com Philippe e Miguel Raposo


Veja o trabalho dos Irmãos Raposo em:




Canção de Alcipe interpretada por Carlos Paredes




Alcipe na mitologia.

O personagem mitológico Marte, para os romanos ou Ares, para os gregos, é o deus da guerra, que também participa de muitas batalhas no mundo dos mortais. E foi com a mortal, Aglauro, que Ares foi pai de Alcipe que, por sua vez, foi violada por Halirrotio, filho de Poseidon com a ninfa Éurite. Quando Ares soube, matou-o. Levado a juízo no tribunal de Areópago, foi julgado e absolvido pelos doze deuses, fato considerado como o primeiro julgamento por assassinato da história.



veja também: MARQUESA DE ALORNA - A Alcipe Lusitana

2 comentários :

duo raposo disse...

Interessante esta pesquisa sobre o personagem de Alcipe; conhecemos agora também o histórico da musica relacionada com o respectivo personagem. Parabéns ao Milton e um grande obrigado por estudar bem e divulgar todas estas interessantes questões.

Henrique Raposo

milton lorena disse...

Obrigado Henrique
Nós é que devemos agradecer a presença do Duo Raposo com sua brilhante interpretação da Canção de Alcipe a valorizar o nosso modesto trabalho.