LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
A literatura de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentos artigos sobre história, ciências, humor, crônicas locais, crítica, política e religião, que publicou como cronista do Jornal “O Cachoeirense”. Ao professor e jornalista José Maurício do Prado, o nosso agradecimento pelo acesso aos originais.
Jornal “O Cachoeirense” Ano II, Ed.Nº. 57, 19 a 25 de junho de 1978.
NÃO HÁ NADA DE NOVO SOB O SOL
NELSON LORENA
O título deste artigo revela a profundidade filosófica do sábio Rei Salomão, já evidenciada em seus provérbios e na conhecida justiça ao julgar a disputa de uma criança por duas mulheres que se diziam sua mãe. Disse o mais sábio rei. “O que é o que foi? É o mesmo que há de ser. O que é que se fez? É o mesmo que se há de fazer. Ninguém pode dizer: Eis aqui uma coisa nova e isto porque ela já houve nos séculos que passaram antes de nós.” Sua sabedoria o engrandece e é de se lamentar que houvesse subido ao trono por meios tão escusos, criminosos mesmo mas, deixemos as falhas humanas, perdoáveis ao homem de talento. “Não há nada de novo sob o sol.” De fato, grandes tesouros, portentos de invenções científicas, foram destruídos nas guerras de conquistas e os segredos de seus processos de construção, desaparecidos. Cavou-se assim um abismo de ignorância, que os séculos vêm transpondo lentamente. Há, e não sabemos por que, mentalidades que se modificam para pior. Até mesmo a estética urbana, em várias cidades que conhecemos onde as fachadas das construções dão beleza e graça às ruas, vão desaparecendo atrás de gradis, à guisa de paliçadas, ou de muros altos no estilo feudal, como se ameaçados estivéssemos por legiões de vândalos. Sob as patas dos cavalos dos conquistadores, perderam-se magníficas invenções antepassadas. O vidro colorido e o alumínio já eram industrializados em Cartago, o vidro maleável também, em Roma, no tempo de Augusto. Numa cidade da Costa Rica ao tempo da civilização Maya, foram encontrados vasos de porcelana finíssima e leve, transparentes e coloridos, inclusive um de três metros de altura por um, de diâmetro, e que poderia ser facilmente levantado por uma criança de dez anos. Na índia há uma coluna de sessenta metros de altura, construída há quatro mil anos, toda metálica, sem soldagem e nenhum vestígio de corrosão, inoxidável que é. Os técnicos recuam diante da solução impossível do problema, considerando a época da sua construção. Na Noruega foram encontrados restos de um barco Viking, enterrado que estava há novecentos anos, cujos pregos não apresentavam vestígio algum de ferrugem, o processo de inoxidação do ferro já era conhecido pelos indianos e pelos vikings quando da exploração da Islândia e América do Norte. Fenícios e Romanos já fabricavam o vidro flexível e colorido e seis séculos antes de Cristo, os egípcios já protegiam suas casas com pára-raios de cobre. A própria Arca do Tesouro, que um escravo, ao tocá-la, morreu fulminado na história bíblica, diz-se que continha condensadores elétricos, já do conhecimento de Moisés, mil e seiscentos anos antes da era cristã. E somente em 1746 é que Leyde os descobriu. Os chineses, há dois mil anos já conheciam a máquina de calcular, fazendo as quatro operações. Nenhum cientista pois, pode se vangloriar ao afirmar: “Eis uma coisa nova, porque ela já houve nos séculos que passaram antes de nós.” Parece–nos até que os mortos voltam, desenterrando as belas coisas que a maldade humana soterrou.
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