LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano V, edição nº.217, de 03 a 09 de agosto de 1981.
PROBLEMAS MUNICIPAIS
NELSON LORENA
Segundo o noticiário do jornal da terra “O Cachoeirense”, o antigo Teatro Municipal, ocupado pelo Museu Histórico Costa Junior, voltará a funcionar com a finalidade a que foi construído. Para tal fim a Prefeitura transferiu o acervo do Museu para o antigo prédio da Prefeitura na Rua Bernardino de Campos. Há poucos dias fizemos uma visita às novas instalações do Museu. Embora em fase de reorganização, causou-nos boa impressão pelo asseio, insolaridade, situação do prédio, aspecto, necessitando ainda de ampliações que deverão ser feitas para a acomodação de todos os elementos que constituem o seu patrimônio. O edifício, outrora residência do deputado Oliveira Braga, foi palco de uma das violências que a politicagem gerava em Cachoeira, aliás, como em todo o mundo. O fato é curioso e embora à margem de nosso assunto é digno de relembrança. O Dr.Braguinha descansava em sua sala de visitas, quando Antonio Albino, trabalhador do Depósito de Máquinas, a troco de uma égua arreada, atirou um petardo de dinamite que caiu perto da cadeira em que estava o deputado. Este, pega a dinamite, chiando, e a atira à rua onde estava na calçada o seu afilhado Roldão que, ao tentar pegá-la, teve seu braço arrancado. Voltando ao assunto, mais tarde ali foi sede do Clube União, que possuía uma ótima biblioteca, freqüência selecionada e onde a orquestra dirigida por meu pai mantinha os bailes e festividades; posteriormente foi Prefeitura. Quanto ao nosso Teatro, está em reformas e espera-se, para breve, segundo declarou-nos o Sr.Prefeito, sua re-inauguração, digna de nosso povo e da memória daqueles que no passado fizeram sua glória e grandeza. Companhias havia que, entre 1895 e 1896, chagaram a dar cinqüenta e duas representações e sua inauguração festiva e faustosa atraiu forasteiros das cidades vizinhas. Há muito tempo já, em administrações passadas, fizemos esforços junto a quem de direito, sem solução de continuidade, para que a tradição e o esplendor do nosso Teatro permanecessem na posteridade, voltando à sua fachada a inscrição “Theatro Municipal”, lamentavelmente arrancada. As despesas com a remodelação do Teatro, segundo verificamos “in loco”, serão vultosas, mas estamos certos de que o Jair, nosso Prefeito, conseguirá a verba, pois, como ele, nem mesmo o Delfim! E talvez ainda vejamos novamente as peças de João Gaia, Agostinho Ramos, Alberto de Barros, Ovídio de Castro, com gente nossa, cenografia nossa, argumentos nossos e músicas nossas.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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