“Manter viva a memória de nossos antepassados é perpetuar no futuro a gratidão àqueles que construíram a estrada do presente, pela qual transitamos”. NELSON LORENA
NELSON LORENA
O Artista Cachoeirense
*21-07-1902 †06-07-1990
Jornal “O Cachoeirense” Ano XIV, edição nº. 632, de 09 a 20 de julho de 1990.
CACHOEIRA PAULISTA PERDE SEU ARTISTA:
VULTOS DE CACHOEIRA
NELSON LORENA foi, assumidamente, um homem do seu tempo. Um filho da terra e do céu, lançado na aventura da humanidade como um Ser exemplar, um privilegiado, no amplo significado deste conceito. Sua sabedoria e seus ensinamentos manifestaram-se entre os inúmeros talentos que naturalmente o consagraram, como os atributos do espírito predestinado para a condução e o conforto de quantos o circundaram em sua caminhada terrena. Reencarnacionista convicto, não pode o seu mérito ser menor do que haver superado a lei evolutiva do Retorno e ter confirmada pela Suprema Justiça, a conquista da sua derradeira Paz. E assim foi que, deixando-nos a vagar por um vazio imenso, embora repleto de suas obras imorredouras, galgou finalmente às etéreas esferas, laureado com os esplendores de sua imortalidade. Seria necessário, contudo, que transitasse pelos espinhosos desfiladeiros da realidade vivida, que amasse e sofresse, que lutasse e vencesse as veredas de sombras, iluminando-as sob seu rastro de luz. Nelson Lorena foi, indiscutivelmente, o expoente máximo da 4ª geração de músicos extraordinários e artistas que constituíram a família Lorena, de Cachoeira Paulista. Trabalhar na compilação de suas crônicas e na organização de suas obras, disponibilizá-las no espaço virtual, levando-as ao reconhecimento das presentes e futuras gerações de amigos e admiradores, foram a minha maior felicidade. E, como nos ensina o Eclesiastes, "tudo tem seu próprio tempo", deixo-lhe ao meu tempo, um humilde tributo de carinho e de indescritível saudade nesta modesta e sincera homenagem.
MORREU NELSON LORENA
No dia 06 de julho p.p., faleceu nesta cidade o Professor Nelson Lorena. Artista múltiplo, deixa sua marca no panorama artístico do Vale do Paraíba, em especial, em sua amada Cachoeira Paulista. Entre suas obras destacamos, a música do Hino Oficial da Cidade, o monumento ao Soldado Constitucionalista na Praça Prefeito Prado Filho, o monumento ao Príncipe Dom Pedro, o monumento à Libertação dos Escravos, a estátua do mendigo Tonhão, além de inúmeras pinturas, esculturas, músicas, artigos em diversos jornais, etc.. Nelson Lorena faria 88 anos no próximo dia 21 de julho. Deixa esposa, filhos, netos e bisnetos, muitos deles procurando seguir o exemplo de sua arte. Cachoeira Paulista e a nossa Cultura estão de luto.
A REDAÇÃO
HOMENAGENS PÓSTUMAS
Jornal “O Cachoeirense” Ano XIV, edição nº. 633, de 21 a 29 de julho de 1990.
NELSON LORENA
Por Dilah Lorena (filha)
Por Dilah Lorena (filha)
Sempre o conheci assim: cabelos brancos, enrugado, lindo e incansável. A mais pura coragem. Nelson Lorena...! Quando via esse Homem de 87 anos percorrendo as ruas de sua Cachoeira, numa azáfama incessante, pleno de energia e sabedoria, pensava que ele era o Único. Tentava descobrir, de onde ele tirava tanta força para edificar, construir e embelezar esta terra. Nunca conheci alguém que tivesse tanto, mas tanto orgulho, de sua alma de Cachoeirense. Apesar de todos os contratempos e desilusões, coisa normal para quem viveu tanto, ele sempre procurou dar de si o melhor para Cachoeira. Aqui ele esteve enraizado, como a mais antiga árvore existente. Frutífera, sempre! Longe das grandes cidades, dos computadores, de todas as teclas criadas pelos homens, ele se fez, único. E as únicas teclas que conhecia eram as de sua velha máquina de escrever.
Ouvindo sua sábia voz, quase podíamos crer que realmente existia um tesouro ao pé do arco-íris, não no fim mas, no início que era, sim, aqui ao seu lado. Conversando com ele era possível viajar por Cachoeira, desde sua primeira capelinha, e amar as transformações desta terra. Tal era seu amor por Cachoeira, que quase nos convencia de que era aqui o paraíso. Nu de artifícios, ele sempre se arriscou em uma afirmação de esperança. Vencendo as barreiras, descobria o infinito e trilhava a amplidão com seus pensamentos. Sempre quis descobrir, que estranha bandeira de força era aquela que o envolvia, que o fazia estar sempre cheio de energia e sabedoria. Que força era aquela que o tornava único e, ao mesmo tempo, muitos. Apesar do inverno nos seus cabelos, havia uma primavera sem fim em sua alma. E, ele criava e descobria, seus sonhos sempre nascendo e crescendo. Era um combatente nato e sua grande força, a vontade de realizar, de ser, de estar, de fazer a vida mais simples, mais bonita, produtiva e infinita... Desse Homem, de Nelson Lorena, o seu legado é a coragem, a sua lição é a perseverança, a sua arma é o Amor. Nesse Homem, em Nelson Lorena, corriam nas suas veias as águas límpidas de um Paraíba ecológico e batia-lhe no peito a Cachoeira mais linda que nossos olhos pudessem ver. Hoje, livre das limitações, Nelson Lorena viaja com asas translúcidas e ousadas, pleno de luz, pela Via Láctea de outras vidas. E nós, Nelson Lorena, ainda continuaremos aqui, deslumbrados pelo brilho sem par de um cometa qualquer que habita em Você. Eternamente presente, puramente, ao tempo, dirão o menino, o velho e a semente: “Como foi bom contarmos com Você”.
DILAH LORENA, Julho de 1990
“O Cachoeirense” Ano XV, edição nº. 679, de 09 a 18 de julho de 1991.
VULTOS DE CACHOEIRA
Por F.M.Romeiro
PROFESSOR NELSON LORENA
Aprendi a admirá-lo, quando aqui aportei nos idos de 1951, pela sua capacidade de em tudo colocar o entusiasmo, a força de vontade e, creio mesmo, o sentimento mais alto, o Amor. Foi-me apresentado pelo saudoso Plácido Guedes, coletor estadual, o homem do colete branco e que, diariamente, lavava a calçada da Coletoria. Nelson Lorena, como foi bom tê-lo conhecido, o grande pensador cachoeirense com atributos de poucos, as luzes do espírito. Privilégios que não faltaram ao nosso personagem: letras, música, pintura, cinzeladura e arquitetura ornaram a vida desse homem simples, autodidata, mas acima de tudo profundamente humano. Não tínhamos uma convivência constante no dia-a-dia mas, aquecida ao desenrolar do tempo. Saboreava minuto a minuto a sua presença. Tinha sempre uma palavra de elogio e incentivo para comigo. Nas letras, suas crônicas estampadas neste jornal foram sempre voltadas para o Amor e para a Paz. Na escultura vamos encontrá-lo no Monumento ao Soldado Constitucionalista, erigido na Praça Prado Filho e inaugurado no dia 07 de setembro de 1936. É o símbolo da Cidade, como a Estátua da Liberdade na grande metrópole norte-americana. Encontramo-lo ainda, no busto do “Tonho Ferreira”, na Mãe Preta, no Tonhão Barbudo, no Dom Pedro ali junto a Rodoviária. Na música, como a perpetuar sua memória, através da inocente voz de todas as crianças que passam pelo suntuoso “Paulo Virgínio” ao cantarem o seu Hino, bem como o dedicado à Cachoeira – Minha Terra Pequenina.
Na pintura, entre tantas, na Galeria dos Presidentes da Câmara, no teto da igreja Matriz de São Sebastião e no postal reproduzindo a inauguração da Estação Ferroviária, cartão esse que tive a satisfação de mandar para amigos quando estagiários em Montreal no Canadá. Na arquitetura relacionamos o prédio da União Espírita Cachoeirense, o Asilo Antonio de Pádua, a Vila Nhá Gé, a adaptação do prédio para o funcionamento do Ginásio Valparaíba, hoje Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Ocupou o cargo de Presidente e outros por diversos anos na União Espírita Cachoeirense. Criador do Museu Maestro Lorena. Cantou em versos, o não menos saudoso professor Agostinho Ramos: “Nelson Lorena, seu poder aumenta, na música, pintura e no pensamento”.
“O Cachoeirense” Ano XV, edição nº. 680, de 19 a 31 de julho de 1991.
SAUDADE
Por Hilda Lorena (neta)
Onde andará aquele velhinho, que tanta saudade me traz? Saudade dos seus abraços apertados, dos carinhos que me fazia, dos conselhos que me dava. Saudade do ruído dos seus passos vacilantes, pelo cansaço de seus quase oitenta e oito anos, quando vinha à casa de meus pais para ler o seu jornalzinho. Saudade das pilhérias que gostava de contar, assim como fazia o seu pai. Saudade de quando caminhava ligeiro pelas ruas da cidade que muito amou e que por ela tanto fez. Saudade de suas crônicas, publicadas n’O Cachoeirense, de suas músicas que cantarolava, de suas pinturas, de suas esculturas, procurando, com seu bairrismo sadio, tirar Cachoeira do ostracismo e projetando-a no cenário Valeparaibano. Saudade de seus passeios com papai, observando o crescimento da cidade, revendo em cada canto as marcas de sua passagem por esta terra de Sebastiana de Tal e sua também, e que espero por muito tempo sejam lembrados. Saudade sentida por todos os que conviveram com você e aprenderam a respeitá-lo com era. Saudade de suas mãos trêmulas, que tantos trabalhos maravilhosos realizaram. Saudade de um “passado que não torna jamais”. Saudade de poder chamá-lo meu querido avô, Nelson Lorena.
“O Cachoeirense” Ano XV, edição nº. 681, de 01 a 10 de agosto de 1991.
ASSIM, EU VI NELSON LORENA
Por Maria M.Fagundes Lorena (neta)
A neve pairava já sobre seus poucos cabelos; o bigode, como uma decoração da própria natureza, triste e bela, a combinar, em arranjos, com sua boca pequena. Suas mãos, o quanto pouco me tocaram, pude senti-las, trêmulas e macias como foram já um dia e como em uma magia me diziam: mãos de muitas obras, mãos de muitas bênçãos. Com os meus vinte e poucos anos, admirei-o num silêncio longínquo; suas palavras sábias, dirigidas aos filhos em uma noite de Natal, puderam me proporcionar tamanha paz e mostrar-me seu ideal de vida. Quão grandes foram essas palavras, que ainda em mim permanecem. A natureza, justa ou injusta com a matéria, através de sua cabecinha branca, marcada pelo tempo, expunha-me uma alma límpida, como água cristalina. E, ver isso foi tocante, profundo. Eu o vi assim! Oitenta e tantos anos, olhava para mim com um sorriso sincero e com elogios que lhe vinham da alma, chegava sempre com brincadeiras peraltas, quase como um menino glosador, brincalhão, porém, sábio. Tenho saudades de suas cantarolas, de seus versos e poesias, que pude presenciar, dias e dias, sentado em uma varanda. Ali, sua sabedoria transbordava, tamanho era seu conhecimento. Eu vi e Cachoeira, minha terra, viu, seus passos apressados que vinham e iam por suas ruas, sonhando e realizando por ela. Seus versos, suas músicas, irão ecoar por tempos sem fim por nossa terra e pelos filhos de Cachoeira, sua arte poderá ser vista sempre e suas sensibilidades sentidas, à pele de todos aqueles que direta ou indiretamente o amaram. É uma canção, um coração para corações, que ri ou chora. Mas para você, tudo de bom, meu riso, meu encanto, meu abraço, minha saudade. Ah! Saudades, um dia só como se fosse, foi tão pouco que nem ao menos pude acordar, foi apenas um sonho. Você passou, com tudo de certo e de errado que pode imaginar o ser humano e, nesta imensidão do céu com seu mistério, o consolo de uma vida eterna e serena. Por isso, ainda o vejo, no céu, no vento, nas flores, um pedaço seu em cada fruto que deixou. Pude retratá-lo com amor na memória, que só o tempo, como o fogo, um dia se apagará. Mas eu o vi, e o vejo assim: na música, no verso, na poesia, no canto, na escultura, na pintura, na arte enfim, eternamente Nelson Lorena. Cachoeira, vagarosamente, cresce e continuaremos a vê-lo, através do mais alto e angelical degrau das obras que Deus deixou ao homem, a simplicidade e a profundidade do Artista.
“O Cachoeirense” Ano XV, edição nº. 681, de 01 a 10 de agosto de 1991.
UM OUTRO MARCO
Por Ney Lorena (filho)
“Marcos que o tempo não consome”, crônica de Nelson Lorena publicada neste Jornal, recentemente republicada em momento oportuno pelas datas que encerra, é um tributo de admiração e reconhecimento a “meu extraordinário Pai” e a valores incontestes de nossa terra. Comparando-se a um “velho soldado”, entrega-se às suas lembranças, revivendo nuances da história de cada um dos “marcos” que encontra à beira do caminho que percorre. VINTE E UM DE JULHO. Não houvesse a mão implacável do destino afastado o Nelson de nosso convívio, estaria ele neste dia sendo felicitado pelos seus 89 anos de vida. Como o filho que mais tempo o acompanhou em sua caminhada, recordo os dias felizes passados a seu lado, acompanhado de uma saudade que fere fundo, mas que não quero reprimir, eternizando em meu pensamento a imagem do pai, do amigo, do irmão. Vejo agora, à beira do caminho por ele percorrido, um “outro marco”, que se ergue ao lado dos por ele mencionados: Alberto de Barros, Monsenhor Machado, Agostinho Ramos, Darwin do Prado e, à sua sombra, vislumbro o “velho soldado”, o funcionário da Central do Brasil, chefe de uma pequena família de vida simples e feliz. Faz-se autodidata, lendo, de preferência, história, ciência, filosofia, religião, dedicando-se à música, à pintura, à escultura, à cenografia, à arquitetura e ao jornalismo. Prossegue sua jornada sob um céu claro e azul, até que nuvens escuras e sombrias prenunciam a tempestade, que se desencadeia sobre aquele grupo feliz. Amainada a fúria dos elementos, sua companheira querida havia sido tragada pela voragem do temporal. Ferido pela adversidade, o viajor deixa à beira do caminho seus sonhos de amor e aventura, suas ilusões destroçadas na luta inglória. Juntando o que restou, reinicia sua caminhada. Seu trompete, instrumento que tocava com maestria, por incontáveis vezes, alegrando os bailes, as domingueiras, as retretas, os carnavais, a banda de música, ouvido por gerações de cachoeirenses, emudeceu. O tempo passa...! Procura reorganizar sua vida, e novos encantos vêm povoar sua fustigada existência. Adotando a divisa “Eu penso, Eu quero, Eu faço”, procura amenizar no trabalho a dor das desilusões sofridas, deixando ao longo do caminho, as marcas indeléveis de suas pegadas em cada canto da sua cidade, usando as artes que abraçou e os dons que Deus lhe confiou. Teve na música, a mais bela das artes, sua eterna companheira desde a infância até o ocaso de sua vida, compondo, nos mais variados estilos e ritmos, suas belas canções. Soube cultuar com dignidade a herança deixada por seu “extraordinário Pai”. Sinto orgulho por ser seu filho e feliz por saber que outros reconhecem em Nelson Lorena, mais um “Marco que o Tempo não consome”.
“O Cachoeirense” Ano XVIII, edição nº.756, de 08 de agosto de 1994.
VINTE E UM DE JULHO
Por Ney Lorena (filho)
Quatro anos se passaram. Quatro anos de ausência e saudades, hoje 21 de julho, Nelson Lorena estaria completando mais um ano de vida, se entre nós estivesse. Estivemos imaginando, há 92 anos passados, uma noite como a de hoje, iluminada pelo luar, os brilhos fulgurantes de Júpiter e Vênus e a constelação do Escorpião a adornar o caminho percorrido pelo espírito que viera dar vida àquela criança que acabava de nascer. Seus pais deveriam estar radiantes de alegria pelo nascimento do filho. Afinal, era o primeiro menino da família, após três meninas. Não imaginavam, porém, que ali estava uma criança que viria a ser um orgulho para os Lorena e para a cidade que a viu nascer. Desde muito cedo despontaram seus dons artísticos, que não puderam ser aprimorados em escolas por falta de recursos financeiros. Com tenacidade e esforço próprio desenvolveu esses dons, dedicando todo o seu trabalho em benefício de sua terra, procurando projetá-la no Vale do Paraíba. Sua dedicação foi reconhecida e demonstrada pelas homenagens recebidas da Prefeitura e da Câmara Municipal, do Governo do Estado de São Paulo, de Entidades Filantrópicas, Escolas e do povo de Cachoeira, que tem em Nelson Lorena um exemplo a imitar, principalmente entre as novas gerações. Um Homem que nasceu, “não para ser mais um, mas para ser útil à sociedade em que viveu”. Esta é uma homenagem que a ele prestamos nestes 21 de julho, descolorida, porém, sincera, pelo muito que significa seu nome para nossa terra e para os que sempre o amaram e o trazem vivo em sua memória.
“O Cachoeirense” Ano XX edição nº.796, de 20 de julho a 05 de agosto de 1996.
VINTE E UM DE JULHO
Por Ney Lorena (filho)
“O homem vale pelo seu trabalho, com reflexo nas obras que realiza, na sua conduta, no seu caráter, no lar que edifica, na família que constrói, no bem que faz.” Entre estes situamos nosso extraordinário Pai que soube, com dignidade, usar os dons que Deus lhe confiou em benefício da terra que o viu nascer. Seus trabalhos, na escultura (constantemente mutilados em atitudes condenáveis e incompreensíveis), na pintura, no jornalismo, na música, na educação e na arquitetura são reconhecidos pelos poderes públicos municipais, entidades educacionais, recreativas, filantrópicas e também por pessoas que amam esta terra e que lhe prestam homenagens. Adotando o lema “Eu penso, eu quero, eu faço”, triunfou em todas as iniciativas em que dependeu somente de si mesmo, fracassando, às vezes, quando dependia de terceiros. Assim, acalentou entre outras idealizações um sonho, durante cinqüenta anos, lutando através da imprensa e junto aos poderes municipais pela construção de um parque municipal, próximo ao Rio Paraíba, onde o povo tivesse uma área de lazer, trazendo à cidade um aspecto mais belo e acolhedor. Teve a satisfação de ver esse trabalho iniciado e, comovido, vaticinou: “É uma pena, não verei a sua conclusão”. Falta ainda alguma coisa do projeto elaborado por ele mas, aos poucos, o velho sonho do Nelson vai se realizando. Seu objetivo está sendo alcançado, pois, temos presenciado no local, além da afluência costumeira de nossa gente, a visitação de pessoas de cidades vizinhas. Fizemos e doamos ao parque, que hoje tem o seu nome, a imagem desse cachoeirense de raro valor. Embora fria, sem vida e com defeitos próprios de um amador mas, justificáveis pelo amor com que foi feita, relembra o seu aspecto físico. Entretanto, é na música, considerada por ele a mais bela das artes, que o sentimos reviver. A execução, por nossa banda, do Hino de Cachoeira, que compôs, é sempre motivo de emoção para nós, recordando-nos o passado, trazendo-nos a sua presença e o seu calor, ausente da imagem do parque. Dizia ele: “Manter viva a memória de nossos antepassados é perpetuar no futuro a gratidão àqueles que construíram a estrada do presente pela qual transitamos”. E é assim que nestes 21 de julho, dia em que o estaríamos abraçando por mais um aniversário, procuramos relembrar algumas atividades de sua vida, marcando sua passagem pela cidade que soube amar como um bom filho, dando às novas gerações que se interessam pelas coisas de nossa terra, um exemplo a imitar. Sentimo-nos orgulhosos e felizes pelo Pai que tivemos, pelo lar que ele soube construir com nossa querida mãe, pelo amor que nos deram, pela herança que nos deixaram. Somente nos fere, a saudade que ficou.
MINHA HOMENAGEM
Por Milton Lorena (sobrinho)
Eclesiastes, 3:
1 Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa
debaixo do céu:
2 tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de
arrancar o que se plantou;
3 tempo de matar e tempo de curar; tempo de destruir e tempo de
construir;
4 tempo de chorar e tempo de rir; tempo de lamentar e tempo de
dançar;
5 tempo de espalhar pedras e tempo de as ajuntar; tempo de abraçar
5 tempo de espalhar pedras e tempo de as ajuntar; tempo de abraçar
e tempo de se afastar dos abraços;
6 tempo de procurar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo
6 tempo de procurar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo
de jogar fora;
7 tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de
7 tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de
falar;
8 tempo do amor e tempo do ódio; tempo da guerra e tempo da paz
8 tempo do amor e tempo do ódio; tempo da guerra e tempo da paz
Concepção poética para a Lei do Eterno Retorno em canção
inspirada no Eclesiastes e interpretada pelo grupo The Birds,
em gravação de 1965.
Voltar, voltar, voltar
Turn, Turn, Turn
Para todas as coisas - voltar, voltar, voltar
To everything - turn, turn, turn
há uma época - voltar, voltar, voltar
There is a season - turn, turn, turn
e há tempo para cada propósito sob o céu
And a time for every purpose under heaven
Há tempo para nascer, há tempo para morrer
A time to be born, a time to die
Há tempo de plantar, há tempo de colher
A time to plant, a time to reap
Há tempo para matar, há tempo para curar
A time to kill, a time to heal
Há tempo de rir, há tempo de chorar
A time to laugh, a time to weep
Há tempo para construir, há tempo para quebrar
A time to build up, a time to break down
Há tempo para dançar, há tempo para lamentar
A time to dance, a time to mourn
Há tempo de espalhar as pedras
A time to cast away stones
Há tempo de reunir as pedras novamente
Há tempo de reunir as pedras novamente
A time to gather stones together
Há tempo de amor, há tempo de ódio
A time of love, a time of hate
Há tempo de guerra, há tempo de paz
A time of war, a time of peace
Há tempo de poder abraçar
A time you may embrace
Há tempo de evitar abraçar
A time to refrain from embracing
Há tempo de ganhar há tempo de perder
A time to gain, a time to lose
Há tempo de lacerar, há tempo de coser
A time to rend, a time to sew
Há tempo para amar, há tempo para odiar
A time for love, a time for hate
Há tempo para paz, eu prometo, nunca é tarde demais!
A time for peace, I swear it's not too late!
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
Veja também:
NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE
A ARTE DE NELSON LORENA
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