O DUQUE DE LORENA RENÉ II D’ANJOU


RENÉ DE LORENA 

Tornou-se René II d’Anjou, duque de Lorena em 1473, aos 22 anos, e foi protagonista de dois importantes feitos históricos. Derrotou as pretensões expansionistas do poderoso duque de Borgonha e transformou o pequeno ducado da Lorena em um estado independente. Foi patrocinador e responsável pela nova configuração cartográfica que superou os conhecimentos de Ptolomeu e reconheceu a América, como um novo continente.




RENÉ II D’ANJOU DUQUE DE LORENA
*Angers, 02-05-1451       †Fains-Véel, 10-12-1508

René de Lorena, nasceu em Angers aos 2 de maio de 1451, filho de Frederico II de Lorena e Yolanda d'Anjou. Passou a juventude na corte do avô, René I d'Anjou, entre Angers e Provence, recebeu uma boa educação, falava fluentemente o latim, era um humanista e tinha grande interesse em letras, artes e ciências, incluindo a Geografia. Proveniente da Casa ducal da Lorena, sucedeu a seu pai em 1470 no condado de Vaudemont e herdou a capitania de Angers de seu tio, capitão feitor e Governador de Anjou. Em 1473, quando morreu Nicolas d'Anjou, duque de Lorena, o ducado passou para sua tia, Yolanda d'Anjou, mãe de René, que o transmitiu imediatamente ao filho.



O jovem duque de Lorena, René II, a cavalo.
Miniatura do manuscrito "La Nancéide" de Pierre Blarru.
Fim do século XV, Coleção do Museu da Lorena, Nancy.


René II resfriou-se quando caçava, próximo de Fains-Véel e morreu, provavelmente, de pneumonia, em 10 de dezembro de 1508, aos 57 anos de idade. Seu túmulo, em estilo flamboyant se encontra, junto aos de diversos duques da Lorena, na Igreja dos Franciscanos, em Nancy.



Igreja dos Franciscanos (des Cordeliers) em Nancy.



CASAMENTO E FILHOS

René II d’Anjou se casou em Angers aos 9 de setembro de 1471 com Jeanne d'Harcourt, Condessa de Tancarville (†1488), filha de Guilherme de Harcourt, Conde de Tancarville e Visconde de Melun e Yolanda de Laval. Em 1485, certificando-se de que ela não poderia dar-lhe herdeiros, repudiou-a.

Casou-se novamente em Orleans, em 1º de setembro de 1485, com Filipa de Guelders (1465-1547), filha de Catarina de Bourbon e teve com ela os filhos:

• Charles (1486 †)

• Francis (1487 †1487)

• Antoine II, duque de Lorena e Bar (1489 † 1544), casado em 1509 com Renée de Bourbon-Montpensier (1494-1539)

• Anne (1490 †1491)

• Nicolas (1493 †)

• Isabelle (1494 †1508)

• Claude de Lorena (1496 †1550) Conde de Harcourt, d’Aumale, Barão d'Elbeuf e de Mayenne e senhor de Joinville, em 1513, foi o 1º Duque de Guise (1496-1550), ao se casar com Antonieta de Bourbon-Vendôme, Duquesa de Guise, inicia-se a Casa de Guise.

• Jean (1498 †1550), cardeal, bispo de Toul, Metz e Verdun

• Louis (1500 †1528), bispo de Verdun, em seguida, Conde de Lorena.

• Catherine (1502 †)

• Francis (1506 †1525 em Pavia), conde Lambesc




René II d'Anjou e a duquesa Filipa de Guelders com seus filhos.
Vita Christi por Ludolphe le Chartreux, 1506.Biblioteca Municipal de Lyon, manuscrito ms 5125, folio 3v._Le duc René II Breviario do duque René II de Lorraine.

René II é o ancestral dinástico, por Antoine, seu filho varão mais velho, da Casa de Habsburgo-Lorena, após o casamento de seu descendente na 9ª geração, Etienne François, duque de Lorena Imperador Germânico, com a arquiduquesa Maria Teresa, rainha da Hungria e Bohemia. É também o ancestral da mesma casa por seu filho, Claude, nos ramos secundários. Seus descendentes são encontrados em todas as outras casas reais da Europa


Moedas de Bronze com as efígies de René II e Filipa de Guelders.

RENE II AND PHILIPPA OF GUELDERS

Do catálogo de ST. URBAIN, Ferdinand de Lorena, ca. 1720, Bronze, 47 mm. Obv Bust (r) RENATVS. II. D. G. REX. SICILIAE. IER. LOTH. DVX. Rev Bust (l) PHILIPPA. A. GEL. REG. SICIL. IER. LOTH. DVCISSA. Ref From the Series of the Dukes and Duchesses of Lorena. Forrer V, p.310 #45; Mirnik #27



TÍTULOS DE NOBREZA DE RENÉ II

• Conde de Vaudémont (1470-1508), herdado de seu pai, anexou este condado ao ducado de Lorena.

• Conde de Aumale e barão de Elbeuf (1473-1508), por herança de seu tio.

• Duque de Lorena (1473-1508), título outorgado por sua mãe que o herdou do sobrinho, Nicolas de Lorena.

• Sire de Joinville (1476-1508), por herança de seu irmão.

• Duque de Bar (1483-1508), título recebido de sua mãe por herança de seu pai, René I d'Anjou.

• Barão de Mayenne (1481-1508), herdado de seu primo.

• Ele reivindicou a coroa do Reino de Nápoles e o Condado de Provença como Duque da Calábria (1480-1493) e como Rei de Nápoles e Jerusalém (1493–1508).




ARMAS DE RENE II D’ANJOU,
Duque de Lorena (1473-1508)

René II d’Anjou, duque de Lorena entre 1473 e 1508, protagonizou seu maior feito de armas, tendo derrotado e morto, Carlos, o Temerário, na Batalha de Nancy, em 1477. O Ducado da Lorena tinha sido capturado por Carlos, o Temerário, duque de Borgonha após a invasão de Nancy, em 24 de novembro de 1475. René II associa-se ao rei da França, Luis XI que assina tratados com a Suíça, com o Rei Eduardo IV de Inglaterra e o Imperador Frederico III da Estíria, isolando Carlos o Temerário. René II, conseguindo que a Suíça lute ao seu lado derrota Carlos, o Temerário em Grandson, em 2 de março de 1476, e depois em Morat, em 22 de junho de 1476, onde foi despedaçado o seu exército e inutilizada a sua artilharia.

René II retoma Nancy, em 22 de agosto de 1476, mas Carlos, o Temerário, à frente de um novo exército invade a Lorena, em outubro e as tropas aliadas de René II e Campobasso, vindas de Luxemburgo, não conseguem impedi-lo. Assegurando-se de que os habitantes de Nancy podiam controlar a cidade sitiada, René II parte para buscar reforços na Alsácia e na Suíça. Ao retornar, em 5 de janeiro de 1477, comanda a célebre Batalha de Nancy onde Carlos, o Temerário, foi morto.

O Ducado da Lorena entra para a história como um estado independente a partir de 1477, torna-se uma potência militar considerável, é organizado administrativamente, estabelece as suas leis e costumes, por escrito, e René II reconstrói magnificamente o centro simbólico de seu poder, o Palácio Ducal de Nancy.





Portal de La Craffe em Nancy


Efígie do duque René II d’Anjou, no Portal de la Craffe,


Estátua eqüestre na Place Saint-Epvre, Nancy.


Vista da Place Saint-Epvre, Nancy.


Monumento à vitória
Place de la Croix de Bourgogne, em Nancy.


Renatus a civibus intra Nanceium exceptus. Ea illi reddita a Burgundis.

René II na retomada da cidade de Nancy aos bourguignons, em 1476. Gravura do "Liber Nanceidos" (La Nancéide) de Pierre de Blarru, 1519, impresso por Pierre Jacobi, em Saint Nicolas de Port. Acervo da Biblioteca Diocesana de Nancy.


A gigantesca Basílica de Saint-Nicolas-de-Port.
Sua construção foi ordenada por René II, após a vitória.

Rene II tinha apenas 25 anos quando em maio de 1476, consegue atravessar a cidade de Port, cuja população lhe demonstra lealdade e parte em busca de tropas na Suíça e na Alsácia para reconquistar a sua Lorena. Ao retornar, no inicio de janeiro de 1477, realiza um conselho de guerra na igreja de Saint-Nicolas-de-Port e do alto das torres acende fogos para avisar aos sitiados em Nancy, que ele vem em seu socorro. Ao amanhecer de 5 de janeiro, Rene II e toda a nobreza de Lorena fazem uma missa solene cantada alto diante do Senhor Saint Nicolas e partem para libertar Nancy. Já era tempo, os nancienses haviam juntado na Place des Dames, os ossos de cavalos, cães e gatos que haviam servido de alimento durante o cerco. Após a vitória retumbante, e em testemunho de gratidão, Rene II iniciou a construção da monumental basílica de St. Nicolas. A construção começou por volta de 1481 e terminou em 1544, e as torres, provavelmente em 1560. Com a basílica, a cidade cresceu, construiu um hospital, moinhos e os comerciantes reuniram-se lá. E logo se tornou o grande centro comercial e espiritual de Lorena.


René II restaurou o Palácio Ducal de Nancy, onde viveram os seus pais, que estava em péssimas condições de conservação.


Fachada sobre o portal de entrada do Palácio Ducal.


Balcão do Palácio Ducal
com o cardo em um nicho sobre a janela.


Antoine II Duque de Lorena, filho de René II, na fachada do Palais Ducal.
Estátua refeita em 1851, a original havia sido retirada pela Revolução Francesa.


Panorama do interior do Palácio Ducal.


Ponteira ou flecha da Torre do Relógio do Palácio Ducal em Nancy com
os símbolos da Lorena (Alerions, Cruz de Lorena, Coroa Imperial e Cardo).


Escudo de prata de René II, DS XIII-1 - Moedas_Lorena.


O cardo, um dos símbolos da Lorena a que René II juntou a divisa:
“Quem se mete comigo, se machuca.”
“Qui s’y frotte, s’y pique.”



CARLOS, O TEMERÁRIO


Carlos, o Temerário, duque de Borgonha
(*21-11-1433    †05-01-1477)
(pintura de Rogier van der Weyden, 1460)

Carlos, o Temerário, sonhava unificar as suas possessões como um Reino Unido da Borgonha, separado da França, com uma coroa própria. Para conectar seus territórios do norte aos do sul, era necessário conquistar a região da Lorena, e a Borgonha, então, se estenderia desde o Mar do Norte até os Alpes. Tendo o exército mais forte da Europa, ele toma a cidade de Nancy, sede ducal, em 1476, e faz um inimigo mortal. O jovem duque da Lorena, René II, determinado a reconquistar sua Casa, alia-se com a Suíça e é apoiado, por Luís XI, agora rei da França. Carlos, chamado ao sul para ajudar os seus aliados a reconquistar na Savoia, as cidades de Grandson e Morat, tomadas pela Suíça, lutou e foi derrotado em 3 batalhas famosas contra René II. Em Grandson, perdeu seus tesouros; em Morat, perdeu seus soldados, e em Nancy, ele perdeu a vida.


O ducado da Lorena, entre as possessões de Carlos, o Temerário.



Carlos, o Temerário, encontrado após a Batalha de Nancy e identificado pelo anel. Tela de 1865 por Auguste Feyen-Perrin (1826-1888), museu de Belas-Artes de Nancy.



RENÉ II E A GEOGRAFIA

René II, protagonizou um feito histórico ao patrocinar e ordenar a confecção do primeiro mapa-múndi onde a Terra é representada como um globo, incluindo o Oceano Pacífico pela primeira vez e o novo continente é batizado como América.


Universalis Cosmographia_Weltkarte-Waldsemueller,1507-colored-small-map

PTOLOMEU SUPERADO

No começo do século XVI, não havia no mundo acadêmico ocidental outros recursos para estudos cosmológicos ou cartográficos, senão os do sábio alexandrino, Ptolomeu (85–165 DC), morto há mil e quatrocentos anos. Todos os estudiosos, fossem astrônomos ou geógrafos, se deparavam com a existência de apenas três continentes: Europa, África e Ásia. Entretanto, os testemunhos trazidos das viagens de Cristóvão Colombo e Américo Vespúcio provocaram uma revolução geográfica, exigindo um novo desenho cartográfico do globo. A antiga "Geographiae" de Ptolomeu, estava superada e enriquecida numa nova edição intitulada, “Universalis cosmographia secundum Ptolemaei traditionem et Americi Vespúcci aliorumque lustrationes.” (Cosmografia universal segundo a tradição de Ptolomeu e Américo Vespúcio e outros navegantes).

Em 1505, René II reuniu um grupo de sábios no monastério francês de Saint Dié, Estrasburgo, para que atualizassem os conhecimentos herdados dos gregos antigos, realizando o seu grande feito histórico. Por sua ordem e patrocínio, foi concluído, em 1507, o primeiro mapa com a palavra América, com o título em latim “Cosmographiae Introductio”, sendo também a primeira representação da Terra como globo. Conhecido como Gomos de Waldseemüller, datado de apenas 15 anos após a descoberta do Novo Mundo, é um dos quatro mapas produzidos pelo grupo do cartógrafo alemão Martin Waldseemüller que ainda existem, diferencia as Américas do Norte e do Sul e menciona, pela primeira vez, a existência do Oceano Pacífico. Apesar de Cristóvão Colombo ter sido o primeiro a desembarcar no continente, ele acreditava estar na Ásia. Foi Américo Vespúcio quem transmitiu as informações necessárias à elaboração do novo mapa, afirmando que a terra nova a oeste era um outro continente que, em sua homenagem, chamou-se América.

O primeiro mapa a registrar o continente americano foi arrematado por 1 milhão de dólares em leilão realizado pela Christie's de Londres. Existem mais três exemplares do mapa de Waldseemüller. Um deles está na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e os outros dois em bibliotecas públicas da Alemanha, em Munique e em Offenburg. Há ainda um mapa muito maior, de 1515, comprado pela Biblioteca do Congresso de Washington por 10 milhões de dólares em 2003.

Devido ao tamanho dos mapas, disponibilizamos os links para download:

GOMOS DE WALDSEEMÜLLER

http://www.4shared.com/file/183474079/b1dd9249/Universalis_Cosmographia.html

AMÉRICA em Close Up

http://www.4shared.com/file/183474720/b039c82d/UniversalisCosmographiajpg_Wal.html


Referências:

Revista Desafios/Ipea_Fazendo a América por Andréa Wolffenbüttel
Commons.wikimedia.org/Martin_Waldseemüller

2 comentários :

jc disse...

félicitations pour cette page sur René II

j'ai appris de nouvelles informations sur votre site

cordialement

jean claude

milton lorena disse...

Merci, Jean Claude vous etes toujours le bienvenue.