ORIGENS REMOTAS - CARLOS MAGNO

LORENA, como sobrenome, deriva do antigo modo de identificar as pessoas relacionando-as aos lugares de sua procedência. Lötringen, em alemão e Lorraine, em francês, significam Reino de Lotário ou Lotaríngia, corretamente, berço e origem de todos os Lorenas.

ORIGENS REMOTAS

CARLOS MAGNO

Rei dos Francos

A Idade Média não oferece figura maior que a de Carlos Magno ou Carlos I, Rei dos Francos e Imperador do Ocidente. Nascido na Nêustria em 742, primogênito de Pepino, o Breve e de Berta de Laon, foi irmão de Lady Berta, mãe de Rolando, marquês da Bretanha. Sucedeu a seu pai em 768 e, com a morte deste, foi o reino dividido entre Carlos Magno e o seu irmão Carlomano (que governou a Austrásia). Carlomano morreu em 5 de Dezembro de 771, deixando Carlos Magno como líder de um reino Franco reunificado.

Carlos Magno esteve envolvido constantemente em batalhas. Conquistou a Saxônia no século VIII, um objetivo que foi o sonho inalcançável de Augusto, tendo sido necessárias mais de dezoito batalhas para que conseguisse a vitória definitiva. Subjugou os Aquitanos, os Bávaros, os Lombardos, os Saxônios, os Avaros e moveu contra os Árabes de Espanha uma expedição vitoriosa em 778. Procedeu à conversão forçada ao cristianismo dos povos conquistados, massacrando os que se recusavam a converter-se. Um dos seus objetivos era, também conquistar a Península Ibérica, mas nunca o alcançou.

Símbolos de sua linhagem e império

a águia, a cruz e o leão

(Sacro Império Romano).

Utilizou, também, a flor-de-lis (Rei de França).

Carlos Magno em retrato de Albrech Dürer

O IMPÉRIO DE CARLOS MAGNO

Em azul, o reino herdado de seu pai; em laranja, suas conquistas;

em amarelo, os territórios vassalos.

IMPERADOR DO OCIDENTE

Aproveitando o fato de a imperatriz Irene, uma mulher, reinar no Oriente, o que era considerado um vazio de poder, durante a missa de Natal em Roma, no ano 800, Carlos Magno foi coroado pelo Papa Leão III como Imperador do Ocidente, título em desuso desde a abdicação de Rômulo Augusto em 476. Ainda que o título o ajudasse a afirmar a sua independência com relação a Constantinopla, Carlos Magno apenas o usou bastante mais tarde, já que receava ficar dependente do poder papal. Homem de guerra com profundo senso político e hábil organizador, aprendeu a ler aos 32 anos com Pedro de Pisa. Estudou gramática e língua latina e mais tarde cálculo, astronomia e retórica. Estimava e protegia as letras, criando escolas, rodeando-se de homens eminentes e governando sabiamente o seu colossal império, compreendido entre o mar do Norte, o Elba, a Boêmia, o Garigliano, o Ebro, os Pirineus e o Atlântico.

CARLO MAGNO E SEUS VASSALOS

Trabalho dos irmãos Charles e Louis Rochet, instalado em 1882.
Charlemagne-Cathedrale_Paris Notre-Dame, em Paris.

Para unificar e fortalecer o império, Carlos Magno decidiu executar uma ampla reforma na educação. O monge inglês Alcuíno elaborou um projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber clássico estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais: o trivium, ou ensino literário (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium, ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música). A partir do ano 787, foram emanados decretos que recomendavam, em todo o império, a restauração de antigas escolas e a fundação de novas. Essas novas escolas podiam ser monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; catedrais, junto à sede dos bispados e palatinas, junto às cortes.

A reforma executada por Carlos Magno ajudou a preparar o caminho para o Renascimento no Século XII. O ensino da dialética (ou lógica) fez renascer o interesse pela indagação especulativa e, dessa semente, surgiria mais tarde a filosofia cristã da escolástica. Nos séculos XII e XIII, muitas escolas que haviam sido fundadas nesse período, especialmente as escolas catedrais, ganharam a forma de universidades medievais.

AUTÓGRAFO DE CARLOS MAGNO

LOTÁRIO I

Os Reis de França da segunda raça, por serem descendentes de Carlos Magno, eram chamados de carolíngios ou carlovíngios.

Lotário I, neto de Carlos Magno, foi o terceiro imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Era o filho mais velho de Luis I, o Piedoso e de Hermengarda, filha de Ingramm, duque de Hesbaye. Pouco se sabe dos seus primeiros anos, provavelmente passados na corte do seu avô até 815, quando se tornou rei da Baviera. Em 817, Luis I dividiu o império entre os filhos e Lotário I foi coroado co-imperador em Aix-la-Capelle. Em 822, assumiu o governo da Itália e a 5 de Abril de 823 foi coroado imperador pelo Papa Pascoal I, em Roma. Quando Luís I estava no leito de morte, em 840, enviou as insígnias imperiais para Lotário I que, ignorando os desejos de seu pai, se proclamou chefe de todo o império. Falhadas as negociações com os seus irmãos, Luís, o Germânico e Carlos, o Calvo, estes pegaram em armas em conjunto. A batalha decisiva teve lugar em Fontenay, a 25 de Junho de 841 e Lotário I teve que fugir para Aix. Num esforço para restabelecer a paz, os irmãos reuniram-se em Junho de 842 numa ilha do rio Saône e concordaram numa divisão, que seria formalizada em Agosto de 843 pelo Tratado de Verdun, segundo o qual Lotário I ficou rei da Itália, mantendo o título de imperador e dominando ainda uma estreita faixa de terra ao longo dos rios Reno e Ródano, que ficou conhecida como LOTARÍNGIA.

TRATADO DE VERDUN (843)

Em amarelo, a Itália e a Lotaríngia

Em 855, Lotário I dividiu os seus domínios pelos três filhos e, no mesmo ano, entrou para o mosteiro de Prüm, onde morreu e foi enterrado (os seus restos só foram ali encontrados em 1860). Os domínios de Lotário I foram divididos da seguinte forma: o mais velho, Luís II, o Jovem, ficou com a Itália; o segundo, Lotário II, ficou com a Lotaríngia e o mais novo, Carlos de Provença, ficou com a Borgonha (Arles e Provença). A Lotaríngia ou Lorena (Löthringen em alemão, Lorraine em francês, significa Reino de Lotário) e era uma região situada entre a Frância ocidental (França) e a Frância oriental (Germânia). Lotário II não deixou descendência e, após sua morte, o Reino loreno desapareceu.

O Ducado da Lorena foi um estado independente que surgiu da divisão da Lotaríngia pelo duque Bruno de Colônia, em 959, ocasião em que a Alta Lotaríngia foi confiada a Frederico de Bar, tendo este se tornado duque em 977. A Alta Lotaríngia tornou-se o ducado da Lorena, em 1047 e os seus duques se sucederam até 1766, quando a Lorena foi anexada pela França.

O penúltimo duque de Lorena, Francisco III, abdicou dos seus domínios em 1737 para se tornar Imperador da Áustria, através do seu casamento com Maria Teresa de Habsburgo. O beneficiado desta abdicação foi Stanislas Leszczyński, ex-rei da Polônia.

Stanislas Leszczynski, duque de Lorena (1677–1766), havia sido colocado no trono da Polônia por Carlos XII da Suécia, que ganhou este território em uma campanha militar em 1704, mas foi deposto em 1709 e deixou o país para se instalar na região francesa da Alsácia. Sua filha, Marie, casou-se com Louis XV, em 1725 e tornou-se rainha da França. Em 1733, Stanislas tentou recuperar o trono polonês com o apoio francês mas, após uma guerra de cinco anos, perdeu novamente o direito a ele. A Paz de Viena, assinada em 1738, autorizou-o manter seus títulos reais e concedeu-lhe com garantias vitalícias as províncias de Lorena e Bar. Como pai da rainha da França, recebeu também uma renda anual de dois milhões de libras do Tesouro francês. Stanislas estabeleceu uma corte em Lunéville (a sudeste da atual Nancy) e passou o resto de sua vida embelezando suas duas residências e desfrutando a boa vida. Na sua morte, em 1739, a Lorena foi herdada pelo genro, o Rei Luís XV de França e incorporada nos seus domínios.

DUCADO DA LOTHARINGIA

O 1º mapa da Lorena executado

em 1508

Imagens e Textos

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