LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
A literatura de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentos artigos sobre história, ciências, humor, crônicas locais, crítica, política e religião, que publicou como cronista do Jornal “O Cachoeirense”. Ao professor e jornalista José Maurício do Prado, o nosso agradecimento pelo acesso aos originais.
Jornal “O Cachoeirense” Ano II, Ed.Nº. 83, 18 a 24 de dezembro de 1978.
NATAL! NATAL...
NELSON LORENA
Era Nazareth, uma modesta cidade da Galiléia, suas ruas pedregosas, separadas por pequenos atalhos e encruzilhadas eram pavimentadas com cubos de pedras e tijolos, sem estilo e pouco gosto. O clima é ameno e saudável, mas o inverno é intenso; e é justamente nesta época que nos encontramos. Residia ali um casal que, pela revelação, teria uma missão de grande importância para a ordem do mundo. Era José e Maria. Sua morada seria, talvez, como diz o historiador, constituída de uma sala ampla, servindo ao mesmo tempo de oficina, quarto e cozinha, alumiada somente pela luz que penetra pela porta de entrada, habitação comum aos que vivem entre a abastança e a pobreza; “pelo chão, esteiras e enxergas, uns vasos de barro, uma caixa pintada servindo como banco e, ferramentas de carpinteiro". Vinhas e figueiras completavam o ambiente pobre, mas feliz. A Invernia trazia solidão e tristeza, com reflexo nas criaturas humanas, nos pássaros, nas arvores! Nazareth parecia amortalhada, envolvida por um manto gélido de arminho, tecido de desencanto e nostalgia. Um grande acontecimento se deu, no reinado de Augusto no ano de 750 da fundação de Roma. Uma noticia alvissareira se espalha pelo povoado. A Natureza, como que a um toque de mágica se transforma; alegra-se o povo, cantam os pássaros, sorriem as árvores. Natal! Natal! O eco da Boa Nova se repete aqui e acolá, por toda a humanidade. Nascera o Messias prometido, nascera Jesus! O manto gélido de arminho que envolvia e a tudo contagiava, se transforma no vestido de noivado de que se vestira a Natureza para receber o Noivo Prometido! As trevas foram espantadas! Uma luz emanada do seio de Deus ilumina as veredas da Vida, até então turvas, incertas e confusas. José e Maria sentiam-se felizes por terem guardado no coração e em seu seio, com amor e humildade, o tesouro que profeticamente lhes foi confiado. Nos lábios do Menino brincava um sorriso de quem, mais que todo o humano Ser, possuía a consciência de Deus. Não era Deus, mas O possuía dentro de si.
Assim foi. Hoje, de maneira estranha, o Natal é um mero pretexto para a gula e a intemperança; sacrificam-se os animais inferiores para satisfação da bolsa esponjosa pendurada ao esôfago! Educam-se os filhos no culto a Papai Noel, cuja vinda é ansiosamente esperada, enquanto a imagem do crucificado permanece nas paredes das alcovas e não desce aos corações! Aquele archote flamejante que do Calvário iluminou o mundo bruxuleia, hoje, ao sopro do ardor da vida cristã que se resfria.
Assim foi. Hoje, de maneira estranha, o Natal é um mero pretexto para a gula e a intemperança; sacrificam-se os animais inferiores para satisfação da bolsa esponjosa pendurada ao esôfago! Educam-se os filhos no culto a Papai Noel, cuja vinda é ansiosamente esperada, enquanto a imagem do crucificado permanece nas paredes das alcovas e não desce aos corações! Aquele archote flamejante que do Calvário iluminou o mundo bruxuleia, hoje, ao sopro do ardor da vida cristã que se resfria.
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