LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
A literatura de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentos artigos sobre história, ciências, humor, crônicas locais, crítica, política e religião, que publicou como cronista do Jornal “O Cachoeirense”. Ao professor e jornalista José Maurício do Prado, o nosso agradecimento pelo acesso aos originais.
Jornal “O Cachoeirense” Ano II, Ed.Nº. 69, 11 a 17 de setembro de 1978.
DIVAGAÇÕES EM TORNO DE UM IDEAL
NELSON LORENA
A maior dádiva que nós, os humanos, poderíamos receber de Deus, é a faculdade de pensar. Ela tornou-se um direito inalienável. Nenhum poder na Terra, por maior e mais forte que seja, poderá aniquilar. É, pois, o Pensamento, que antecede a todo e qualquer passo que a humanidade possa dar na jornada para sua fatal evolução. É tão livre, que os seus vôos, algumas vezes são desferidos mesmo contra as nossas vontades, contrários aos nossos desejos. Jamais nos será cerceada a liberdade de pensamento. Essa liberdade, quando passa a atuar sobre a vontade e se desdobra do seu aspecto psicológico para o fisiológico, gera reações positivas umas, negativas outras e daí, então, o choque em nossa vida de relações, choque que, nem por isso anula a liberdade de pensar. Mas que desequilibra a harmonia entre os homens. Então, para que esta harmonia não seja perturbada, truncada, quebrada, torna-se preciso saber querer. O objeto de nossas pretensões deve ser meticulosamente cuidado quanto às suas possibilidades, seus pontos adversos, para que possíveis fracassos, não nos obriguem ao desagradável retorno ao ponto de partida. O Pensamento é um dom. Saber querer, uma virtude. Na realização está o grande valor do homem, que souber Pensar, Querer e Agir. Quando somos possuidores dessa tríade torna-se certo o sucesso de nossas pretensões, quando também individualmente as concebemos. Os fracassos de muitas iniciativas são mais comuns quando, na coletividade se propõem a realizá-las, e isso porque plasmamos em nosso subconsciente nossos ideais, antevemos sua realização, sua beleza, seus defeitos, numa visão íntima, que nossos sentidos não vêem, mas nossa mente, nosso espírito a percebe, como se materialmente existisse. Torna-se para nós impossível fazer alguém sentir aquilo que sentimos e que de maneira abstrata concebemos; nossas palavras, nossas idéias, são mal ouvidas e, olhadas como que através de um vidro embaçado, se desfiguram, se deformam e o entusiasmo e o estímulo para sua realização, se perdem. Há perto de quarenta anos, sugerimos que se embelezasse a área entre a Rua Silva Caldas e o aterro que vai da ponte do Paraíba à estação da Central, em uma mini-Quinta da Boa Vista, com a construção de ilhas ligadas por pontes rústicas, caramanchões, repuxos, fontes luminosas, circundando-a por pistas de regatas e passeios em canoas, enfim, um Parque Municipal de feitio maravilhoso, mormente à noite. A água ocuparia a maior área, sendo o movimento de terra, mínimo. Qual das cidades vizinhas teria um Parque com essa beleza, favorecida pela majestade do panorama? Ultimamente, o professor Agostinho Ramos nos deu a notícia no “O Cachoeirense” de que em 1932, Plínio de Queiroz ficou deslumbrado com a topografia do local e sugeriu que ali se fizesse aquilo que havíamos pensado. Porque não tornamos bela uma cidade que é somente hospitaleira e simpática? Outras sugestões para seu embelezamento estaríamos prontos a apresentar se outra fosse a receptividade que não nos concedem. Sentimos dificuldades em responder aos estudantes que nos procuram, quais os pontos turísticos de nossa cidade? É preciso que vozes maiores se levantem e se movimentem no sentido de tornarmos menos tristonha a face de nossa querida terrinha. De nossa parte, estaremos dispostos a colaborar, enquanto vida tivermos.
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