LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
A literatura de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentos artigos sobre história, ciências, humor, crônicas locais, crítica, política e religião, que publicou como cronista do Jornal “O Cachoeirense”. Ao professor e jornalista José Maurício do Prado, o nosso agradecimento pelo acesso aos originais.
Jornal “O Cachoeirense” Ano II, Ed.nº. 62, 24 a 30 de julho de 1978.
UMA SUGESTÃO AOS FUTUROS PAIS
NELSON LORENA
Foi isso, não há muito tempo, em certo hospital. Resumindo a cena, foi mais ou menos assim: Após uma feliz deliverance, a Irmã, pergunta à parturiente: “Então Dona Maria, graças a Deus, tudo correu muito bem, não é verdade?” “Graças a Deus, tudo bem!” “Agora, para fazermos a ficha, o nome do garoto?” “Ainda não escolhi o nome; estava pensando...” “Mas como, Dona Maria? A senhora teve nove meses para pensar e ainda não escolheu?” “Irmã, me ajude, escolha um nome que dê sorte.” “Vou escolher um que vai lhe agradar; Roberto Carlos, está bem? Está faturando milhares por hora...” “Mas, e se o garoto for desafinado?” “Ponha então, Edmar. Eu tenho um irmão, que tudo dá certo pra ele. Quando com quatro anos, caiu da janela de um quarto andar, sobre o pálio de uma procissão e nem um arranhão, já tirou duas sortes, uma nas corridas da Gávea, e agora, na loteca.” Nunca soubemos qual a decisão da Dona Maria... De fato, a escolha do nome dos nossos filhos, constitui um problema interessante, de agradável solução. Geralmente gostamos de escolher nomes de grandes vultos na história, na filosofia, nas artes ou nas religiões, na esperança de que isso possa de alguma forma influir favoravelmente no destino dos filhos; na maioria das vezes, contudo, não há correspondência. Aí temos os Milton, os Nelson, Os Ney, os Cícero, os Dante, os Wagner, os Rafael, e os Jesus fracassados, como nos dizia nosso prezado Ranieri. Na Inglaterra, o nome de Hugo traz sorte, dizem. Aqui mesmo em nossa terrinha conhecemos um Hugo que, em feliz ascensão profissional e financeira, conseguiu para gozar na velhice uma vida cômoda e tranqüila, isso até o dia em que uma carreta de quarenta toneladas passou todinha sobre ele, com todos os seus dezoito pneus! Morreu? Qual nada, está aí, vivinho da silva. Mas como dissemos, na Inglaterra, os nomes de Hugo e o sobrenome de Guilherme, são como João e Silva aqui no Brasil. Encontramos nos anais do Lloyd Register de Londres, o seguinte: no dia cinco de dezembro de 1664, o navio inglês "Manoi”, passando pelo estreito de Calais, foi desarvorado e metido a pique por uma tempestade. Dos oitenta e um passageiros que transportava, apenas um se salvou. Chamava-se Hugo Guilherme. No dia cinco de dezembro de 1785, um shonner foi atirado ao litoral da ilha de Man. Os passageiros eram sessenta. Salvou-se apenas um: chamava-se Hugo Guilherme. No dia 15 de agosto de 1820, um barco de recreio foi de encontro a um transporte de carvão e soçobrou em poucos minutos, na embocadura do Tâmisa. Tinha a bordo vinte e cinco passageiros, quase todos, crianças de uma escola. O único que se salvou foi um menino de Liverpool, chamado Hugo Guilherme. No dia dezenove de agosto de 1889, um navio carvoeiro de Londres, tendo uma equipagem de nove homens, naufragou. Salvaram-se dois homens, tio e sobrinho, todos os dois com os nomes de Hugo Guilherme. Está aí uma boa sugestão para os jovens pais, aliás, partida de quem, embora já tendo “pendurado as chuteiras”, possui bastante prática do assunto.
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