ALBERTO GONÇALVES DE BARROS

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.






Com sua característica fertilidade, Nelson Lorena escreveu, em forma de crônicas, sobre história, ciências, retratos do cotidiano, crítica, política e religião, entre outros temas. Do seu acervo literário produzido entre 1977 e 1990, a matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano I, edição nº.108 , de 18 a 24 de junho de 1979.



ALBERTO GONÇALVES DE BARROS

NELSON LORENA


Não passou desapercebida, para nós, amigos que éramos, principalmente nós espíritas, a data de 13 de junho. Entremeada com o riso e a alegria álacre de um povo em festas, havia em nossos corações uma sombra de tristeza e melancólica saudade, havia 22 anos que desencarnara Alberto Gonçalves de Barros. Após longo e resignado sofrimento, ele nos deixa. Baluarte do Espiritismo nesta cidade, alicerçou sua fortaleza na nobreza de sentimentos, no caráter impoluto na retidão de suas atitudes, demonstrados em seu comportamento profundamente religioso. Traçou em sua vida uma reta de conduta e jamais dela se desviou. Em matéria de fé sua argumentação era sólida e irrefutável consolidada na Lógica, de que a Filosofia espírita é pródiga. Por suas mãos, fui levado à crença na consoladora doutrina que ainda conservo, malgrado a marginalização que me foi imposta. Uma tríade, formada por Agostinho Ramos, católico romano, Ovídio de Castro, livre pensador e Alberto de Barros, amicíssimos que eram, seria o advento do ecumenismo que a fraternidade entre as religiões deve estabelecer. Em 1955 Agostinho, poeta, escrevia:

“Éramos três e somos,
os mesmos três de outrora,
por que negar que somos
amigos como outrora?
...e a vida continua...

Em 1957 diz Agostinho: “e a vida não continuou...referindo-se aos dois amigos. Agostinho á beira da sepultura, disse-lhe em palavras repassadas de emoção, o nosso adeus:

“Tu Alberto, sereno e educado, jamais permitiste que algo viesse ensombrar o céu opalino de nossa amizade” – acrescentando: “ontem foi Ovídio de Castro, hoje (catorze de junho de 1957, às 17 horas) Alberto de Barros, amanhã será a minha vez...” e a vez de Agostinho também chegou; e na Pátria Maior, onde estão, repetirá como dantes:

“éramos três e somos...
amigos como outrora...
...e a vida continua...”

Ao querido Alberto, cuja memória reverenciamos com o respeito que merece, repetimos como Clarinha (Clara Prado):

“Ao loiro e manso amigo,
na tristeza e na alegria,
Ó, meigo Cirineu das ásperas jornadas,
para atenuar o pranto da saudade
que jorra de nossas almas comovidas,
Só nos resta a verdade que pregaste
Com teu amor, com tua fé, com tua vida
de que a “vida é falaz, a morte uma quimera,
e, além da morte,
a Vida Verdadeira nos espera”.

..........

Ao professor e jornalista José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do Jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.



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