LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
Com sua característica fertilidade, Nelson Lorena escreveu, em forma de crônicas, sobre história, ciências, retratos do cotidiano, crítica, política e religião, entre outros temas. Do seu acervo literário produzido entre 1977 e 1990, a matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano III, edição nº.106, de 04 a 10 de junho de 1979.
FRAGMENTOS DE NOSSA HISTÓRIA
"Cachoeira Paulista"
"Cachoeira Paulista"
NELSON LORENA
Segundo alguns dados que possuímos, os primeiros moradores de nossa cidade apareceram na segunda metade do século XVIII, à margem do Caminho Novo que demandava de Lorena à Corte, passando por Cachoeira. Na margem esquerda do Paraíba, existia um pequeno núcleo de pescadores que seria a "célula mater" da cidade. A ereção de uma capela, edificada por Sebastiana de tal e outros companheiros em 1780, marcou o nascimento da futura cidade. Em 1784, Manoel da Silva Caldas, que já possuía uma sesmaria entre os rios do Pitéu e das Minhocas, aprofundando-se até o sertão da paragem denominada Mato Dentro, comprou uma gleba de terra na Margem Esquerda, numa testada de 200 braças, Paraíba abaixo, limitada em largura até a atual Rua Cel. João Porto, e fez doação ao Bom Jesus, cuja capela nessa gleba, Sebastiana de tal erigiu a igrejinha. Para mim, e outros pesquisadores, a fundadora da cidade foi Sebastiana de tal, e não, Silva Caldas. A capela rústica de Sebastiana de tal, foi demolida e outra construída, com “42 palmos de comprimento por 21 de largura", no alto do terreno doado, com frente para a primitiva rua, que hoje tem o nome de Dr.Campos Sales, com prosseguimento para a travessa Campos Sales, com início para Cruzeiro; na citada rua existiam casas e barracões para depósito de fumo e sal, das tropas que demandavam de Minas para a corte e vice-versa, e uma “parada de cavalos”. Pintei uma tela sobre a primeira missa nessa capela, oficiada pelo padre Bauer, com a presença do Silva Caldas, dois outros padres de Lorena (acólitos), uma romaria vinda de Lorena e moradores locais. Tivemos a satisfação de, tempos após, ver a capela que pintei, igual a que o pintor austríaco Tomaz Ender, que vindo com a Princesa Leopoldina em 1817, retratou num desenho. Até há poucos anos, existiam as ruínas, no lugar onde está um centro de Umbanda. Foi inaugurada em 6 de agosto de 1786. Segundo o nosso saudoso professor Agostinho Ramos, nossa terra teve os seguintes nomes: Porto da Cachoeira, Cachoeira de Lorena, Santo Antonio do Porto da Cachoeira, Vila da Bocaina, Cachoeira, Valparaíba e Cachoeira Paulista. Com a inauguração da Estrada de Ferro D.Pedro II, a vida da cidade se foi deslocando para a margem direita, onde já havia uma capela custeada por D. Ana Ortiz, em terreno por ela doado a Santo Antonio, que passou a ser o Padroeiro da cidade, cujas festividades, agora se processam em sua homenagem. Os ribeirões, do Silva que é o que passa atrás do Banco Banespa e o do Moinho (o do Mercado), seguiam paralelamente até o Paraíba. Por conveniência técnica, os engenheiros, não sabemos se da Companhia São Paulo - Rio ou da E.F.D.Pedro II, juntaram os dois e mais o das Minhocas, num só bueiro, sem capacidade para vazão simultânea nas enchentes, o que ocasionou várias mortes e inundações. Por aqui, já passaram grandes figuras de nossa história. Em 18 de agosto de 1822, Sua Alteza Imperial o Príncipe D.Pedro e sua comitiva jantaram numa estalagem no Rancho dos Moreiras, onde se encontram atualmente a Avenida Diocleciano S.Azevedo e estrada do Palmital. Uma observação, muito importante para nós: Rancho dos Moreiras! Esses Moreiras, não teriam ligação com os Chico Moreira, Ciano Moreira que ali moravam, considerando que ambos tinham por sobrenome, Silva Azevedo?! D.Pedro II esteve em visita, em 1875 às obras da estação provisória da E.F. D.Pedro II, na margem esquerda do Paraíba. SS.MM.Imperiais foram recebidas com grandes festas em Março de 1885, seguindo em seguida para a Fazenda Sta. Mônica, que não foi ainda identificada. Prudente de Morais, Bernardino de Campos, SSMM Reais os Reis da Bélgica, Washington Luiz, Júlio Prestes e outros. Estes pequenos detalhes da vida de minha terra, são a homenagem singela ao Padroeiro da cidade, cujas festas em seu louvor se realizam agora. Maiores e completos subsídios, a quem interessar, recomendo a História completa de Agostinho Ramos.
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Ao professor e jornalista José Maurício do Prado, ex-diretor do Jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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