NELSON LORENA por Agostinho Ramos

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.






Esta apresentação antecede a coleção de crônicas escritas no período entre 1977 e 1990 pelo artista Nelson Lorena, foi escrita por seu grande amigo, o Professor Agostinho Ramos e publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano I, edição nº. 4 de 08 a 14 de junho de 1977.



NELSON LORENA
 

Agostinho Ramos

É uma tradição, um valor, um mérito. Alma de artista, desde quando conscientemente lhe aflorou o senso da beleza. O artista, porém já traz do berço a sublime vocação. E, se regredirmos, teremos que aceitar as “idéias inatas” de Platão. Mas o enamorado da beleza se desdobra. Embora consideremo-lo, principalmente, musicista e pintor, dá provas contínuas de estatuário, filósofo, historiador e literato. Os louvores do espírito tem afinidades. Seu pincel está a serviço da natureza, dos episódios históricos da terra natal e dos amigos que se foram, compondo seus semblantes com rara fidelidade, haja visto, o grande retrato pintado a óleo do Comendador José de Oliveira Gomes. No campo da estatuária, eis o monumento ao “Soldado Constitucionalista de 32”, erigido na Praça Prado Filho; a estátua do Padre Juca, em tamanho natural, frente ao GESC que tem o seu nome e, o busto da “Mãe Preta”, que figura numa das praças de Guaratinguetá. A música, é também chamada de linguagem dos anjos e, Nelson nela se espraia em ondas de harmonia. Seja musicando hinos, peças teatrais, marchas carnavalescas, assuntos religiosos, ei-lo sempre aos ditames de maravilhosa inspiração. Nelson possui uma qualidade que vai rareando-se – é amigo decidido de seu pai, cultua-lhe a memória, exalta seu mérito. Fui também amigo de José Randolfo Lorena - a quem devi um favor imenso, referido veladamente por Nelson em seu último artigo, neste jornal. O homem, quando escreve, positiva sua personalidade e dá mostras de suas qualidades. Costuma-se dizer “o homem é o estilo”. Nelson não molha a pena no cadinho do veneno. Vem de dar a impressão de um represamento intimo, que só agora rompe o dique e se desborda. Quereis a prova? – lede “Por que, meu Deus, por quê?” publicado nesta folha - Suplemento Literário de 24/4/76. Dir-se-ia que Nelson é discípulo de Lamartine, tal o lirismo e lavor literário. Junto de sua residência, fundou um salão, um museu, digno de ser visitado. Dispensam comentários, por sua significação emotiva, os dizeres da placa que se vê nesse recinto de arte e de reminiscências.

Ei-los:

“Ao meu pai, meu extraordinário Pai, no centenário de seu nascimento 1876 – 1976. Construí este salão para perpetuar nas coisas que aqui estão sua passagem pela terra, como tronco da família que, com minha extremosa Mãe, construiu. Sem possuir as virtudes, que o fizeram um líder em todas as iniciativas que empreendeu, sempre me esforcei para seguir suas pegadas, quer sejam na vida pública, no caráter ou na arte. Jamais, alguém, sem imperativos de um cargo eletivo ou político, fez por nossa Cachoeira tudo quanto seu dinamismo realizou. Sinto-me orgulhoso em ser seu filho, e feliz pela herança que me legou. Nelson.”


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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.



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A ARTE DE NELSON LORENA

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