NOSSA GENTE, NOSSO POVO

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.






A literatura de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentos artigos sobre história, ciências, humor, crônicas locais, crítica, política e religião, escritos entre 1978 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal "O Cachoeirense" Ano III, edição nº.87, 15 a 21 de janeiro de 1979.




NOSSA GENTE, NOSSO POVO 

NELSON LORENA


Como brasileiros, somos suspeitos para proclamarmos nosso Brasil como o Coração do Mundo. Mas o espírito acolhedor de nosso povo, sua hospitalidade, sua bondade de coração, a ausência do problema racial, onde pretos, mulatos, brancos, amarelos se confundem num mesmo anseio de fraternidade, parecem confirmar nosso conceito. Na demonstração desses sentimentos, ressalta a elevação espiritual de uma raça, onde o Evangelho parece ter sua Pátria.
Povo amante da Paz, paciente e conformado com os caminhos bons e maus que o carro do progresso penosamente o arrasta, tudo aceita sem revolta, confiante num dia sempre melhor. O conceito que possui sobre a vida, revela uma profundidade filosófica que vai desde a ironia, o bom humor, até às manifestações de idéias próprias de espíritos evoluídos, privilegio natural de nosso povo, de nossa gente, que nenhum outro possui. O adágio vulgar, por exemplo: "Do que é novo, gosta o povo.” Na Espanha: “Todo lo nuevo, nos parece bueno.” Na Itália “Di novelo, tutti é bello.” Na França: “Tout nouveau, parait beau.” Não precisamos copiar de ninguém. Às vezes nos distraímos em verificar nos pára-choques estradeiros, o bom humor de nossa gente; lembrando-nos de alguns adágios que citaremos para a curiosidade dos leitores:
• Em rio que tem piranha, macaco bebe água com canudo.
• Ando mais por baixo que barriga de tartaruga.
• Paulista, nem fiado nem a vista.
• Mineiro, nem a prazo nem a dinheiro.
• Gaúcho, só com a faca no bucho.
• Capixaba, começa mas não acaba.
• Baiano, quando é bom, é bom mesmo; a questão é que não “hai”.
• Estou mais perdido que cego em tiroteio.
• Em terreno de galinha, barata não tem razão.
• Negro não namora, embirra.
• Quem gosta de morro é cabrito.
• Penico de barro não dá ferrugem.
• Em duas coisas ninguém se fia: saco de estopa e negro barbado.
• Quem apanha de mulher, não se queixa ao delegado.
• Quem foi mordido de cobra tem medo até de minhoca.
• Ceará é a única terra do mundo em que morre mais gente de fome que de indigestão.

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Ao professor e jornalista José Mauricio do Prado, ex-diretor proprietário do Jornal "O Cachoeirense" os nossos agradecimentos, pelo acesso aos originais.


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