LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
Com sua característica fertilidade, Nelson Lorena escreveu em forma de crônicas, sobre história, ciências, retratos do cotidiano, crítica, política e religião, entre outros temas. Do seu acervo literário produzido entre 1977 e 1990, a matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano III, edição nº. 101, de 30 de abril a 06 de maio de 1979.
A PROSPERIDADE, COM BASE NA ECONOMIA
NELSON LORENA
A guerra não compensa, assim como o crime, já que são uma e a mesma coisa. Mas, é necessária à opulência de seus fazedores e à grandeza econômica de certos paises “supercivilizados”. Ainda assim, não compensa. O que nossa pátria ganhou na guerra contra os paises do “eixo”? Mais de mil mortos, entre pracinhas, marinheiros e aviadores, com a destruição também de nossa marinha mercante. Hoje, estamos correndo atrás da esteira dos marcos alemães, dessa Alemanha que combatemos, derrotada, bipartida, humilhada, arrasada, que se ergue, cheia de dignidade, amor próprio; e que, da condição de vencida, passa à de vencedora. Sim, vencedora, por que o trabalho pacífico, o espírito de economia e as virtudes morais de seu povo, fizeram dessa nação um país rico, com fantástico superávit em sua balança financeira, ao contrário de seus vencedores, deficitários que estão. A Alemanha de Helmut Schimidt é a quarta potência econômica da Terra; paga o maior salário do mundo; possui renda “per capita”, vinte e dois por cento, superior à dos EUA e oitenta e cinco por cento acima à da Inglaterra; mantém uma reserva cambial, duas vezes maior que a da Arábia Saudita, que vive afogada em petróleo e dólares. Que se dizer então do Japão! Aquele formigueiro humano, está em igualdade coma Alemanha. Sem uma gota de petróleo em seu subsolo, em cada quilometro quadrado, trezentas pessoas, vivem, trabalham e assombram seus antigos “vencedores”. Trabalho, economia e sobretudo, bom senso. Quando a monarquia cunhou no cobre do nosso vintém o, “vintém poupado, vintém ganho”, firmava um princípio orientador da valorização de nossa moeda, com base na economia, mantendo-a com o câmbio quase ao par. Daí para cá, tornamo-nos esbanjadores, desperdiçadores, vivendo o presente, defeitos apontados pela nossa imprensa e pela estrangeira. Aí temos os erros de Angra, a Estada do Aço, a Transamazônica e outras obras inacabadas, onde maquinários caríssimos estão ao tempo, corroídos pela ferrugem. Não será preciso irmos tão longe: aqui mesmo em nossa terrinha; rede de esgotos, há uns quinze anos abandonada; hospital, há mais de vinte anos, ainda em gestação! O nosso viaduto! Um monstro ciclópico, a eternizar erros e severas críticas. O homem simples da roça, costuma dizer: “o que Deus dá, nóis come”; e meu pai: “não deixo pra hoje o que puder fazer amanhã”. Quem sabe se esta filosofia, generalizada, não seja a causa, do arrastar penoso e lento, do nosso progresso?... Nunca vi japonês pobre, não conheço. O trabalho e a pecúnia são os objetivos da vida. Ele nada desperdiça, e nos critica por nosso desprendimento. Na greve dos lixeiros em S.Paulo, houve reportagens que apontaram o fato de, entre eles, haver alguns que possuem televisão, móveis de fórmica, rádios, vestuários para os filhos e, para si, calçados elegantes! Contam até que, no bairro granfino do Pacaembu, uma empregada doméstica, quando fazia a limpeza de uma janela do quarto andar, desequilibrou-se e caiu na calçada dentro de um latão de lixo, desacordada pelo choque. Passava no momento um japonês que murmurou com seus botões: “Brasileiro é muito desperdiçado, nô?! Muré assim no Japon, nóis aproveita mais vinte anos”. Realmente, fazem-se no Brasil, governo e povo, gastos supérfluos, mas esse japonês exagerou, nossa indiferença pela poupança, não vai a tanto assim!...
Ao professor e jornalista José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do Jornal "O Cachoeirense", os nossos agradecimentos pelo acesso aos ofiginais.
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