RELATO DO OUTRO MUNDO

  LITERATURA DE NELSON LORENA

Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.

A literatura de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentos artigos sobre história, ciências, humor, crônicas locais, crítica, política e religião, escritos entre 1978 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano III, edição nº.91, de 12 a 18 de fevereiro de 1979.

RELATO DO OUTRO MUNDO

NELSON LORENA

Para o caso que vamos relatar possuímos opinião própria, como reencarnacionistas que somos. Isto, no entanto, não impede que outros, inclusive a parapsicologia, emitam as suas. A Senhora Dolores Jay, de Elkton, Virgínia-EUA, é a esposa de um pastor protestante, mas em outra vida, chamava-se Gretchen Gottleib. Relata seu próprio assassinato, há um século, na Prússia, governada por Bismarck. Foi comprovado pelo detentor de mentiras, que ela não fala alemão, mas que, sob hipnose fala em alemão reconstituindo o quadro vivo da vida no século XIX na aldeia Ebeswalde, que culmina com sua morte aos 16 anos. O professor de psicologia, Ian Stevenson, afirma que o caso tem foros de veracidade. O pastor Carrol Jay, esposo da Senhora Jay, acha que “um poder divino” fala através da esposa; o reverendo Johnny Hensley, também de Elkton, opina que poderia se tratar de uma força de outro mundo, a de Satanás! O caso começou quando o marido hipnotizou-a por causa de uma dor nas costas. Ao interrogar a esposa se ainda estava doendo, ela respondeu “nein” (não, em alemão). Imediatamente ligou o gravador e começou a registrar todas as respostas estranhas de sua mulher. Levou a fita a um professor de línguas, que afirmou tratar-se de alemão. Stevenson e vários outros professores, interessaram-se pelo caso e em sucessivas entrevistas chegaram a seguinte conclusão: Gretchen em vidas passadas era analfabeta e tinha 16 anos na década de 1870. Foi morta em um bosque, onde esperava cavalos para fugir com um tio, de Ebeswalde. Bismarck movia perseguição atroz aos católicos, os mais ativos foram jogados e esquecidos nas prisões, inclusive seu tio, por participar de “distúrbios eclesiásticos”. No exame de dezoito fitas gravadas, Stevenson e outros pesquisadores, declaram que “são sinceramente honestas”. Como defensor dos postulados espíritas, embora admitindo a possibilidade do fato, acho que faltou a comprovação, para os que duvidam, se de fato existiu em Ebeswalde, na década de 1870 uma jovem chamada Gretchen Gottleib. “Acho que não tenhamos feito algum mal” concluiu o Reverendo Johnny. “Acredito que se trata de um trabalho cientifico que agora tem de ser completado, sejam quais forem as conseqüências.” Nossa opinião própria, suspeita, mas formada na lógica é a de que, se várias hipóteses se apresentam para a explicação de um fato, devemos aceitar a mais próxima do bom senso. A vida acidentada de Gretchen Gottleib é, simplesmente, um episódio dos inúmeros que a pluralidade das existências revela.

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Ao professor e jornalista José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do Jornal “O Cachoeirense”, nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.

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