LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
Com sua fertilidade característica, Nelson Lorena escreveu em forma de crônicas sobre, história, ciências, crítica, política, religião e temas do cotidiano, entre outros. Do acervo de sua produção, entre 1977 e 1990, destacamos a matéria publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano I, edição nº.25 , de 04 a 10 de novembro de 1977.
RESPONDENDO
Quem é o maior?
Quem é o maior?
NELSON LORENA
Nosso amigo, professor Agostinho Ramos, em “O Cachoeirense” de 10 do corrente, nos brindou com uma crônica, na qual situa entre os “grandes da Terra” os eminentes vultos de São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, São Paulo, Platão e Aristóteles. Em se tratando de um assunto que muito me agrada, aguardei com interesse a resposta à pergunta com qual encerrou sua crônica. Como esta não foi dada, e como toda pergunta exige uma resposta, tomamos a ousada deliberação de respondê-la, dentro do estreito limite da conceituação que temos sobre o assunto. Interessante seria que outros, com maior capacidade intelectual, se pronunciassem, pois que, do confronto de argumentos, aproveitaríamos o que mais se aproximasse da verdade.
PAULO DE TARSO, o converso da Estrada de Damasco, foi o terrível, o impiedoso perseguidor dos primitivos cristãos. Convertido, dedicou toda sua existência na pregação da doutrina de Jesus. Impetuoso, dinâmico, ardente, palavra fluente e fácil, aos trinta e cinco anos de idade, era considerado pelos doutores da Lei como a mais promissora esperança do judaísmo, e de quem sofreu as mais humilhantes ofensas e escárnios causticantes, pela conversão ao Cristo. A despeito de sua luta pela nova doutrina que abraçara, não conseguiu eliminar de seu espírito as cicatrizes ali deixadas pela atroz perseguição aos humildes e indefesos cristãos do “Caminho” e, infame condenação de Estevão. O arrependimento não absolve ninguém, o homem interior condenará sempre.
SANTO AGOSTINHO, em que pese sua eloqüência, sua aprimorada cultura, sua palavra arrebatadora, seu encontro com Deus, quando uma voz infantil lhe diz, “Tolle, lege!” (Abra, leia), também não conseguiu fazer desaparecer de seu espírito as marcas ali estampadas pelo fogo ardente de suas paixões sem freios, pelo insaciável apetite sexual e suas conquistas baratas. Pelo abandono a que expôs a mãe de seu filho, sua amante por mais de dez anos, isso talvez, sob o pretexto de que inculta e anônima que era, poderia constituir uma mancha em sua escalada na celebridade, que a filosofia lhe acenava. Toda essa esteira de pecados lhe queimava, amiúde, sua alma arrependida. Agostinho foi platônico e disse nada haver encontrado nos Evangelhos que não houvesse encontrado em Platão.
ARISTÓTELES, discípulo de Platão, mais tarde tornou-se seu adversário e combateu o “mundo das idéias supersensíveis” criado por Platão, mas nos parece inconseqüente quando admite o “mundo das formas”, ou seja, a dualidade de mundo que Platão preconizava. É considerado por muitos como o maior gênio do seu tempo.
SÃO TOMÁS, foi aristotélico. Coerentemente deveria haver sancionado e aceito também o “mundo das formas” preexistindo ao mundo da matéria, teria mesmo ele dito em defesa da Igreja, “que os hereges não somente deveriam ser excomungados, mas também condenados à morte?” isto posto, consideramos Platão o maior entre eles. Discípulo de Sócrates, o fundador da Escola Idealista, Platão, aceitou, endossou e encontrou em Agostinho o continuador da filosofia platônica, o “mundo das idéias supersensíveis”, do qual o mundo em que vivemos é uma imagem embaciada. Tudo quanto nossos sentidos acusam, como casas, árvores, rios, são reproduções imperfeitas do que espiritualmente existe no “mundo das idéias”; a própria beleza física é imagem semelhante à do Belo. A religião que abraçamos, aceita essa filosofia e Jesus parece isso confirmar, quando disse: “Na casa de meu pai há muitas moradas”. Já porque a filosofia de Platão está mais próxima dos evangelhos, já porque não contradiz os princípios religiosos que abraçamos, já porque a existência aristotélica do reino do Diabo nos repugna, preferimos um Agostinho, platônico a um São Tomás, aristotélico.
Se a vida reside nos contrastes e, nos opostos ela se perpetua, porque não admitirmos um mundo material e outro espiritual? O pecado é a Lei contrariada. Há morte porque há vida, céu e terra, alto e baixo, o mal e o bem, paz e guerra, riqueza e pobreza, nascer e morrer; nasce o dia quando a noite morre, morre o dia quando a noite nasce, somos de hoje fomos de ontem, as águas de um rio que nos banharam hoje não nos banharão amanhã; há uma renovação permanente através a evaporação, eternizando a Vida: nada morre tudo se transforma e se torna eterno. Somos como que, palhetas de um imenso moinho em movimento perpétuo que, mergulhadas em movimento descendente nas sombras da “morte”, giram em movimento ascendente, alcançando as claridades das alturas e assim continuam perpetuando a Vida. Isto aceito, poderemos proclamar lembrando o Cristo: “E a morte foi tragada na vitória.” “Nenhum dos filhos de meu Pai se perderá.”, o Céu nos esperará, “até que seja pago o último ceitil”, conforme a promessa de Jesus.
PAULO DE TARSO, o converso da Estrada de Damasco, foi o terrível, o impiedoso perseguidor dos primitivos cristãos. Convertido, dedicou toda sua existência na pregação da doutrina de Jesus. Impetuoso, dinâmico, ardente, palavra fluente e fácil, aos trinta e cinco anos de idade, era considerado pelos doutores da Lei como a mais promissora esperança do judaísmo, e de quem sofreu as mais humilhantes ofensas e escárnios causticantes, pela conversão ao Cristo. A despeito de sua luta pela nova doutrina que abraçara, não conseguiu eliminar de seu espírito as cicatrizes ali deixadas pela atroz perseguição aos humildes e indefesos cristãos do “Caminho” e, infame condenação de Estevão. O arrependimento não absolve ninguém, o homem interior condenará sempre.
SANTO AGOSTINHO, em que pese sua eloqüência, sua aprimorada cultura, sua palavra arrebatadora, seu encontro com Deus, quando uma voz infantil lhe diz, “Tolle, lege!” (Abra, leia), também não conseguiu fazer desaparecer de seu espírito as marcas ali estampadas pelo fogo ardente de suas paixões sem freios, pelo insaciável apetite sexual e suas conquistas baratas. Pelo abandono a que expôs a mãe de seu filho, sua amante por mais de dez anos, isso talvez, sob o pretexto de que inculta e anônima que era, poderia constituir uma mancha em sua escalada na celebridade, que a filosofia lhe acenava. Toda essa esteira de pecados lhe queimava, amiúde, sua alma arrependida. Agostinho foi platônico e disse nada haver encontrado nos Evangelhos que não houvesse encontrado em Platão.
ARISTÓTELES, discípulo de Platão, mais tarde tornou-se seu adversário e combateu o “mundo das idéias supersensíveis” criado por Platão, mas nos parece inconseqüente quando admite o “mundo das formas”, ou seja, a dualidade de mundo que Platão preconizava. É considerado por muitos como o maior gênio do seu tempo.
SÃO TOMÁS, foi aristotélico. Coerentemente deveria haver sancionado e aceito também o “mundo das formas” preexistindo ao mundo da matéria, teria mesmo ele dito em defesa da Igreja, “que os hereges não somente deveriam ser excomungados, mas também condenados à morte?” isto posto, consideramos Platão o maior entre eles. Discípulo de Sócrates, o fundador da Escola Idealista, Platão, aceitou, endossou e encontrou em Agostinho o continuador da filosofia platônica, o “mundo das idéias supersensíveis”, do qual o mundo em que vivemos é uma imagem embaciada. Tudo quanto nossos sentidos acusam, como casas, árvores, rios, são reproduções imperfeitas do que espiritualmente existe no “mundo das idéias”; a própria beleza física é imagem semelhante à do Belo. A religião que abraçamos, aceita essa filosofia e Jesus parece isso confirmar, quando disse: “Na casa de meu pai há muitas moradas”. Já porque a filosofia de Platão está mais próxima dos evangelhos, já porque não contradiz os princípios religiosos que abraçamos, já porque a existência aristotélica do reino do Diabo nos repugna, preferimos um Agostinho, platônico a um São Tomás, aristotélico.
Se a vida reside nos contrastes e, nos opostos ela se perpetua, porque não admitirmos um mundo material e outro espiritual? O pecado é a Lei contrariada. Há morte porque há vida, céu e terra, alto e baixo, o mal e o bem, paz e guerra, riqueza e pobreza, nascer e morrer; nasce o dia quando a noite morre, morre o dia quando a noite nasce, somos de hoje fomos de ontem, as águas de um rio que nos banharam hoje não nos banharão amanhã; há uma renovação permanente através a evaporação, eternizando a Vida: nada morre tudo se transforma e se torna eterno. Somos como que, palhetas de um imenso moinho em movimento perpétuo que, mergulhadas em movimento descendente nas sombras da “morte”, giram em movimento ascendente, alcançando as claridades das alturas e assim continuam perpetuando a Vida. Isto aceito, poderemos proclamar lembrando o Cristo: “E a morte foi tragada na vitória.” “Nenhum dos filhos de meu Pai se perderá.”, o Céu nos esperará, “até que seja pago o último ceitil”, conforme a promessa de Jesus.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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