CRÍTICA E AUTO CRÍTICA

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.





O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano III, edição nº.130, de 12 a 18 de novembro de 1979.




CRÍTICA E AUTO CRÍTICA

NELSON LORENA



A sede de poder tem sido na história da humanidade a maior causa do retardamento do seu progresso. Indivíduos presunçosos, muitas vezes, bafejados pela fortuna e por ela envaidecidos, despidos do mais elementar senso de auto crítica, estimulados por aqueles que lhes exigirão compensações, fazem a escalada ao poder. O tempo em seu perpassar incontido, posteriormente vem nos demonstrar que, para o lugar certo não foi o homem certo. Sofrem em seu progresso, as nações os estados e os municípios, as conseqüências negativas que a visão estrábica dos governantes acarreta, por erros que somente aos oportunistas beneficiam. As críticas do povo se sucedem e a experiência acaba por ensinar aos homens que, há uma virtude muito rara, que se sobrepõe à vaidade, ao orgulho, ao capricho, aos interesses subalternos e inconfessáveis e à própria fortuna, qual seja a posse do senso de auto crítica. Se todos possuíssem este senso, para o lugar certo teríamos o homem certo, capaz, imune a qualquer censura, e, a mão de sua reconhecida probidade moveria a alavanca do progresso. Nós que vivemos em sociedade, observamos em todos os setores da atividade humana, quer sejam eles políticos, religiosos ou administrativos,
que há falhas lamentáveis e que a ambição de posições relevantes impede a análise introspectiva dos interessados, anulando-lhes o senso de auto crítica que deveriam possuir. O senso crítico, todos possuímos. Tudo julgamos e tudo censuramos, pois ainda temos liberdade para isso, apesar de tudo. Nossa crítica se apóia em razões fundamentadas no critério de julgamento. Critério que, nascido em lucubrações da mente de cada individuo, se exterioriza em críticas respeitáveis e sinceras, dignas mesmo de respeito, embora, algumas vezes o tempo venha demonstrar sua impropriedade. O progresso da humanidade caminhará aos saltos, quando a sublimação desse critério for alcançada, quando a crítica exteriorizada se interiorizar e passarmos a olhar para dentro de nós mesmos, medindo e pesando nossa possibilidade de direção. Isto conseguido, recusaremos todas as responsabilidades além de nossos méritos, deixando-as aos que realmente os possuem, para que o mundo caminhe sobre rodas redondas e não quadradas. Qualquer governo, qualquer cidade, qualquer agremiação social ou filantrópica alcançará o objetivo colimado, quando seus dirigentes possuírem a virtude de julgar a si próprios, conhecer a si mesmos.


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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.




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