LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
Com sua fertilidade característica, Nelson Lorena escreveu em forma de crônicas sobre, história, ciências, crítica, política, religião e temas do cotidiano, entre outros. Do acervo de sua produção, entre 1977 e 1990, destacamos a matéria publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano I, edição nº.34, de 06 a 12 de janeiro de 1978.
O ORGULHO
NELSON LORENA
É o orgulho, um sentimento muito arraigado na humanidade. Para mim, constitui uma virtude! O orgulhoso se distingue do homem vulgar: “Pisa forte, tem aspecto imponente, traz a cabeça alta, procura atrair as atenções para si”. Meu extraordinário Pai, possuía estas características era um orgulhoso confesso; idealizava e realizava. A cada ideal realizado erguia altar a outros e assim sucessivamente, confiante que era em sua forte personalidade. Um povo assim se ergue e se projeta. O progresso das nações, não nasce do servilismo, mas do orgulho de seu povo. Aí temos o orgulho germânico e o orgulho nipônico, reerguendo suas pátrias de uma derrota humilhante há trinta anos, hoje se sobrepõem aos vencedores na sua tecnologia, na sua riqueza econômica. Parece mesmo existir na própria natureza, até. O orgulhoso jequitibá se sobrepõe à floresta como um varão e seus filhos; o orgulho de nossas palmeiras pela sua elegância; do Corcovado agasalhando o Cristo; a majestade orgulhosa do Amazonas, na luta de igual para igual com o oceano. Quem não sente orgulho pelo seu Brasil, este país tão forte, tão grande, tão pródigo, que nem mesmo as picaretadas das más administrações conseguem destruí-lo? “Este imenso país, dentro do qual com a densidade de população que tem a Inglaterra, Holanda e outros, caberia os três bilhões de habitantes da Terra”. Nesse imenso organismo que é a nossa Pátria, há uma célula da qual me orgulho; é a minha Cachoeira. Nela nasci, cresci, constitui família e granjeei amizades, algumas das quais ainda possuo, resistentes que foram ao crivo da sinceridade. Eu também sou orgulhoso; herança genética, talvez. Possuo mesmo, na balança de minha autocrítica, de um lado a virtude positiva de meu orgulho; do outro a repugnância, o nojo pelas virtudes negativas, que as oculto como todo humano o faz. A situação topográfica de minha terra me orgulha; meus olhos descortinam a Mantiqueira e a Serra do Mar! Orgulho-me do meu povo, hospitaleiro e bom, de nossa pracinha, do soldado do monumento que fiz em moço, do mais belo trevo da Dutra. Sinto muito, quando filhos desta cidade, com situação acomodada e sólida, a abandonam sem uma causa justa. Jamais descansarei minha cabeça em outra. Orgulho, dirão: e não só isso, gratidão e reconhecimento ao berço natal. Adoro a minha rua, que tem o nome do meu Pai, mesmo com suas crateras lunares, suas poças d’água nas chuvas, sua sufocante poeira na estação seca, seu viçoso matagal que a ladeia em exuberante fertilidade, com suas cobras e ratos, a corrida desenfreada, fittipáldica de certos carros ameaçando vidas... mesmo com tudo isso, com toda humildade de minha Cachoeira, orgulho-me da terra que me viu abrir os olhos e verá fechá-los.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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