LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano III, edição nº.123, de 01 a 07 de outubro de 1979.
O PODER DA AUTORIDADE
NELSON LORENA
A autoridade é a força equilibradora da justiça entre os homens. Seu exercício é, para nós, muito complexo, adstrito que está a fatores que se confundem no todo, como cultura, capacidade, poder, aptidão, influência pessoal, prestígio, crédito, renome, sobretudo, bondade de coração. Nós que já fomos funcionários públicos ativos, em nossa peregrinação pela carreira durante quase quarenta anos, assistimos a fracassos administrativos quando qualquer desses atributos falhava; mas, quando havia bondade no coração, surgia como que uma compensação atenuadora dos fracassos, e suas inevitáveis conseqüências. Um pensador já disse com muita propriedade que, “o principio de autoridade" tem seu fundamento na bondade de coração. Aos bons, costumam-se justificar as quedas ocasionais. O aluno aprende ler porque a autoridade do mestre lhe dá a certeza, a convicção de que o professor diz uma verdade, quando afirma que B e A, faz BA, ou quando diz e demonstra que a terra é redonda. Todo nosso cabedal intelectual é resultante da autoridade de quem a possui. Não é lícito, ao que aceita o Antigo Testamento como verdade histórica, negar a comunicabilidade entre mortos e vivos, ali demonstrada no diálogo entre o espírito de Samuel e o Rei Saul. Quando Pio XII declara haver recebido a visita de Jesus, dias antes de sua morte, não vemos porque nossa razão possa duvidar de tal fato, considerada a autoridade de quem o revelou. Ao contrário, dúvidas suscitariam se, outra pessoa, sem a mesma formação que o princípio de autoridade exige, fato idêntico nos relatasse. Certa vez, nosso sempre presente amigo, Agostinho Ramos abordou-me na rua, para falar-me sobre o Chico Xavier, cuja entrevista programada pela TV deixou-o de tal forma impressionado que, se guardasse silêncio sobre as suas impressões, trairia sua consciência. Analisou sua filosofia de vida, seus conceitos sobre humanismo, em conteúdo, substância e profundidade, classificando-os de “tremendos” (seu superlativo predileto) e concluiu; “Nelson, o Chico Xavier é um Santo”. E, esta santidade, de homem integralmente justo, reconhecida dentro e fora de nossos muros, influiu numa decisão da Justiça, onde um erro judiciário foi evitado. Em 1978 houve, em Goiânia se não me falha a memória, um crime em que um amigo matou outro com um tiro, pelo que foi indiciado. Passado um ano, Chico Xavier, médium internacionalmente conhecido, alheio que estava ao acontecimento, recebeu uma comunicação do morto, declarando que sua morte se deu por mero acidente, sem nenhuma culpa do amigo acusado do crime. A comunicação foi enviada ao juiz relator do processo, porque a mensagem psicografada possuía todos os aspectos de identidade do morto, tanto na redação como a igualdade de assinatura confrontada com sua carteira de identidade. O íntegro Juiz da 6ª. Vara Criminal de Goiânia, considerando a impoluta personalidade do Chico, onde a bondade de coração, sua humildade, sua capacidade, sua influência pessoal, prestígio e renome, constituem os atributos de uma autoridade que se impõe, anexa aos Autos à mensagem e dá o seguinte despacho: “Temos que dar credibilidade à mensagem psicografada por Francisco Candido Xavier anexada aos Autos, onde a vítima relata o fato e isenta de culpa o acusado, discorrendo sobre as brincadeiras com o revolver e o disparo da arma”. E com essa sentença, o Meritíssimo Juiz, absolveu o suposto assassino que houvera eliminado com um tiro seu amigo. A personalidade humana possui cambiantes variáveis que nos apontam os caracteres multiformes de cada indivíduo. Mas, quando essas cambiantes se reúnem num determinado homem, ele se transforma em uma luminária no sinuoso e escuro túnel da existência, onde as limalhas dos erros e as arestas dos pecados são varridas e dispersas.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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