LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano III, edição nº.145, de 10 a 16 de março de 1980.
CIÊNCIA SEM DEUS!
NELSON LORENA
Conservam os recém-nascidos, o pelo nas bordas das orelhas; os dedos grandes dos pés, separados dos demais; as mãos fechadas em movimento prênsil, como um recalque, ou melhor, como uma reminiscência ancestral da origem da espécie, quando se agarrava à barriga da mamãe macaca que, ao saltar de um galho a outro, deixava-o livre. Contam que, em certo hospital nasceu uma criança que mantinha uma das mãos sempre fechada. Intrigada, a enfermeira parteira, dias após, decide estimular os tenros músculos da mãozinha e, para seu espanto, consegue encontrar dentro dela a sua aliança de ouro, que havia desaparecido. Descobriu-se, por fim, que a mãe era uma ladra perigosa e o pai, perito na mesma arte. Nasceu aperfeiçoado, “honrando pai e mãe”. Anedotas assim, banais como esta, correm o mundo. Ficamos a pensar: Será que a união de dois gênios do latrocínio, gerou um super gênio? E será que a anedota haja chegado aos EEUU? Sim, porque um industrial americano, Robert Grahan, segundo a imprensa, resolveu criar um Banco de Esperma com o nobre objetivo de “fabricar” super-gênios, usando o sêmen de homens geniais em mulheres igualmente geniais. Espíritas, espiritualistas, homens de ciência já manifestam seu ceticismo quanto ao êxito de tal empreendimento, considerando mesmo que as faculdades intelectuais provém de um trabalho árduo e de dura disciplina, somado a um talento inato. “A genialidade não pode ser transferida de um recipiente para outro, como se fosse um líquido”, diz Gerhard Hetzberg, prêmio Nobel de química, em 1977. Somente a ignorância da existência da alma em sua ação governativa sobre a matéria, pode admitir tal possibilidade. Em verdade, unem-se a uma ciência sem Deus, a veleidade, o orgulho e a vaidade, na incoerência da criação de uma super-raça, que esse mesmo povo um dia condenou e foi à guerra, contra o arianismo de Hitler, contra a pretensiosa superioridade alemã. Todos têm o direito de expor seus pontos de vista, situando-os logicamente dentro da faixa de conhecimentos que possuímos sobre determinado assunto. É a liberdade de expressão. Isto nos expõe também, como recíproca, dentro dos mesmos princípios enunciados à critica dos nossos conceitos. Daí, como resultante, caminha tudo para uma conclusão mais acertada, sob a luz fria e serena da razão. No uso desse direito já vimos ventilando questões sobre medicina, religião, história, filosofia e arte, na esperança de que possíveis erros existentes em nossas concepções sejam corrigidos, apontando-nos a crítica, a verdade, como subsídio ao nosso acervo intelectual. Nós defendemos, e muita gente igualmente, que o pensamento não é uma função do cérebro e sim, do espírito que ativa a matéria, segundo Virgílio, na Eneida. Assim como na semente existe em potencial a majestosa árvore, em nós, centelha que somos do Grande Foco que é Deus, cremos como Platão e Santo Agostinho que, trazemos ao nascermos, no mais profundo de nosso espírito, toda a gama de conhecimentos inerentes à nossa evolução, que será maior ou menor, segundo o esforço despendido por cada um. Os gênios não serão feitos, eles far-se-ão. O cérebro é o veículo conduzido pelo espírito, transportando a humanidade no caminho ao saber Angélico, ao pórtico do Absoluto.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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