LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano III, edição nº.148, de 31 de março a 06 de abril de 1980.
O CONSOLADOR PROMETIDO
NELSON LORENA
O mundo religioso rememora e comemora a trágica semana que culminou com a crucificação e a ressurreição de Jesus. Semana de martírio e paixão, cuja lembrança abranda a dureza dos corações, aquece-os com alentos de um Amor que nos permite ver na face de nossos irmãos, a imagem de Deus. Associando-se às justas comemorações, o mundo espírita relembra, outro tanto, a magna data de 31 de março de 1848 quando, dos fenômenos verificados com as irmãs Fox em Hydesville, nos EEUU, iniciou-se o moderno espiritismo, como religião revelada e codificada, o Espírito de Verdade preconizado por Jesus. Dizemos moderno espiritismo porque, desde os tempos bíblicos, tem-se conhecimento de fatos e revelações que confirmam os postulados do espiritismo atual. De forma alguma nos move qualquer intenção de proselitismo ou catequese, ao comemorar tais fatos que dizem respeito à religião que esposamos, mas tão somente anotar a singular coincidência, pelo menos neste ano, entre a semana do martírio e crucificação do Mestre e o aniversário da vinda do Consolador Prometido. E, como surgiram os fatos que marcaram seus passos na era moderna? Simplesmente, como nos grandes momentos da História: No farfalhar das palmas de uma manjedoura nasce uma nova doutrina de Paz, Renúncia e Amor! Nos barulhos insólitos de uma casa humilde reacende uma religião que, num crescendo sem igual, em 50 anos se consolidou, sem lutas, sem guerras ou cruzadas e sem os séculos necessários para a consolidação de outras! Por meio de um código de palmas, como nos aplausos, as irmãs Fox estabelecem diálogo com o espírito de um homem, que revela ter sido assassinato e o lugar onde está enterrado, o que mais tarde se confirma com o achado do esqueleto numa adega. Daí, para a codificação de uma doutrina religiosa, com base no intercâmbio entre vivos e mortos, foi um rápido salto. A Verdade irrompeu como um vulcão sob a crosta endurecida do dogma e brilhou flamejante em toda sua plenitude: Os mortos vivem! Nascer, viver, morrer, renascer, tal é a Lei. Cremos, não só pela Lógica e pela Razão, mas, também, porque em vários momentos sentimos na carne a prova da sobrevivência do espírito e, ainda, porque é o que melhor responde às interrogações de nossa mente quanto ao futuro da vida após a morte. Vamos à relembrança de Jesus, à Sua semana de angústia e paixão. Há em Suas palavras, uma esperança e uma realidade, para todos nós, e que se refletem no episódio, digno de menção pela sua oportunidade. Quando o Jesus transfigurou-se e conversou com Moisés e Elias, logo após, Pedro, Tiago e João Lhe perguntam: ”Mestre porque dizem os escribas que, importa a Elias vir primeiro?”, ao que Ele lhes responde: “Em verdade vos digo que Elias já veio. E o maltrataram e fizeram tudo quando dele quiseram”. E os discípulos compreenderam que Ele falava de João Batista. Sabemos que João Batista teve a cabeça decepada e, isto porque, quando foi Elias passou pelas armas, degolando os quarenta profetas de Baal. Manifestou-se a lei de ação e reação; de causas e efeitos; “quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Cumpria-se o resgate, através das vindas sucessivas ou reencarnações, coluna mestra da doutrina dos espíritos, o Consolador Prometido que ilumina e conforta nossa razão na pesquisa das causas das dores e da diversidade dos destinos.
*****
Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
Veja também:
NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE
A ARTE DE NELSON LORENA
*****
Nenhum comentário :
Postar um comentário