LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano III, edição nº.142, de 11 a 17 de fevereiro de 1980.
UM VALOR DO PASSADO
NELSON LORENA
“Nasci a 4 de fevereiro de 1876, em Lorena, Estado de São Paulo, à Rua Hepacaré. Com um ano de idade, trouxeram-me para a Vila da Bocaina, hoje Cachoeira Paulista.” Assim começa a autobiografia de um HOMEM. A ele me refiro hoje, data de seu aniversário natalício, em seu centésimo quarto ano de nascimento. Meu grande amigo, meu companheiro de ideais, de crenças, na música, nos diálogos sobre os problemas do homem, da sociedade moderna, das instituições que fundou, nas lucubrações filosóficas sobre os problemas do Ser, da Dor e do Destino continua meu Pai objeto de meu constante pensamento. Fez por nossa Cachoeira mais que ninguém, por esta terra que, de madrasta se tornou mãe, tudo quanto um idealista pode fazer sem as imposições e deveres de um cargo político ou eletivo. Seu nome, lembrado para uma rua ou um beco qualquer da cidade, foi vetado pela miopia e ignorância da política situacionista, juízo este, reformulado anos após. Temperamento forte, a tenacidade e perseverança, constituíam sua maior característica. “Detestei a subserviência, a delação, o fumo, o álcool, todos os vícios enfim; a adversidade chegou muitas vezes até as muralhas do meu caráter, sem ultrapassá-las”. Sobre estes atributos invejáveis, dizia Ovídio de Castro, nosso saudoso poeta e jornalista; “Espírito forte, encarando a vida com a impassibilidade de um rochedo, insensível à fúria dos vendavais, José Randolpho Lorena tem vencido com denodo a árdua batalha da existência”. Fundou a Loja Maçônica Bom Jesus, em 1902, onde pontificavam, Comendador José Oliveira Gomes, Dr.Rocha Junior e os irmãos Prado. Foi um dos fundadores da Loja Cosmopolita II, de Lorena, em 1907 fundou o Cachoeira Futebol Clube, fundou o Grêmio Dramático, mantendo artistas profissionais, inclusive Marcílio Lima, da Companhia Eduardo Vitorino do Rio de Janeiro, a Sociedade Carnavalesca “Prazer das Morenas”, hoje, Clube Literário e Recreativo, dirigiu a Corporação Musical XV de Novembro, durante trinta anos. De minha parte, sempre procurei ser o herdeiro de sua herança moral, de seu inconteste caráter, jamais consegui, contudo, manter a calma e a resignação nas horas aflitas da vida, o que constituía seu apanágio. Realizava tudo quanto sonhava, sem pressa, mas com segurança, ao contrário do filho. Dizia, ironizando meu temperamento: “Eu não deixo pra hoje, o que posso fazer amanhã”. E a calma dessa filosofia, somente era quebrada, quando minha mãe lhe dizia: “Lorena, é pra hoje! Acho bom ir ao Morro Vermelho, chamar a Maria Rita parteira!” E, numa série de dezoito, cheguei a ouvir isto doze vezes. As pernas do maestro, então, se moviam como as palhetas de um metrônomo, em “allegro vivace”.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
Veja também:
NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE
A ARTE DE NELSON LORENA
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2 comentários :
Tiooooo . . . que saudades! Adoro tudo que leio aqui! Que benção poder conhecer mais minha família! Amo cada dia mais! Obrigada por proporcionar esse tesouro imenso pra todos nós! AMOOOOO! Bjussss
Luanna
Queridos sobrinhos!
Esse acervo é mesmo um tesouro que temos o privilégio de compartilhar. Fiquem atentos, tem muito mais a caminho.
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