UMA PROFECIA REALIZADA

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano IV, edição nº.159, de 16 a 22 de junho de 1980.




UMA PROFECIA REALIZADA

NELSON LORENA



O bom acabamento de qualquer obra está na dependência de dois fatores: o material utilizado e o artífice. Nas grandes realizações do homem, da mesma forma, dois fatores são imprescindíveis: cérebro e alma. A alma dirige, o cérebro obedece. Outros elementos subsidiários, como o pensamento, a vontade, o querer, a ação, completam a obra. Acreditamos que, os grandes iluminados da história das civilizações, possuíam cérebros excepcionais, no uso dos quais, a alma sentia-se à vontade para realizar obras além das possibilidades do homem comum. Deus parece nos mostrar assim, que este será o tipo da humanidade futura, considerando-se que a evolução da espécie é irreversível, tanto no corpo como no espírito. Longa e áspera vem sendo a caminhada para a perfeição predita por Jesus. Milhões de anos se passaram até que, de 500 cc, nossa massa encefálica chegasse a 900 cc e, atualmente, 1350 cc. O cérebro é um condensador de força, variável de indivíduo a indivíduo, de cuja capacidade se aproveita a alma para sua manifestação. Profetas como, os bíblicos, Nostradamus, Swedenberg, João XXIII e outros, foram para os espíritos, os cérebros escolhidos para que mensagens sobre o futuro, necessárias ao fortalecimento da Fé, fossem espalhadas. São por demais conhecidos os escolhidos, para que na ciência, na arte, na filosofia, na religião, transformassem os homens das cavernas em futuros deuses. Não há espaço em nossa coluna para citações e seremos breves. Há povos, cujo destino foi o de projetarem-se no mundo, como construtores de uma civilização. Nosso Brasil, como Pátria do Evangelho, Coração do mundo, será o modelo do Terceiro Milênio. É sensivelmente crescente sua influência no mundo moderno, embora ainda na infância. O slogan “A Europa curva-se ante o Brasil” cantado em prosa e verso por Eduardo das Neves, quando da proeza de Santos Dumont ao contornar a torre Eiffel no mais pesado que o ar, em Paris, fez época e orgulho de  um povo, cuja pátria é o berço dos pioneiros do ar. Nosso destino, pelo sentimento religioso e fraterno dos brasileiros,
parece ser o de aproximar a humanidade, em terra pelo coração e a Deus, pelo espaço. Nos séculos 18, 19 e 20, Bartolomeu de Gusmão, Julio César Ribeiro, Augusto Severo e Santos Dumont despontaram como os precursores da navegação aérea. Era tão notória a predileção do brasileiro por esta particularidade da ciência que conta-se, talvez como blague, que um francês ao encontrar um brasileiro dizia: “En bien, Monsieur! Vous étes brésilien? Quel’est le sistéme de votre balon?” Diz Augusto Comte, “os mortos governam os vivos.” Talvez, de alguma forma, uma verdade. Mas, dizemos que eles inspiram os vivos, cujo “condensador cerebral" esteja apto para isso. Em Silveiras, nossa vizinha cidade, Ernesto de Castro, em 1876, como médium que era, recebeu esta mensagem de Estevam Montgolfier. Vamos transcrevê-la; “Vencer o espaço em um motor que sirva para conduzir o homem, eis o grande problema que será resolvido em breve. O missionário que traz esse aperfeiçoamento já se acha entre vós. O progresso da aviação, que tantos prosélitos tem achado, não está, portanto, longe de realizar-se. O aperfeiçoamento de qualquer ciência depende do tempo e do estado da humanidade para recebê-lo. A locomotiva, esse gigante que avassala os desertos e vence as distâncias, será um simples invento ante o pássaro colossal que, qual condor dos Andes, percorrerá o espaço conduzindo em suas soberbas asas, os homens de vários continentes... Já vêm ó mortais, que a navegação aérea não será um sonho, mas sim, uma brilhante realidade. O tempo, que vem próximo, dará conhecimento desse estupendo motor. Brasil! Tu que foste o berço desta grande descoberta, serás, em breve, o país escolhido para demonstrar a força dessa grandiosa máquina aérea. Eis o prognóstico que vos dou ó brasileiros. Estevam Montgolfier.” Santos Dumont nasceu três anos antes, em 1873.


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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.




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