A ÁRDUA E LONGA BUSCA DA VERDADE

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano IV, edição nº.191, de 26 de janeiro a 1° de fevereiro de 1981.




A ÁRDUA E LONGA BUSCA DA VERDADE

NELSON LORENA



A ciência dos homens caminha por uma longa e interminável estrada, construída sobre a areia movediça das teorias e das hipóteses. Os postulados e as afirmativas consagradas se assemelham às pousadas, onde o viandante extenuado descansa medita e reformula os seus princípios, antes de reiniciar a jornada. Que sabe a nossa Ciência sobre as origens das galáxias, do Sol, da Terra, do homem? Ainda caminhamos sobre o terreno fugidio das hipóteses, que se contradizem à medida que novos conceitos se firmam. A teoria geocêntrica de Ptolomeu aceita pela humanidade durante 14 séculos e defendida pela Igreja apoiada nas Escrituras, a Terra girando sobre seu próprio eixo, foi derrubada por Copérnico com a teoria Heliocêntrica. Louvam-se os erros, quando praticados na busca para o Bem da humanidade. Assim foram os de Hipócrates e Galeno, corrigidos por Vesálio e Paracelso após mil e quatrocentos anos. Os matemáticos afirmavam que a maior área ocupada por um hexágono seria a que os seus ângulos maiores tivessem 109 graus e 26 minutos e os menores 70 graus e 34 minutos; esta a conclusão que Koenig, eminente matemático, chegou ao responder o problema proposto por Reumar, físico e naturalista, e que consistia no seguinte: ”Construir um prisma hexagonal, limitado por paralelogramos de base piramidal de três aberturas iguais, de modo que o tamanho dos respectivos ângulos permita a maior capacidade possível, com um gasto mínimo de material”. Juntamente com Koenig, outros matemáticos participaram da solução do problema. Aconteceu que um navio mercante deu num escolho, abrindo-lhe o costado. Responsabilizado o comandante, este prova não haver culpabilidade sua, porque seguia as tabelas logarítmicas das escolas náuticas do país. E foi nessas tabelas que se baseou Koenig para a solução do problema. Admitido o engano das tabelas, passaram os sábios a examinar as células das abelhas em várias colméias e acharam as modestas abelhas, indiferentes aos erros dos homens, a fazerem seus alvéolos com os ângulos maiores de 109 graus e 28 minutos e os menores com 70 graus e 32 minutos, assim como “aprenderam” com o “Mestre Maior”. Havia uma diferença de apenas 2 minutos em cada ângulo, mas havia. Revisto o cálculo por Koenig, este coincidiu com a “velha tradição das abelhas”. Agora, outros fatos vão dar dor de cabeça para todos os interessados. Nos Estados Unidos, verificou-se que no hospital de San Vicente, em Nova York, uma criança viveu durante sete dias sem massa encefálica. A criança alimentava-se com regularidade, chorava e movia os braços normalmente. “O que mais me assombrou”, disse um dos médicos, “é que a criança sentia dores, o que foi comprovado.” E isso, porque a Ciência sempre sustentou que o sistema nervoso transmite ao cérebro a sensação de dor em qualquer parte do corpo. Então o cérebro não seria mais o órgão das sensações? Agora, na Inglaterra, surge um estudante que praticamente não possui cérebro! Seu QI é de 126, quando normalmente vai de 86 a 116, ótimo aluno de matemática. Tem ele o córtex cerebral com apenas um milímetro de espessura em região que deveria possuir 4,5 milímetros. Todo o seu cérebro pesa apenas 100 gramas, longe do normal de 1.500 gramas! O neurologista Dr. John Lorber nos dá essa notícia e acrescenta que há outros casos em que crianças com cérebro completamente destruído, são completamente normais. O que aprendemos é que, o hemisfério direito comanda o lado esquerdo do corpo, e o esquerdo, o lado direito. Que as sensações são levadas ao cérebro pelos nervos aferentes e, se não me engano, pelos deferentes retornam. Quanta teoria será derrubada ante os assombrosos casos apontados! Inclusive a do “pensamento como ação exclusiva do cérebro”, enunciada por Haeckel e seguida pelos materialistas. Que a Ciência, “após o descanso à beira da estrada”, reinicie sua jornada reformulando hipóteses e teorias outras, que os fatos parecem demonstrar, superadas.



*****


Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.



Veja também:


NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE


A ARTE DE NELSON LORENA



*****

Nenhum comentário :