LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano IV, edição nº.192, de 02 a 08 de fevereiro de 1981.
POR QUE CAEM OS IMPÉRIOS
NELSON LORENA
A vaidade é um mal? É um bem? Ela estimula o progresso, a cultura, a civilização, constrói sociedades filantrópicas, hospitais e assiste aos necessitados. Por outro lado estimula sonhos de grandezas que, em se sobrepondo ao escrúpulo, estimulam o Poder e este, por sua vez, a Força e esta, a corrupção. Ser rico, viver na opulência, tem sido a maior preocupação do homem. Seu êxito, seu valor é medido pelo peso de sua fortuna. Assim como o homem, assim também as nações. Levar a pátria na vanguarda dos povos e consagrar seu nome na História era a vaidade maior, o orgulho de reis e imperadores, ainda que para isso fosse necessária uma guerra de conquista. Assim nasceram os grandes impérios que as civilizações nos contam. Calcados sobre sangue, viuvez e orfandade, ergueram-se sobre a égide da vaidade, alimentados pela sua cultura e pela força. Como sinônimos de Civilização, o progresso e a cultura desfilam nas pontas das baionetas. Por que não tiveram duração os impérios, Persa, Assírio, Macedônio, Egípcio, Grego, Romano? Foram todos fadados à decadência porque algo mais que cultura lhes faltou, o Amor ao próximo. Este o destino de todo o Poder, onde este sentimento foi desprezado, por incompatível com as guerras. Somente o amor constrói para a eternidade. Jesus para impor Sua doutrina e difundi-la, não procurou os sábios das escrituras, nem os ricos e cultos, mas tão somente os de espírito humilde, os pobres cujos corações extravasavam Amor e Bondade. Prefere-se a posse da terra, que se vê, a um Reino que não se vê, oculto na abstração. Daí o arrefecimento de Sua doutrina e de seu espírito, mesmo entre as ovelhas de seu rebanho onde, sob a máscara da irreligiosidade e da vaidade, se oculta o desamor, a razão do mais forte, a egolatria. Povos, tidos como religiosos, numa reunião entre paredes encimadas pela imagem do Crucificado, resolvem destruir Hiroshima e Nagasaki e matar cem mil pessoas, crianças, velhos e mulheres; despejam, durante anos, uma tonelada de TNT (dinamite) por minuto sobre o Vietnam e disseminam pela guerra química o câncer de pele em seus habitantes. Ante a vergonhosa derrota, modificam os métodos de conquista e supremacia. Lançam mão de um inesgotável poder econômico, subornando governos dos quais se valem para intrometerem-se na vida das nações, ditarem regras de conduta que visam assegurar e aumentar sua influência na indústria, no comércio e na instrução pública com vistas a desacelerar o processo decrescente de seu prestígio e Poder que se acentua dia-a-dia com a autodeterminação dos povos, que em sua maioridade política se libertam da tutela. Estes impérios que calcaram sob os pés os vencidos, hoje se ajoelham e se humilham ante os vencidos de ontem, levando-lhes uma bagagem de inflação, desemprego, desmoralização política, déficit orçamentário e confessam seu resvalamento para a fatal queda, que a todos leva a falta de Amor, de cooperação mútua e de sentimento cristão. Nenhum império subsistirá com as paixões que o construíram. Mas a moral cristã e a cultura do Amor ao próximo, serão as asas que impulsionarão os homens para o Alto.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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