LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano V, edição nº.211, de 22 a 28 de junho de 1981.
DIRIMINDO DÚVIDAS
NELSON LORENA
O Museu Maestro Lorena , sito à rua do mesmo nome, foi inaugurado em 4 de fevereiro de 1976 em festa íntima, particular que é, com o objetivo principal de prestar-se uma homenagem ao Maestro Lorena, meu extraordinário Pai, no centenário de seu nascimento e ali perpetuar as suas produções, como o mais fecundo compositor do Vale do Paraíba e as de seus descendentes, na pintura, na escultura, no desenho, na madeira entalhada, na fundição, na poesia, na literatura, na música, nas artes, enfim e na história. Jamais recebeu qualquer auxílio financeiro de terceiros, mas apoio moral e estímulo, não lhe têm faltado por parte dos visitantes, já em número aproximado de dois mil. A parte histórica da cidade, representada em telas a óleo, assim como os seus aspectos antigos, um georama inédito da vida do município retrata o nosso passado perpetuado na imagem. Suas fases evolutivas mostrando os anos 1780, 1876, 1932 e 1976, são apreciadas como se víssemos a cidade em alto relevo, a “voi d’oiseau”. Cerca de trezentos estudantes e professores de vários estabelecimentos de ensino, daqui e cidades vizinhas, já o visitaram em busca de subsídios aos seus conhecimentos em curso. Aquilo que aprendemos sobre a vida pregressa de nossa Cachoeira, vem sendo ensinado aos alunos, à vista dos elementos visuais que conseguimos fazer. Acontece que, agora um dos meninos alunos disse-me que estava com “minhocas na cabeça”, porque aprendera que a cidade teve sua vida oficial começada em 6 de agosto, mas que o jornal da terra, vem dizendo que a data é 13 de junho. Fui obrigado a desfazer a dúvida dizendo-lhe que, historicamente, as coisas assim se passaram: A cidade de Cachoeira começou com a ereção de uma capela construída por Sebastiana de Tal, em 6 de agosto de 1780, dia da transfiguração do Senhor Jesus. Em 1784, Silva Caldas, que possuía uma sesmaria na margem direita do Paraíba avançando até a serra da Bocaina, adquiriu e fez doação de uma gleba de terra para patrimônio do Bom Jesus da Cana Verde. Os marcos de pedra limitando o terreno como todos os outros eram fincados no chão assentes com cal e terra. Pesquisando sempre, conseguimos com meu filho e o professor Jair Alves Barbosa, achar o marco na foz do rio da Aguada, assente com terra, cal e cacos de telha. A margem direita do Paraíba era mato virgem, em 1786. A capela reconstruída foi inaugurada em 6 de agosto de 1786 e o episódio, pintado por nós em tela, acha-se no Museu como A Primeira Missa, cujos detalhes omitimos por escassez de espaço. Oitenta anos após nascia a vida na margem direita, talvez antes até, quando foi erigida a capela de Santo Antonio, possivelmente em 13 de junho inaugurada. Era esta de madeira coberta de telhas. Concluindo: até que se prove o contrário, seis de agosto é o aniversário da modesta mas, querida Cachoeira, que espera nesse dia a lembrança do povo e a dos poderes públicos. Diz Carlyle que a falsidade da História é tão velha como a própria história. Mas com respeito às exceções, como a falsidade comanda a vida, deve-se acatar entre os fatos, o que mais se aproxima da verdade, sempre firmada no confronto das pesquisas.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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