LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O SABER SEM LIMITES
NELSON LORENA
É comum ouvir-se dizer que a solidão é própria do bruto ou do santo. Não me considero nem uma coisa nem outra, mas nas minhas atividades, quebro às vezes sua constância e arranjo alguns momentos para me isolar e sentir de perto, no silêncio da meditação, o contato balsâmico com as plantas e árvores que no meu quintal abundam. Torno-me ermitão por instantes e desfruto da Sabedoria, da qual, o silêncio é nove décimos, como diz Balzac. E na herança de minha sensibilidade, meu filho que também a sente, nela se compraz. Quando meu filho era adolescente fomos desfrutar, como algumas vezes eu já havia feito, a solitude e a paz de um bosque que havia no Mato Comprido, no caminho da Bocaina. Dali se descortinava uma paisagem deslumbrante e uma seqüência de colinas que, à guisa de seios da Mãe Terra, se arrastava, tendo como limite o horizonte sem fim. Homens maus, movidos por interesses menores estavam procedendo a sua devastação, onde a queda de cada árvore se assemelhava ao inocente que sucumbe ao machado do carrasco. Paramos estarrecidos diante daquele crime e resolvemos retornar ante o mal estar que sentimos. Pensei em como haveriam de sentirem-se aquelas árvores que, em recompensa à purificação do oxigênio que dá ao homem, do berço no qual balbucia as primeiras palavras, do banco escolar onde inicia o saber, da mesa onde trabalha, no arranjo do lar e por fim o esquife que o leva à ultima morada, recebiam em troca o golpe impiedoso, ingrato. Admiti o seu sofrimento porque creio na alma das plantas, bem como na de todo ser animado. Endossando minha crença, chega ao meu conhecimento através da imprensa que o cientista norte-americano Cleve Benkester teve contacto e êxito em seus diálogos com o mundo vegetal. Esse cientista revolucionou a ciência com seus relatos sensoriais entre homens e plantas, afirmando que quando ele sofre uma agressão as plantas ao seu redor reagem com “sensação de sofrimento”. Uma noite, Benkester punha em ordem seu laboratório quando percebeu que no parapeito da janela a sua planta Dracena estava murchando. Enchendo o jarro com água para regá-la, veio-lhe a idéia de ligar o eletrodo de seu polígrafo (detector de mentiras) a uma folha da Dracena, curioso em observar qual seria a sua reação ante a água absorvida. Verificou que o polígrafo registrava uma reação parecida a uma emoção humana, como uma sensação de alívio. E qual seria a reação da planta diante de uma ameaça? Decide queimar uma das folhas e descobre com enorme surpresa que no momento em que acendeu o fósforo a máquina registrou uma reação igual a dos seres humanos, quando sentem medo. Após esta tentativa de ferir a planta, Benkester experimentou situação inversa; feriu-se a si mesmo com a planta ligada ao detector e o vegetal reagiu imediatamente. O cientista chegou à conclusão que as plantas estão, pelo menos, em alguma relação sensorial com o homem. O professor Puskin da União Soviética, psicólogo, com base nos estudos de Benkester declarou, “Parece que as células vivas, mesmo as que não possuem sistema nervoso, têm alma”. Em minha opinião de estudante provinciano a conclusão não é hipotética, mas, axiomática. Nas plantas encontra-se a infância da escalada do Espírito para a Perfeição.
*****
Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
Veja também:
NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE
A ARTE DE NELSON LORENA
*****
Nenhum comentário :
Postar um comentário