LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas, escritas entre 1977 e 1990, sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, entre outros. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano V, edição nº.231, de 09 a 15 de novembro de 1981.
ELE E ELA
NELSON LORENA
ELE e ELA se completam para maior glória de Deus. Sem esta simbiose maravilhosa, “a Terra seria vã e vazia; as trevas cobririam a face do abismo”. ELA é a fonte primacial da vida. Possui inteligência e Saber; move-se livremente sem encontrar obstáculos. Atinge em vôo rápido as maiores alturas, donde alcança num relancear de olhos toda a imensidão, assim como penetra nas profundezas dos abismos, enriquecendo com seu poder, a Vida em todo seu esplendor; seu aspecto é divino, esplendoroso e nenhum ser humano pode contemplá-la com os olhos da carne. Mas era preciso e o momento era chegado para que ELA se unisse a ELE, obedientes aos sábios desígnios de Deus. A terra, o mar, o homem, as plantas, os animais deveriam cobrir a “face do abismo” vão e vazio. ELE seria o “santuário”, o lar onde ELA viveria enquanto ELE não fosse destruído pelo envelhecimento. Juntos dariam a vida aos seres, enriqueceriam o mar, floresceriam as árvores, perfumariam os prados, para a glória Daquele que tudo pode, tudo quer, tudo domina! ELA, etérea e, intangível, escapa à nossa pobre análise e justa definição, feita que é à imagem e semelhança do grande Arquiteto do Universo, desse Deus que jamais veremos face a face, tal sua magnitude e poder. Na participação de ambos, na construção dos mundos e dos seres vivos em geral, observamos uma parte mortal nELE e outra vivificante e preexistente nELA. ELE possui formas várias que chegam ao clímax da perfeição no homem, na mulher, nos animais, nas flores. Salomão, o rei bíblico, comparava a beleza física da mulher à das éguas do Faraó. Nós também, eu pessoalmente encontro na mulher e no cavalo de raça a maior perfeição anatômica dos seres vivos. Não raras vezes, ELE , dominado pelos imperativos dos órgãos e glândulas que o compõem se excede, lança sobre ELA salpicos de “lama” que a entristecem, mas por outro lado a estimulam na luta pela sublimação do Ser. ELA, intocável, essência pura que é, se manifesta pelos órgãos que ELE possui. “Santuário do Espírito” que é, ELE agasalha, às vezes, em seu íntimo, a companheira resignada, mas entristecida. Mas um dia, num certo dia o “Santuário”, templo corruptível, se decompõe e se transforma nos campos das necrópoles. ELA incorruptível, ascende retornando às regiões do mundo invisível e eterno. E, no mergulho no terra-a-terra, ou no vôo para o Infinito, nesse vai e vem constante, nesse tumultuar de seres vivos, na terra, no mar, no homem, nos animais, nas plantas, entre perfumes e dores que se confundem, a sombra de Deus surge para ELE-Corpo e para ELA-Alma, em toda sua história, grandeza e poder.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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