ASPECTOS CULTURAIS DA LORENA - Culture de La Lorraine

ASPECTOS CULTURAIS DA LORENA
Culture de La Lorraine





SÍMBOLOS DA LORENA SOBRE O PALÁCIO DUCAL EM NANCY.

Ponteira ou flecha sobre a Torre do Relógio do Palácio Ducal com os simbolos da Lorena: as alerions heráldicas do brasão da Lorena, a cruz dupla de Lorena, a coroa de realeza e o cardo, adotado pelo duque René II de Lorena, depois da vitória sobre Carlos o Temerário, em 1477, com a divisa "Qui s'y frotte s'y pique", comumente traduzida por "Quem se mete comigo se machuca".





















Entrada do Palácio Ducal, em Nancy


A Lorena foi privilegiada, devido à sua posição geográfica, como um lugar de trocas culturais entre a França e as culturas germânicas. Numerosas inovações, por ela tiveram entrada e se difundiram pelo país (música, gastronomia, etc.). É, a Lorena, igualmente, um berço de correntes culturais originais, entre as quais a mais famosa é certamente a Art Nouveau, introduzida na França pela Escola de Nancy.


ARQUITETURA

Dos 14.130 edifícios classificados, em 2002, como Monumentos Históricos pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da França, 643 se situam na Lorena. Entre eles se encontram  arquiteturas religiosas romanas e góticas, tais como a Igreja de Notre Dame de Galilée em Saint-Dié-des-Vosges, a catedral de Metz e a abadia de Bouzonville, a catedral de Toul, a Basílica de Saint-Nicolas-de-Port; castelos, como o de Lunéville (o pequeno Versailles lorena), Cons-la-Grandville ou Commercy, numerosos edifícios civis Art Nouveau em Nancy e a arquitetura alemã, em Moselle. A indústria também marcou a história e as paisagens lorenas e, alguns sítios, tais como o Carreau de la Mine de Petite-Rosselle (cerâmica) e o Alto-Forno de Uckange, são protegidos como patrimônios industriais. A Praça Stanislas, em Nancy está inscrita como patrimônio mundial na UNESCO



Igreja de Notre Dame de Galilée,
edificação em estilo romano.


Basílica de Saint-Nicolas-de-Port,
padroeiro da Lorena.


Castelo de Lunéville,
o pequeno Versailles lorena.


Castelo de Cons-la-Grandville,
atualmente propriedade e residência particular.


Praça Stanislas em Nancy,
inscrita como patrimônio mundial na UNESCO.


ARQUITETURA VERNACULAR

É a arquitetura anônima, sem interferência de arquitetos ou engenheiros, e que constitui a fisionomia das cidades, com linguagens e expressões que refletem o lugar e o ambiente. Entre os objetos recenseados pelo Inventário Geral de Monumentos e Tesouros Artísticos da França, 11.611 dos 104.000 objetos de mobiliário (base Palissy) e 6.828 das 92.000 notificações de arquitetura (base Mérimée), são de origem lorena. A organização urbana dos povoados lorenas é frequentemente caracterizada por dois elementos:

• As residências incluem a habitação e a granja, são geminadas e alinhadas de frente, com um recuo de aproximadamente 3 a 7 metros da rua principal. Este recuo, nomeado usoir, é um espaço livre para uso particular, geralmente de propriedade pública, destinado ao armazenamento de lenha, veículos ou ferramentas de lavoura. Até o início dos anos 1970, era também utilizado como um local de estocagem do esterco, diretamente no chão. O tamanho do monte variava conforme a quantidade de gado e era um sinal de status econômico. Esta prática desapareceu e o usoir é, geralmente, gramado, para evitar que se transforme em estacionamento.

• Nas localidades onde o predominou o trabalho nas vinhas e, na maioria dos casos semelhantes na Europa, os usoirs não são utilizados desta maneira, mas divididos em franjas perpendiculares à entrada principal, tendo como limite a extensão da lateral das casas, dando ao ocupante um acesso direto à sua granja na parte traseira.



Casas geminadas com o típico usoir em Celles-sur-Plaine (Vosges).


ARQUITETURA CLÁSSICA

Enquanto a arquitetura teatral começa realmente na França no século XVIII, a Lorena tem teatros datados do século XVI e muitos teatros, da corte e públicos, despontaram na região no século XVIII.


Théâtre de Metz
Emmanuel Heré (1705-1763 - arquiteto de Stanislas)



ARTE TEATRAL

São dignos de menção no campo da arte teatral:

• O Teatro Popular de Bussang, criado em 1895, pelo poeta Maurice Pottecher.
• Bernard-Marie Koltes (1948-1989), nascido em Metz, morto prematuramente aos 41 anos, um autor teatral contemporâneo francês dos mais representados.


MÚSICA

• Ancestral do canto gregoriano, o Canto Messin (de Metz) desempenhou um papel importante no desenvolvimento da liturgia cristã. Pepino, o Breve, iniciou em Metz, capital do reino franco no século VIII, uma reforma do clero com o objetivo de impor o antigo canto romano na Gália, do que se desincumbiu Chrodegang, bispo de Metz e primo de Pepino. O Canto Messin, foi influenciado pela música dos cristãos da Gália e do Império Romano. O canto-pleno, de expressão puramente religiosa, espalhou-se sob a ação de Carlos Magno em todo o Império Carolíngio, chegando a suplantar o antigo canto romano, em Roma. Como conseqüência, o Canto Messin foi posteriormente chamado de “Canto Gregoriano”.

• "EN PASSANT PAR LA LORRAINE", é uma das muitas canções mencionadas nos manuscritos do Abade Fleuriot e que se supõe ter sido musicada no século XVI por Orlando Passus. Embora seja mais conhecida como uma canção de ninar para crianças foi, durante muito tempo, associada ao exército francês e continua sendo uma pungente e evocativa marcha militar. Em uma comemoração ao 60º aniversário do “Chamado de de Gaulle”, em junho de 1940, o veterano da Segunda Guerra Mundial, Pierre Lefranc recorda com emoção quando, em 1943, o exército da França Livre marchou em Londres: "Nós marchamos ao som de En passant par la Lorraine em frente à estátua do Marechal Foch, com lágrimas nos olhos". Os versos são sobre uma garota nascida pobre que, apesar do desprezo dos outros, é amada por um nobre. Uma teoria atribui a canção a Anna da Bretanha que se tornou rainha de dois reis de França, sucessivamente. Existe realmente uma canção do folclore francês, 'Anna da Bretanha, duquesa em tamancos’, em que ela se imagina usando tamancos rústicos em seu primeiro encontro com o rei e contém muitos paralelos verbais específicos com En passant par la Lorraine.


EN PASSANT PAR LA LORRAINE



• A Lorena é o berço da “Lutherie” francesa. Mirecourt, nos Vosges, é ainda considerada a capital francesa da Lutheria - fabricação de instrumentos de corda. 
• O patrimônio dos órgãos é altamente desenvolvido. A Lorena tem mais de mil, cerca de 600 no departamento de Mosela).
• Charles Louis Ambroise Thomas (5 de agosto de 1811, Metz – 12 de fevereiro de 1896, Paris) natural de Metz é um compositor francês do século XIX muito conhecido por suas óperas, Mignon (1866), Hamlet (1868) e como Diretor do Conservatório de Paris entre 1871 e 1896.

• Theodore Gouvy Louis (1819-1898).

• Gustave Charpentier (25 de Junho de 1860 – 18 de Fevereiro de 1956), nasceu em Dieuze, era filho de um padeiro e, após estudar no conservatório em Lille, entrou para o Conservatório de Paris em 1881 onde estudou composição com Jules Massenet. Em 1887 ganhou o Grande Prêmio de Roma com a cantata Didon. Ficou muito conhecido pela sua ópera Louise que estreou em 2 de fevereiro de 1900 sob a batuta de André Messager.

Louise (ópera) – 1900
Julien, ou La vie du poète – 1913
L'amour au faubourg - 1913

• Joseph-Guy Ropartz (1864-1955).

ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS

• Patricia Kaas, cantora e atriz, nasceu em 5 de Dezembro de 1966, em Forbach na Lorena, de pai francês e mãe alemã. Desde que gravou seu primeiro CD, Mademoiselle chante le blues, em 1988, vendeu mais de 16 milhões de CDs em todo o mundo. Famosa na França e em toda a Europa, seus álbuns vendem centenas de milhares de cópias e são repetidamente premiados pelo Victoires de la Musique.


MADEMOISELLE CHANTE LE BLUES
Patrícia Kaas



• Couture Charlélie e Tom

• Vanony Claude


PINTURA E ARTES GRÁFICAS

Nas artes gráficas e na pintura destacam-se diversos artistas :

• Jacques Callot (1592-1635)
• Georges de La Tour (1593-1652)
• Claude Lorrain (1600-1682) pintor lorena, símbolo de uma paisagem clássica.
• Emile Friant (1863-1932)
• Colin Paul-Emile (1867-1949)
• Weisbuch Claude (1927)

• Claude Lorrain ou Claude Gellée, seu verdadeiro nome (Lorena, 1600 - Roma, 1682), um dos mais conhecidos pintores franceses, admirado pelas paisagens campestres e urbanas que pintava. Nascido em Chamagne, uma comuna no departamento de Vosges na Lorena, frequentou a escola do vilarejo, antes de começar a aprender o ofício de pasteleiro. Órfão aos doze anos, mudou-se para Friburgo, onde entrou em contacto com grandes artistas. Aos quatorze anos, juntou-se a um grupo de pasteleiros que ia para Roma, onde encontrou trabalho como cozinheiro do pintor Agostino Tassi. Provavelmente foi nessa época que Claude Gellée teria inventado a massa folhada. Além de fazer trabalhos domésticos, preparava as tintas do seu patrão e assim, tinha oportunidade de vê-lo pintar. Afinal, começou a pintar ele mesmo, surpreendendo Tassi, que decidiu educar o jovem na arte pictórica. Em Roma trabalhou também para Cavalliere d'Arpino. No seu regresso a França, consolidou-se como o grande paisagista do Barroco francês.

 
Claude Lorrain


• Émile Friant (Dieuze,16 de Abril de 1863 — Paris, 6 de Setembro de 1932). Nasceu em Dieuze,comuna da Mosela, departamento da Lorena e seus trabalhos foram expostos no Salão de Paris. Era conhecido como professor da Escola de Belas Artes em Paris, foi membro do Instituto de França e condecorado com a Legião de Honra.


La Toussaint (1888) por Émile Friant
Óleo sobre tela, 254 x 334 cm
Museu de Belas Artes, Nancy



ESCULTURA

• Ligier Richier, escultor renascentista Lorraine
• Barthelemy Guibal em Stanislaus


ART NOUVEAU

Movimento estético da segunda metade do século XIX, defendeu o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção industrial em série. Confrontou os avanços da indústria imprimindo em móveis e objetos o traço do artesão-artista, mais tarde conhecido como designer, sendo considerado uma das raízes do modernismo no design gráfico, desenho industrial e arquitetura. No final do século XIX, sob o estimulo de artistas como Charles Émile Gallé e Louis Majorelle, a Lorena, através das atividades da Escola de Nancy, tornou-se um dos berços do movimento Art Nouveau.


École de Nancy, projeto de Émile André


Vila Majorelle

Lucien Weissenburger (Nancy, 2 de Maio de 1860 – 24 de Fevereiro de 1929) , membro do quadro de diretores da Escola de Nancy, foi um dos principais arquitetos a trabalhar com o estilo Art Nouveau na Lorena. Entre seus trabalhos mais conhecidos encontra-se a Villa Jika, também conhecida como Villa Majorelle (1898-1902, em colaboração com Henri Sauvage), em Nancy.


Câmara do Comércio de Nancy



ARTESANATO

• Luneville, faiança Sarreguemines, esmaltados
• Longwy
• Imagem Epinal
• cristal Baccarat e Saint-Louis-lès-Bitche


Cerâmica Art Nouveau_França

Jarro de Émile Gallé



  Luminárias de Émile Gallé


• O cristal Daum

A Daum Fréres é uma cristaleria artística nanciense. Suas oficinas formaram alguns dos grandes nomes da Art Nouveau como, Jacques Gruber, Henri Bergé, Almaric Walter e os irmãos Schneider. Jacques Gruber foi o primeiro artista do vidro a trabalhar para a Daum. Criou as peças incluídas na Feira Mundial de Chicago de 1893, primeiro grande sucesso que elevou a Daum ao círculo fechado das indústrias artísticas e à exposição de Nancy, em 1894. Depois, houve a exposição em Lyon (1894), Bordeaux (1895) e Bruxelas (1895 e 1897) nas quais foi premiada. O cristal Daum ainda existe, sua produção é internacionalmente reconhecida e muitos designers trabalham para ela.



Magazine da fábrica Daum na rua das Cristalerias em Nancy



Grande Vaso, "aux grillons", design by Daum, Nancy, 1900.
Foto: Roby



Castiçal Série Natureza by Daum.
Série Nature, Bougeoir Patê de Verre.


Coleção Daum no Museu de Belas-Artes de Nancy, Lorena, França
Foto de François Bernardin


SAINT NICOLAS


 Vitral da Basílica de Saint-Nicolas-de-Port

Saint Nicolas, bispo de Myra, é o padroeiro da Lorena, embora jamais ali tenha vivido. O cavaleiro Varangéville Auber, ao regressar de uma peregrinação, trouxe uma falange do santo desde Bari, na Itália, para a igreja da vila do Porto Meurthe (atualmente Saint-Nicolas-de-Port ). Esta função de santo patrono foi formalizada pelo Duque René II após a Batalha de Nancy em 1477. O dia 06 de dezembro é comemorado em Saint-Nicolas. Nessa ocasião, as crianças recebem estatuetas de pão de gengibre ou de chocolate e bombons. Muitas manifestações são organizadas nos quatro departamentos com apresentação de carros alegóricos, desfiles e fogos de artifício.


EVENTOS CULTURAIS

• Festival de Cinema Fantástico, em Gerardmer (janeiro-fevereiro)
• Festival Internacional de Geografia, em Saint-Die-des-Vosges (Outubro)
• Festival de Cinema Italiano, em Villerupt (novembro)
• Festival de Cinema Árabe, em Fameck
• Nancy Jazz Pulsations (Novembro


LINGUAS E DIALETOS

Na maior parte da atual Lorena, o lorena, era a lingua regional. Dialeto romano, próximo ao wallon e do picard, ele se declina em diversas variedades, e se estende para além da fronteira belga, onde é chamado gaumais.

Há também três variedades de dialetos germânicos falados na região Norte, comumente chamado de platt, que não deve ser confundido com o alsaciano. Ao contrário do lorena romano, o lorena-franco (francique-lorrain)  permanece falado por cerca de 350 mil pessoas no departamento de Moselle. Igualmente conhecido em determinadas áreas contíguas, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica e no norte da Alsácia, permite a inter-compreensão entre a língua de diferentes regiões, tanto como com a maioria dos germanófonos.
Estas duas zonas de influência estão localizadas em ambos os lados da fronteira linguística moselana, que passa por Audun-le-Tiche, Thionville, Faulquemont Boulay-Moselle, Sarrebourg e Bénestroff , e permanece limpa e persistente até o século XX . Contrariamente à opinião popular, esta fronteira lingüística é muito anterior à anexação alemã de 1871.

Muitos nomes de aldeias terminam em -court, -ville, -ing, ou -ange. Elas são antigas áreas de domínio merovíngio ou carolíngio. O nome do proprietário era sempre composto com os apelativos romanos de origem latina, -curtis, -villa, ou germânica, -ing, que significa "área rural". O sufixo germânico, -ing, evoluiu em -ange, na área de flutuação histórica da fronteira linguística.


LITERATURA

A Geste de Lorrains (Façanha dos Lorenas) é um ciclo de cinco “canções de façanhas” anônimas, datada dos séculos XII e XIII.



FILOSOFIA

Julien Freund (1921-1993) é um dos raros pensadores políticos que a França viu nascer no século XX.


GASTRONOMIA

Várias receitas fazem a reputação da gastronomia lorena, tais como as carnes defumadas, como o fuseau. Estas incluem o patê lorena, a torta, o guisado lorena, ou ainda o leitão de Metz. Entre os queijos originários da região encontram-se o brouère, o quadrado do Leste, o creme de Brie de Meaux e o munster géromé de Vosges.
A bergamota é um pequeno doce amarelo retangular nativo de Nancy. As madeleines são provenientes de Commercy. O macaron, doce de amêndoas é igualmente de origem lorena. A mirabela, ameixa amarela, fruta emblemática da Lorena, é usada em muitas sobremesas e na fabricação de brandy (eau-de-vie). No Vosges, os mirtilos são chamados brimbelles, de onde se conhece a torta de brimbelles.


Traduzido, adaptado e complementado de:

Um comentário :

milton lorena disse...

Obrigado Luiza!
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abraços