PROBLEMAS MUNICIPAIS

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VI, edição nº.295, de 28 a 31 de março de 1983.




PROBLEMAS MUNICIPAIS

NELSON LORENA



Problemas municipais, estão entre os assuntos mais discutidos e comentados em todo o meio social por aqueles que se interessam pelas coisas condizentes ao urbanismo de nossa cidade. Nosso pranteado amigo, professor Agostinho Ramos, sempre o abordou. Paralisada sua pena, dela nos apossamos e fazemos uso hoje. Há muitos anos não vamos ao São Paulo; não a conhecemos mais tal a transformação acentuada em seu incrível crescimento. Muitas vezes, quando para ali nos deslocávamos por motivos funcionais, notávamos uma série de pontes e viadutos terminados bruscamente em suas cabeceiras, sem qualquer indício de vida humana no ambiente, aparentemente sem uma razão de ser. Meses após, retornamos à nossa Capital e qual foi a nossa surpresa ao vermos bairros e povoados ali construídos pelo senso previdente de seu Prefeito e assessores sabiamente escolhidos. Na previsão de um futuro próximo, seus administradores construíram a estrutura básica do futuro. Concluí que “prever” é condição precípua a uma boa administração e que para prevenir insucessos tornam-se imprescindíveis as opiniões dos mais experimentados e todos os exames possíveis ao necessário êxito, inclusive o amor à causa. Nós mesmos, tivemos um ideal filantrópico há muitos anos e, por não saber “prever” a ausência do amor, fracassamos. Mas, vamos agora ao problema motivo de nossa arenga. Batem-se os mais afoitos pela construção de mais uma praça de esportes na área frontal à Quadra Coberta. Praticamente, tempo e dinheiro atirado fora, como o seu aterro, agora alagado, mostrou-nos a impraticabilidade de tal empreendimento. Ademais, a irregularidade do polígono em forma de raquete não comporta a regularidade e área para um campo de futebol com alambrado, muro de contorno, arquibancada, etc.; e tudo para o lazer de um limitado setor social. Previstos todos esses inconvenientes, fomos incumbidos por iniciativa do Sr. José Mário Pinto, assessor do Sr. Prefeito, apoiando nossa idéia, para construirmos uma maquete com o aproveitamento da concha natural, onde um lago com ilhas interligadas por pontes rústicas, inclusive uma para macacos, uma pérgula central ou restante acessível por barcos, pista para natação e canoagem, coreto para retretas, barcos para passeios, tudo facilitado pela forma de concha e pantanosa. Esse empreendimento daria à nossa terra o parque mais belo do Vale, como bem o disseram Agostinho Ramos e o deputado Plínio de Queiroz que aqui esteve em 1932. O Sr.Prefeito José Alves da Silva encantou-se com o projeto, previu sua utilidade para todos os nossos habitantes, inclusive para as crianças e nos prometeu incluí-lo em seus programas administrativos. Torna-se necessário o apoio geral do Legislativo, que foi convocado a visitar o Museu Maestro Lorena e examinar “de visu” a maquete mas, por motivos que desconhecemos, até agora não nos deu a honra de sua atenção. Se não podemos fazer nossa Cachoeira rica façamo-la, ao menos, bonita. A natureza não fala, mas mostra-nos de si o que é aproveitável e útil.



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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


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