OS ETERNOS ALUNOS

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.305, de 06 a 13 de junho de 1983.




OS ETERNOS ALUNOS

NELSON LORENA



Há centenas de milhares de pessoas observando a falta de escrúpulos, a exploração do homem pelo homem, a corrupção, a falência do caráter  que constituem a alegria de viver e os simples de coração, os amantes da justiça, da paz e da virtude que têm como recompensa o sofrimento, o amargo pranto, o fastio pela vida. Se há uma paz divina, por que essa desigualdade na distribuição dos prêmios? Como justificar as mortes violentas de jovens sonhadores no pleno anseio de sua exuberante juventude, como já tivemos conhecimento? Como “não há efeito sem causa” e, se esta causa não existe no plano da atual existência, forçosamente deverá existir em outro. Aí vem, logicamente, a pergunta: teríamos, porventura, outras vidas? São vários os fatos, desde as mais remotas épocas, a nos levar a uma afirmativa. Conta-nos S.T.Hollins, diretor-delegado de Polícia, na Índia, que assim nos diz: “Uma menina nascida em Nova Delhi, com dez anos de idade, declarou ter sido esposa de um homem em Muthra, em sua existência anterior. Insistia tanto em falar na sua vida pregressa que o Pai e amigos resolveram levá-la a Muthra. Quando lá chegaram, a moça levou-os à casa do ex-esposo. Bateu na porta, um homem de meia idade e cabelos grisalhos abriu-a, e a menina saudou-o como seu ex-marido. Ante o pasmo do homem, o pai da menina explicou o motivo e o dono da casa mandou-os entrar. Assim que entraram, a menina começou a descrever todos os aposentos e os móveis de cada um com tanta precisão que o homem ficou espantado, dizendo ao pai da menina que sua esposa havia falecido muitos anos antes e que havia se casado novamente, ao que a menina observou: “Meu corpo contém a alma de sua esposa falecida. Lembro-me de tudo a respeito de nossa vida em comum; principalmente das noites que passamos juntos. Não tivemos filhos e quando estávamos casados, há dez anos, tive uma febre e morri. Depois, nasci em Nova Delhi”. O dono da casa confirmou todos os fatos, que não poderiam ser conhecidos pelo pai da menina e nem descobertos por ela. Nossa conclusão, aliás, ponto de Fé, é que o nosso mundo é uma escola onde a alma faz seu aprendizado, amealhando conhecimentos de conformidade com as gradações do “curso”. “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Assim, os Boxes, da Abissínia, quando os leões rondam com fome suas cabanas, chegam a entregar um filho para apaziguá-los! Paganini, aos quatro anos de idade, era violinista consumado. Os Docos, da África, não sabem fazer o fogo nem cultivar o solo. Comem raízes, sementes, ratos e serpentes. Jacques Kristen, o “gênio monstruoso”, aos quinze anos discutia qualquer assunto em hebraico, latim, grego e árabe. O cardeal Mesofantti falava setenta línguas. Há uma sabedoria oriental que assim diz: “Nasci como mineral, transmudei-me em planta. Nasci em planta, morri como planta, ressurgi como animal; morri como animal, renasci como homem; morrerei como homem para possuir, dos anjos, as asas.



*****


Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


Veja também:


NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE


A ARTE DE NELSON LORENA



*****

Nenhum comentário :