O GRANDE ENFERMO

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.351, de 07 a 15 de maio de 1984.




O GRANDE ENFERMO

NELSON LORENA



Nosso Brasil está doente. Há muitos aspectos que caracterizam o estado enfermiço de um povo, igualmente ao de um ser vivo. Não somente a má função orgânica do bem estar, mental, físico e social, positivam o estado mórbido, assim acontece ao individuo, como à coletividade. Por vezes, o homem está em condições físicas aparentemente normais, contudo, está enfermo, porque a mente agredida por estímulos provocados por circunstâncias da vida de relações chega a influir negativamente em nossa função celular, gerando a enfermidade. Enfermidade esta que, muitas vezes, surge desapercebidamente, não havendo correlação entre os sintomas da moléstia e a sua gravidade. Nós, brasileiros, somos as células desse grande organismo que é nosso Brasil e, seus mandatários, a mente que as governa. Esta desfralda a bandeira da democracia, mas não a carrega, permanecendo estática, mas tão estática que o Brasil, gravemente enfermo não percebe, sentindo na própria carne os efeitos destruidores de um organismo que se desfaz, escorregando indefinidamente no tobogã do caos. Um doente submetido há vinte anos a um tratamento “médico”, sente-se piorar dia a dia com uma “pressão” ou inflação que, de 50% foi a 210%, e que sua miséria “física” de 43 bilhões, ascendeu a 100 bilhões. Que se fazer com ele? Que se procure outro “médico”, é o que qualquer bom senso recomenda.

Se, “Vox populi, vox Dei est”, por que não tentamos ouvir a voz do povo? Por que não ouvir a voz das multidões? Democracia não é “permitir que nossa filha se case com quem quiser, contanto que seja com o primo Juca” mas, tão somente, o governo do povo, pelo povo e para o povo. Há, contudo, uma promessa de curar o ilustre enfermo, após vinte e oito anos de sofrimento. Quem viver verá!


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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


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