ORIGENS PEQUENAS DE GRANDES COISAS

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.327, de 07 a 13 de novembro de 1983.




ORIGENS PEQUENAS DE GRANDES COISAS

NELSON LORENA



Grandes obras da Natureza, grandes doutrinas filosóficas, grandes invenções, grandes descobertas que têm sido as origens do progresso do homem, ordinariamente, surgem de modestas e simples causas. De pequenas coisas têm surgido as grandes. A começar pelo homem! Um cílio vibrátil ligado a uma célula une-se a outra de forma globular, formam um núcleo de células que se desdobram, um embrião, um feto e, logo após, os primeiros movimentos, um vagido denuncia ao mundo, entre dores e risos, o nascimento da mais perfeita obra do Criador, o Homem, o Ser que, pelo uso ou abuso de seu poder, fará mais feliz ou desgraçada a humanidade. Dizem que se o irrepreensível nariz de Cleópatra fosse arrebitado, teria mudado a face da história. A tampa de uma chaleira saltitando pelo vapor foi a origem da descoberta da máquina a vapor, por Fulton. A simples queda de uma maçã ilumina o cérebro de Newton, que nos lega a Lei da Gravidade. Um pêndulo oscilante na abóbada de uma igreja faz Galileu dar-nos a teoria Heliocêntrica, destruindo a Geocêntrica defendida pelo clero de então. No Peru, pequenas poças de água dão nascimento ao maior rio do mundo em volume de água, nosso Amazonas. Da humildade, da simplicidade uma vaqueira obtivemos como se evitar a varíola; de uma velha mulher, vendedora de mercado, como extrair o agente da escabiose; de um monge, o uso do antimônio; de um jesuíta, a cura do paludismo; de um marinheiro, como evitar o escorbuto; de um agente postal, como sondar a trompa de Eustáquio e, numa manjedoura, onde o cheiro mal cheiroso...

Aproxima-se o dia em que o mundo deverá festejar o aniversário do Natal de Jesus. Enquanto uma humanidade desvairada se entrega a um genocídio, fruto da insensatez dos que abusam do poder e da força sem medir as conseqüências, no plano divino, das provas e recompensas, a Voz do poder Supremo é relembrada. Numa “pausa meditação” recuamos no tempo e no espaço. E então, nas trevas em que vivemos, nos turvos céus de nossa vida, ressurge alva e imaculada a figura inconfundível do Mestre! E como “slides” rememorativos, a Manjedoura, os pastores, a Virgem, José, a estrela, os Magos, o Menino sorridente entre as palhas. Mais tarde, entre os doutores, sua primeira apresentação no Templo, suas parábolas, as bem-aventuranças, seus prodígios, até que um dia a força do poder mal dirigido se faz sentir. E o espetáculo angustioso da Cruz do Calvário vem dar-nos um código capaz de nos proporcionar a Paz e a Felicidade, eternas, nascidas numa manjedoura.


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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


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