LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.396, de 15 a 21 de abril de 1985.
A AGONIA DE UMA ESPERANÇA
NELSON LORENA
Um compromisso moral, qual seja o de pugnar pelas boas iniciativas e outras quaisquer que tragam progresso para nossa Cachoeira, nos leva, sempre que possível e a inspiração contribui, a escrever para o nosso “O Cachoeirense”. Às vezes, um pensamento preocupante nos afasta de argumentos mais condizentes com as necessidades dos nossos conterrâneos. A enfermidade do Presidente Tancredo, tornou-se para nós uma verdadeira obsessão que, por mais que quiséssemos afastar do pensamento, não conseguimos. Um verdadeiro martírio de sofrimentos se sucede e abala o Brasil de Norte a Sul, caracterizando e definindo como sempre declaramos, a bondade, o espírito cristão de nossa gente que nos momentos em que as portas dos corações se abrem pelo sentimento da solidariedade cristã, as virtudes do bem fraterno nivelam e unem bons e maus, amigos e inimigos, e, um só pensamento se eleva a Deus pelo Bem, Saúde e Paz de todos. Tancredo é a esperança de um povo cansado, desiludido, sofrido, em meio a tantos fracassos políticos, financeiros, tanta miséria e sofrimento. Encarna ele, neste momento de angústia para todos nós, perspectivas alvissareiras, fogo fátuo a brotar da fermentação dos resíduos da corrupção e dos escândalos de uma ditadura de vinte anos. Alheios à política, nada sabemos da vida pregressa do Presidente Tancredo. Mas as poucas vezes que o ouvimos nas campanhas eleitorais, vimos ali o político hábil, maduro, calmo, ponderado em seus raciocínios, sem artifícios na palavra, longa experiência, encarnação do bom senso. Jamais poderíamos pensar que um pequeno divertículo de Meckel viesse dar tantas complicações. Segundo o que se sabe, esse divertículo é sujeito a complicações mas, realmente elas estão se desencadeando e malgrado o nosso desejo, dificilmente serão superadas. Enquanto o cérebro não morre há sempre uma esperança. Tancredo é a imagem de um Brasil que sofre e por quem oramos.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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