LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.367, de 27 de agosto a 03 de setembro de 1984.
A BONDADE INTEGRAL
NELSON LORENA
Os acontecimentos que adentram ao mundo em que vivemos apontam variadas nuances da personalidade humana, quando ao serviço das diferentes atribuições que constituem a sua vida social. Entre estas destacamos aquelas, de que a História é farta, dos que não trepidam no abuso do Poder, por vaidade ou megalomania, em arrastar os subordinados a sacrifícios objetivando glórias e supremacias. Nem sequer admitem a hipótese de fracassos, embora sabendo que foram sempre efêmeras, as glórias dos que chegaram ao Poder pela força da violência. Quem perpassar os olhos pela História verá o fim trágico que tiveram, César, Pompeu, Bonaparte e, em nossos tempos, Hitler e Mussolini. Que resta das conquistas romanas, babilônicas, cartaginesas, egípcias, persas, francesas e alemãs? Somente, vive e nunca morre o Bem que a gente faz, diz uma canção espiritualista com justas razões. O Amor ao próximo eternizou os grandes benfeitores da humanidade. Compreenderam esses abnegados, que o supremo Bem é aquilo que se consegue enxugando lágrimas e não, as vertendo, semeando Amor e não, gerando ódios. Quantos vemos, atualmente, ladeados por um corredor de famintos, miseráveis desnudos, crianças esqueléticas, sorrindo indiferentes aos sofrimentos dos irmãos; quantos distribuem róseas condecorações, compram com milhões os oportunistas que vão servir-lhes de degraus para sua ascensão ao Poder, rebaixando a dignidade humana a artigo negociável, de qualquer prateleira de botequim! Este é o aspecto do mundo em que vivemos onde, entre os miasmas de sua podridão moral, vicejam indiferentes algumas flores do Bem que algum dia virá, segundo as promessas de Cristo. Em todos os aglomerados comunitários e religiosos de nossa terra, a Caridade se impõe como o mais importante caminho para a redenção, em direção a Deus. É uma outra nuance da personalidade humana, que desperta para a conquista do Céu pela fraternidade entre os homens. Em nossa Cachoeira, no seu âmbito acanhado, humilde e simples, qual nova manjedoura, notam-se os clarões do dealbar da aurora que precede o ressurgir no mundo, do Eterno Bem.
Ao término do artigo acima chega-nos, com pesar, a notícia do desencarne repentino do grande batalhador cristão, “Mein Freund und Bruder”*, como também me saudava, Martinho Jung. Coluna mestra do Exército da Salvação, orientou e dirigiu a construção do belo Templo, no bairro da Lagoa Seca. Fez da caridade, a despeito da saúde precária que minava seu organismo, os seus próprios bens, meta que alcançou como soldado dedicado das hostes de Cristo. Herdeiro fiel do espírito piedoso do Pai, soube honrá-lo e, como a mudança de planos não altera nem implica na solução de continuidade na eternidade da vida, continua, “sehr gut freund mit begeisterung und lieb" "lhre krieg in der Hilsarmee”** o mundo espiritual em que sua alma repousa. Com as justas homenagens, nossas e do “O Cachoeirense”, pedimos não se deterem nos erros possíveis na “letra que mata” a língua pátria mas, ao contrário, no “espírito que a vivifica”.
"Meu amigo e irmão"*
"Muito bom amigo, com amor e entusiasmo" "A luta no Hilsarmee"**
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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A ARTE DE NELSON LORENA
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