LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.371, de 24 a 30 de setembro de 1984.
CIDADE PECADORA?!
NELSON LORENA
O apóstolo Paulo disse certa ocasião, numa de suas pregações, que “a vida na carne é a herança do pecado”. Ora, a criança nasce na carne. Onde pecou? A primeira premissa nos leva à conclusão de que houve um pecado, cometido em outra existência, por transgressão de uma Lei. E isto porque, onde não há lei não há pecado. Ela, a lei tem como escopo a perfeição das coisas através do Bem Supremo, divinamente colimado. As provas e sofrimentos pelos quais passam as vítimas dos grandes desastres aéreos, incêndios, tornados, naufrágios, secas, terremotos são, evidentemente, resgates de pecados cometidos em outras vidas. Tais provas coletivas não poupam raças, povos, países e, até mesmo, cidades.
Cachoeira, nestes últimos tempos, vem passando por provas que, embora sem a violência comum, não tem deixado de trazer aborrecimentos e preocupações aos seus habitantes. Que pecado teria cometido a terrinha do Bom Jesus da Cana Verde, para viver de promessas sonhos e projetos que não se realizam? Para onde foi fábrica de tecidos? A de leite em pó? A de calçados que viria do sul de minas? A de garrafas térmicas? A pista dupla da Rua Maestro Lorena?
Agora, pesa sobre a “Cidade Pecadora” a ameaça de ser instalado em área já escolhida pela Empresa Central Brasileira de Resíduos, um Depósito para resíduos sólidos em tratamento, constituídos de hexacloroetano, hexaclorobutano e hexaclorobenzeno (BHC), compostos penta, tetra e triclorados de óleo ascarel (PCB). São sobras, detritos de destilações e manipulações químicas industriais, que deverão provavelmente serem carregadas para os rios da cidade. Não sabemos até que ponto influirá, na saúde e bem estar da população, o efeito deletério de tais venenos! Possuímos uma riqueza, que as outras cidades do Vale não possuem, e não podemos perdê-la: o clima salubérrimo e a pureza do oxigênio que respiramos.
O bom senso prevalecerá.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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A ARTE DE NELSON LORENA
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