LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.372, de 01 a 07 de outubro de 1984.
A SOMBRA DA BOA ÁRVORE
NELSON LORENA
A observação de longos anos e o relacionamento com o mundo em que vivemos, confirmam aquilo que a Ciência vem demonstrando, de que os ascendentes transmitem aos descendentes os caracteres herdados e que a hereditariedade, por sua vez, os transmite às gerações que se sucedem. Nós mesmos temos constatado, assistindo a extinção de famílias inteiras vitimadas pelo câncer e pelas moléstias cardíacas, onde também, varizes, moléstias mentais e deformações ósseas são resultantes dos fatores patogênicos dos pais. Admitir como corretas as nossas observações e considerar o Homem como expressão do binômio Corpo e Alma, induz nossa Razão a admitir como verdadeira a afirmação de que, também o temperamento, o caráter, a personalidade e a formação moral humana, têm como origem a herança atávica de fatores psíquicos. A constância desses fatos é sempre maior que suas distorções. O julgamento prematuro que fizermos de qualquer pessoa é geralmente justo, quando baseado no conhecimento que possuímos dos seus ascendentes. Isto porque, “a boa árvore dá bom fruto e a má árvore dá mau fruto; não se colhem figos de espinheiros e nem uvas de abrolhos”.
Contaram-nos certa ocasião, ilustrando nossas considerações, que quando Paulo Guerra era o governador de Pernambuco, gozava de grande estima e valor, quer como governador, quer como político. Possuía um filho, que se fez deputado. Bom Conselho, cidade de Pernambuco, festejava sua Padroeira e Joaquim Guerra, o deputado, foi à festa. Comumente, após as festividades religiosas há um baile e, lá estava o prefeito da cidade. Joaquim Guerra tinha o rosto moreno, queimado pelo sol e convidou a filha do prefeito para dançar. O prefeito ao ver o casal dançando, pergunta à esposa: “Quem é aquele negrinho que está dançando com a menina?” Responde-lhe ela: “Não tem nenhum negrinho aqui.” Insiste o prefeito: “E aquele ali, dançando com nossa filha?” E a esposa: “Fale baixo homem, não diga besteira. É o filho do governador.” Ao que arremata o prefeito: “Até que ele é um moreninho jeitoso!”
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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