RENASCER, TAL É A LEI

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.408, de 16 a 21 de julho de 1985.




RENASCER, TAL É A LEI

NELSON LORENA



Comecei o dia, lendo Santo Agostinho. Sua vida se assemelha à de muitas criaturas, inclusive a minha, quanto aos erros, aos pecados, aos arrependimentos e, por fim, à aceitação de Deus. A humanidade é uma criança grande. Imatura, caminha e tropeça, cai aqui para erguer-se ali, recebendo em cada instante as lições que a experiência lhe dá. Tempo virá, em que o espírito sobrepor-se-á à carne, despertando em seu âmago sua razão de ser, sua finalidade como perfeição, que Jesus certa vez nos prometeu.

A solução dos problemas que nos afligem, exige de nossa memória o esforço do pensamento e, muitas vezes, encontra-se nos arquivos do espírito, entre os elementos esparsos e coletados em outras existências. Diz-nos Santo Agostinho: “Nós somos de parecer que, em tempos aprendemos estas coisas. Teria tido eu outra vida alem desta?” Às vezes, quando nos confiam um trabalho, a possibilidade de aceitá-lo impõe-nos uma obrigação maior. Todos os caminhos que nos conduzirão ao sucesso serão vasculhados, todos os ângulos examinados, todos os prós e contras ocupam nossa inteligência e, a tríade que sempre usei: EU penso, EU quero, EU faço, é quem dará uma resposta definitiva.

Quando o Prefeito Prado Filho aceitou o projeto do monumento ao Soldado Constitucionalista, na Praça, longe estava eu de pensar que sua confecção a mim seria imposta. O trabalho exigia a arte da modelagem, moldagem e fundição, conhecimentos que nesta existência jamais tivera. O desejo de ser útil ao torrão em que nasci abriu-me o repositório onde, esparsos e desordenados, se achavam os rudimentos de uma arte aprendida em vidas passadas. Pus-me à luta. Três virtudes autônomas foram exigidas; Pensar, Querer e Fazer. Após meio século, ainda as vejo na obra realizada. O perpassar do homem mortal pela Vida, representa um capitulo do Homem Eterno na integração de Deus. Ninguém entrará no Reino do Céu, sem nascer de novo. Sócrates, Platão e Santo Agostinho, séculos antes, sentiam esta verdade que o Cristo veio confirmar.


*****


Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


Veja também:


NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE


A ARTE DE NELSON LORENA



*****

Nenhum comentário :