AS ESPERANÇAS NO PORVIR

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.447, de 05 a 11 de maio de 1986.



AS ESPERANÇAS NO PORVIR

NELSON LORENA


Nada é estável na vida do homem, nada é eterno, tudo é mutável em sua formação. Tudo se nos parece flutuante, movediço, sujeito a transformações que visam uma verdade, ainda mesmo que remota. Os conceitos que dizem respeito à Ciência, Filosofia, Religião ou à origem da Vida, vêm sofrendo transformações à medida que o pensamento, aliado à pesquisa os modifica, dando-lhes novas definições. Nossas observações, através de longos anos vividos abraçados aos livros, os nossos maiores amigos, levam-nos a repetir com o Eclesiastes bíblico e com Heráclito, filosofo grego: “Nada é. Tudo vem a ser”. Inúmeros erros e afirmativas humanas, vêm sendo destruídos pelo avanço ininterrupto de novos conceitos e descobertas.

Houve uma época, em que a crença geral era de que a Terra fosse um disco plano, com horizontes inatingíveis. Mais tarde acreditou-se que fosse como uma esfera imensa e que somente a sua parte superior seria habitada, já que ninguém poderia viver de cabeça para baixo. Para Ptolomeu, no século II de nossa era, nosso planeta seria um corpo imóvel no centro do Universo, os astros girando em torno dele. Copérnico corrigiu o erro, demonstrando o seu giro ao redor do Sol. A Igreja condenou sua afirmativa, como contrária às Escrituras e pelo mesmo motivo, mais tarde, condenou a Galileu. Abominamos a intolerância dogmática mas, na verdade, o Santo Oficio, atualmente com outro nome, vem sendo mais flexível. A passos lentos mas, incontidos, caminha o sentimento fraterno entre os homens e, evidentemente abranda-se a intolerância religiosa entre os indivíduos. A Igreja demonstra boa vontade, quebrando sua inflexibilidade dá à França a Santa Virgem de Orleans; a Teologia da Libertação leva o franciscano Boff à condenação de “silêncio” por um ano mas, a regulamentação do seu trabalho traz-lhe absolvição e paz às Igrejas do maior país católico do mundo. E para nós, a certeza que, na filosofia do “nada é, tudo vem a ser”, encontraremos o caminho, a vereda que nos conduzirá à Verdade.


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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


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