LITERATURA MAL CHEIROSA

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.449, de 19 a 25 de maio de 1986.



LITERATURA MAL CHEIROSA

NELSON LORENA


Somos pela limitação dos termos pornográficos, dos palavrões e de todos aqueles que venham ferir a sensibilidade moral do próximo, muito em especial, os que venham atingir à adolescência, ainda em formação. Alguns há que tenham já, no seu sentido natural, se tornado habituais e quase pejorativos.

Houve um imperador que, após onze anos de brilhantes e vitoriosas batalhas, perdeu o seu império e o trono, em Waterloo aos 18 de junho de 1815. As últimas tropas que lhe restavam estavam envolvidas por forças mais poderosas, que Wellington comandava, quando de súbito, uma voz se fez ouvir: “Bravo General Cambrone, rendei-vos”. “Merda”, foi a resposta imediata, que a história registrou. “A Guarda morre, mas não se rende”. Uma série de rajadas silenciou, para sempre, a voz de um Império e o sonho do criador da Guerra moderna.

Evoluindo, da literatura para a liberdade de expressão, já seria tempo de relatar os fatos em suas verdadeiras cores. Não chegamos a compreender o porquê da censura imposta à música, ou à Merda do Caetano, como a imprensa costuma dizer. Julgamos mais acertada, uma censura às cartas do poeta Paul, endereçadas a Gala, sua companheira, publicadas em “A Folha” de 10 do corrente, férteis de requintada e exagerada sexualidade.

Ontem, dando umas voltas pelos fundos de nosso quintal, lembramo-nos de Cambrone e depois, de Caetano, e em seguida da excessiva liberalidade com que os responsáveis olham os erros dos responsáveis maiores, sem protesto. É que, uma cloaca aberta e mal cheirosa está a exigir dos poderes públicos uma providência severa, não a do Cambrone ou a do Caetano, mas a da SABESP, que há seis anos vem dando um trabalho intenso aos moradores do Asilo Espírita e a nós outros.


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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


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