CULTUANDO O PASSADO

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.477, de 08 a 14 de dezembro de 1986.



CULTUANDO O PASSADO

NELSON LORENA


Manter sempre vivas as memórias de nossos antepassados é perpetuar, no futuro, a gratidão daqueles que construíram a estrada do presente, pela qual transitamos. É um dever e um respeito, que se impõem aos corações bem formados. Ao vivermos o presente, plasmamos o futuro, do qual dependerão as gerações que se formam. Boas ou más, serão sempre o fruto do nosso próprio comportamento. Nossa Cachoeira, de alguma forma procura reverenciar, ainda que modestamente a memória de alguns valores, por seu trabalho honesto e atividades dignas, ligados à história da cidade.

Voltados ao esquecimento, no entanto, há valores morais e intelectuais que urgem viver para sempre em nossas mentes. Com o pensamento sempre atento aos valores do passado, como forças imutáveis e eternas que são, procuramos no âmbito de nossas possibilidades, rudimentares mas sinceras, no domínio das artes e das letras, fixar pela visão rememorativa os valores humanos que nos antecederam. Martins, Miragaia, Drausio e Camargo aí estão, na praça, vivos, revelando com seu holocausto, há meio século precisamente, a luta pelo retorno da Ordem Pública no país.

O São Cristóvão, na Avenida e o Padre Juca, no seu Ginásio na Vila, demonstrando a eternidade da Vida pela Fé vivificante. O Museu Maestro Lorena, apresentando telas com figuras que retratam a formação, desde a origem, de nossa cidade e que nos transportam aos séculos XVIII e XIX e às dificuldades a serem vencidas pelos seus fundadores. Esforços que dignificam os que edificaram a terra em que vivemos. Recordar é viver!

E, nas asas das recordações, vem-nos ao pensamento a figura ímpar do Engenheiro Newton Bennaton, reconhecido que era, nos EEUU e no Brasil, pelo seu inconteste valor nos trabalhos de engenharia. Foi o construtor da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí e, também, da Central do Brasil e da Estação Ferroviária. Concorreu com sua valiosa parcela para a formação de nossa Cachoeira Paulista. Aqui morou, constituiu família e aqui morreu. Conhecemo-lo. Como modesta homenagem, foi o seu nome dado a uma rua, substituído mais tarde após sua morte, por outro inexpressivo. As gerações futuras, pela ingratidão, não mais falarão sobre o ilustre Engenheiro e nem de sua obra, que desmorona ao peso do descaso e do abandono  que lhe devotaram os responsáveis pelo Tombamento da maior obra de arte arquitetônica do Ramal de São Paulo.

Não se compreende também, como o talento ímpar de Agostinho Ramos, tantas vezes demonstrado em sua oratória versátil, no domínio da palavra e no amor à terra que o abrigou e que venceu a "tordesilha" com Cruzeiro, que restringia nossa faixa territorial, reintegrando para o nosso município uma área politicamente perdida. Não se compreende, repetimos, como tal valor não mereça nem ao menos um beco com o seu nome. Sempre nos batemos pela construção de um Parque Municipal, em frente à Quadra de Esportes, que há anos projetamos. Daríamos a ele, o nome do Professor Agostinho Ramos. O Sr.Prefeito, antes e depois de eleito, prometeu construí-lo. Contando o parque com várias modalidades de diversão, se exploradas, em muito lucraria a Prefeitura e eternamente seria lembrado o nome de Agostinho Ramos, um dos maiores da formação histórica de nossa velha Cachoeira.


*****


Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


Veja também:


NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE


A ARTE DE NELSON LORENA



*****

Nenhum comentário :