LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.431, de 30-12-1985 a 05-01-1986.
A FORÇA DESCONHECIDA DO AMOR
NELSON LORENA
Possuímos em casa uma dúzia de gatos, animais da predileção piedosa de nossa filha, que periodicamente se reproduzem. Há dias, ficamos a observar as brincadeiras de dois deles. Eram demonstrações de agilidade nas correrias, saltos e cambalhotas, nos engalfinhamentos e nas lutas sem o menor sentido de violência ou agressão. Mas, aconteceu que em determinado momento, um feriu dolorosamente o outro e a brincadeira se transformou em luta séria, que somente cessou com a interferência da mamãe gata.
A cena, que a princípio constituiu-se para nós uma distração interessante, transformou-se com o desfecho, dilatando nosso pensamento para a atual relação entre os povos. Lembramos da ansiedade com que todos acompanhamos, esperançados, o desfecho da perspectiva de Paz para o Mundo, discutida entre os dois mais poderosos senhores da Terra, Reagan e Gorbachev, e que não veio, para desgraça da humanidade. Gorbachev, por fim, declara ao maníaco belicista Reagan que; “em caso de uma guerra entre as duas potências não haverá nem vencedores nem sobreviventes”. Ora, certos de que nenhum deles saboreará os frutos da vitória, qual a necessidade do prolongamento da competição armamentista? Estupidez clara, insofismável burrice. As redes de televisão nos mostraram duas famílias que, na visão de suas intimidades, carinhos e beijos, tal como nossos dois gatinhos, cultivam o desejo de Paz, que todos alimentamos. As rédeas dos governos não devem ser dadas nas mãos de qualquer Cowboy ou Cossaco mas, nas de homens de cultura e bondade de coração, aos filósofos, como nos recomendam os sábios antigos. Essa bondade de coração, só decorrente da crença em Deus simbolizado na figura inexcedível de Jesus, incompreensivelmente não existe nos corações dos chefes dos mais importantes países da Terra, onde católicos, protestantes, judeus, maronitas, etc., se exterminam em nome de um Deus concebido às suas conveniências. DEUS É AMOR. Suas obras, assim O transpiram.
Da janela do nosso Museu Maestro Lorena, ainda hoje, mostrávamos a um filho, num alto matagal adjacente, vencendo a sua agressividade com possibilidade quase nula de floração, ressaltava sobre o verde escuro uma dúzia de flores silvestres, rubras como sangue arterial. Parecia que a mão divina ali as depositara, amenizando o desagradável aspecto do mato. Era o Amor, que a tudo transforma! Ao entrarmos no porão do Museu, destruímos parcialmente com a cabeça, uma teia de aranha, inadvertidamente. Era um trabalho, tecido com habilidade de mestre. Voltamo-nos para observar o estrago e a reação do aracnídeo que, descendo imediatamente do ninho, examinou os estragos no ângulo reto da porta de entrada do porão, avaliou a destruição do ângulo de 45º graus formado pelo terceiro cateto, desceu ainda mais e, fechando o triângulo com teia mais forte, reparou os raios convergentes ao vértice, aderiu-lhes, um a um, os círculos paralelos convenientemente reparados. Trabalho de perfeito artista nas tessituras adaptadas às suas necessidades de conquista da vida.
De onde veio essa Sabedoria? Do infinito Amor de Deus, à luz do qual todo o eterno se constrói. Basta-nos o conhecimento, ainda que rudimentar, das riquezas que possuímos em nosso corpo somático, o milagre da visão, da digestão, do prolongamento da vida através da alimentação, do pensamento, da fecundação, da audição, do olfato, do paladar, para convencer-nos de que, pela fraternidade universal, deixará a Terra de ser um planeta de expiações e provas, como os espíritos o classificam. Da curiosidade que nos leva a observar as coisas que nos rodeiam, suas causas e efeitos poderemos chegar à Causa Maior, o infinito Amor de Deus pelo mundo que criou.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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