OPINIÕES

  LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.




O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.433, de 19 a 26 de janeiro de 1986.




OPINIÕES

NELSON LORENA



Livros, livros, nossos melhores amigos! Assim, sempre os consideramos. Atendem-nos, solícitos, sempre que os procuramos. Presentemente, assoberbados de trabalhos ligados à arte, viemos deles nos afastando mas, sua atenção para conosco continua a mesma, os amigos de sempre. Necessitando de certos materiais para complementação de tarefas a nós impostas, deixamos o sábado livre para providências. Infelizmente, nosso comércio, futuroso, mas ainda modesto, estava carente do que necessitávamos. Ficamos, por isso mesmo, sem compromissos e fomos em busca do amigo livro.

O primeiro que nos caiu às mãos foi a Bíblia, um ótimo presente, há pouco nos ofertado. Líamos a Epístola Primeira, de Paulo a Timóteo, quando nosso filho, José Maurício, chegou para almoçar conosco e reclamar nossa colaboração para seu jornal, “O Cachoeirense”.

Durante o almoço, a conversa versou sobre o episcopado, ou melhor, sobre o conselho, de Paulo a Timóteo, para os que o desejam: “Se alguém isso deseja, excelente obra o faz. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher e que governe bem a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito, pois, se alguém não sabe governar sua própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?”. Veio à baila a notícia de que, talvez baseado no fato de Paulo defender e aconselhar os discípulos de Jesus, quando em missões, a serem acompanhados por suas esposas e portanto, casados, teria o cardeal D.Paulo Evaristo Arns entregue a S.S., o Papa João Paulo uma carta, assinada por vários bispos, sobre a dispensa do celibato e tido desagradável surpresa de vê-la rasgada, à frente de seus olhos, pelo Papa.

Não acreditamos na confirmação desse fato. Admitimos o Papa João Paulo, sincero e educado mas, a notícia circulou. Segundo sabemos, não havia celibato em nenhuma religião, até o ano de 1139, quando o Concilio de Latrão o instituiu para a religião católica. Não havendo a Lei, não havia o pecado! Daí para cá, criada a Lei, o pecado maculou, e continua maculando, a história eclesiástica. Três quartos da classe sacerdotal mundial, são casados.



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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.


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