LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.440, de 17 a 23 de março de 1986.
O TRABALHO, COMO MEIO E FIM.
NELSON LORENA
Digno, é o trabalhador, de seu salário! Frase evangélica, comumente lembrada pelo nosso grande e saudoso amigo, mestre Alberto de Barros. A vida, em seu transcorrer, nos ensinou que a coisa mais nobre de nossa existência é o trabalho executado com amor, na compreensão de sua necessidade. Analisando a estrutura da sociedade humana, desde os tempos a que nosso conhecimento alcança, comparamo-la a uma pirâmide. Na base, toda a solidão que, mãos calejadas e sofridas, construíram. No vértice, os que a desfrutam, sem a dignidade do seu trabalho. E, assim transcorre para a massa operária a fase da escravidão, da violência, da opressão humilhante. A Revolução Francesa se nos afigura como um despertar da desobediência e da submissão espartana de um povo, contra o absolutismo. No inicio do século XIX, sucederam-se os direitos concedidos à redução da jornada de trabalho para doze horas, com o Manifesto Comunista, com a Constituição Alemã de Weimar e a Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII. Mas, quantas mortes, quanto sangue, quantas lágrimas derramadas até nossos dias, para que o trabalho possa se afirmar como a única fonte de riqueza de uma nação e que, somente se concretiza na mútua cooperação entre patrões e empregados. O dia 1º de Maio marcou a luta da classe operária pelas oito horas de trabalho. Houve distúrbios e mortes em Chicago nesse dia, em 1886. Oito implicados foram condenados. Um, suicidou-se na prisão, dois pegaram quinze anos e os cinco restantes, foram condenados à morte por enforcamento. Quatro anos depois, em 1890, foi reconhecido o direito às oito horas, até hoje prevalecido. Revisto o processo, a justiça retira a venda dos olhos e absolve os acusados vivos, mas não elimina as cinzas que ainda recobrem os mortos. A propósito, justamente hoje, é o Dia Internacional da Mulher. Quanto sofrimento e quanta humilhação foram-lhe impostos para que a ela se dedicasse um dia. Operárias de uma fábrica de tecidos que se levantaram pela jornada de dez horas, em 8 de março de 1857, foram queimadas vivas dentro da própria fábrica. É dura e penosa a luta pelos Direitos Humanos de um lugar ao sol. Que todos nós, homens e mulheres consigamos, através de nossas obras, eternizar pelo trabalho a nossa passagem pela terra onde nascemos.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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