LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.445, de 21 a 27 de abril de 1986.
A TERCEIRA REVELAÇÃO
NELSON LORENA
A águia napoleônica, de há muito, fora abatida. A Europa ainda respirava os miasmas deletérios de Wagran, Austerlitz e Waterloo. A sede de conquistas, obtidas sobre o sangue de inocentes transformados em heróis pela psicose bélica e maníaco-depressiva do célebre guerreiro corso, deixara sulcos profundos e irreparáveis nos espíritos das gerações que se sucediam.
Nos seus seis anos de meditação e agonia na ilha de Santa Helena, nos confins do Atlântico, chegara à convicção de que nenhuma conquista no mundo seria efetivada, sem a égide do Amor ao próximo. Admitira a continuação da vida além da morte e quinze dias antes de morrer, minado por um câncer do fígado, vendo chegar a sua hora extrema, diz aos poucos amigos que lhe restam: “Quando eu morrer, cada um dos senhores terá o grande consolo de voltar à Europa, rever seus parentes e amigos, e eu, tornarei a encontrar meus valentes; Kleber, Desaix, Murat, Ney, Besiéres, Duboc, Massena, Berthier. E todos virão ao meu encontro, loucos de entusiasmo e de glória...”
Na manhã de 5 de maio de 1821, liberto do corpo pela morte, reaparece Napoleão à sua mãe, Letícia, na ilha de Córsega onde nascera, e quando ela corre para ele dizendo, “Fili mi”, o filho desaparece. Semanas após, recebe ela da Inglaterra, o comunicado de sua morte naquela manhã. Tornava-se necessário que, mais uma vez na história da humanidade, a voz amiga e paternal da Providência Divina se fizesse ouvir, através de corações dignos de tal missão, verdadeiros arautos de Deus entre os homens, na construção do mundo para o qual nascemos. Novos conceitos sobre a razão do Homem na Terra, seu destino, suas dores, o porquê dos abutres humanos, que vivem do sacrifício dos pombos inocentes, das tragédias dolorosas e incompreensíveis à razão comum, que chegam a gerar a descrença e tantos outros, irrespondíveis na sua aparência.
A propósito, acabamos de ler num recorte de jornal. “Num sítio no município de Caetés, em Pernambuco, o lavrador José Liberato foi atingido por um raio, matando-o na hora e produzindo grandes estragos em sua residência, no momento em que, com a esposa, seis filhos e dois irmãos, rezavam ao redor de uma mesa agradecendo a chuva que vinha salvar sua lavoura.”
Inúmeros, são os fatos dessa natureza e que trazem a descrença para a fé, já entibiada, dos homens. Somente na seqüência interminável das vidas sucessivas, tudo se explica e a cortina se abre à nossa visão. Hoje 18 de abril, há 129 anos precisamente, revelava-se para o mundo o Livro dos Espíritos e, à luz da Terceira Revelação, recebida por Alan Kardec, milhares de almas palmilham resolutas a estrada da Redenção.
Religião alguma fez tanto progresso em tão pouco tempo. A humanidade jamais esquecerá a data de 18 de abril de 1857, em que a rota da Verdade foi traçada. Ao ilustre professor de Fisiologia, Astronomia, Física e Química, as nossas modestas homenagens.
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Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
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A ARTE DE NELSON LORENA
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