LITERATURA DE NELSON LORENA
Patrono Eternal da Cadeira Nº.13 da Academia Valeparaibana de Letras.
O acervo literário de Nelson Lorena compreende cerca de quatrocentas crônicas sobre história, ciências, crítica, política, filosofia, religião e temas do cotidiano, escritas entre 1977 e 1990. A matéria de hoje foi publicada no Jornal “O Cachoeirense” Ano VII, edição nº.467, de 22 a 28 de setembro de 1986.
RELEMBRANÇAS OPORTUNAS
NELSON LORENA
O progresso da nossa civilização tem seu fundamento nas revoluções, quer sejam, científicas, sociais, políticas ou morais. Em todos os setores da atividade humana há sempre um idealismo movendo os individuos que se sobrepõe aos demais e que, não somente objetiva seu próprio bem, mas também, o de seus semelhantes.
A História nos aponta inúmeros desses abnegados heróis, cuja glória se empalidece à medida que os anos se sucedem e os benefícios usufruídos se tornam habituais.
A propósito, queremos recordar aos leitores alguns tópicos de oportunidade:
Jornal “A Noticia”, de 28 de julho de 1935:
Segunda feira última, reuniram-se a convite desta Folha no Cine Bandeirantes, membros da Comissão incumbida do monumento ao Soldado Paulista a fim de tratar das medidas a serem tomadas a bem desse assunto. Temos a acrescentar que, pretendemos que todo este monumento seja feito aqui, dentro de nossos muros.
Jornal “A Noticia”, de 07 de setembro de 1936:
Inaugurado hoje, Sete de Setembro, o monumento ao Soldado Constitucionalista, Cachoeira alcança um de seus anseios mais palpitantes ao termino de suas vaidades patrióticas. A idéia da ereção em praça publica do monumento que hoje se inaugura começou a surgir em 1933 quando alguns rapazes pensaram nela esboçaram um peditório consultaram a estimativa dessa obra e desistiram do intento. Vinte a trinta contos de reis, não se conseguiriam nunca para esse fim...
...e continua “A Noticia”: mas, quando assumiu a Prefeitura, o Sr.José Rodrigues do Prado Filho, cachoeirense de raras qualidades, a idéia voltou à tona.
Prado Filho preparou tudo para a realização da obra da qual participamos. Cachoeira Paulista se orgulha em possuir um dos raros monumentos, dentro do Estado de São Paulo, recordando a epopéia de 09 de julho de 1932 e o holocausto de Martins, Miragaia, Drauzio e Camargo, os quais, desprezando a fase áurea da vida, deram-na pelo restabelecimento da Ordem Democrática e a Constitucionalização da Pátria.
No cinqüentenário da Inauguração do Monumento “Aos Que Tombaram Pela Lei”, como justamente idealizamos, sentimos que a glória é realmente efêmera e se empalidece à medida que o tempo foge. E, como diz uma cançãozinha que anda por aí, “Neste mundo tudo é passageiro,/ é fugidio, é falaz./ Só o que vive e nunca morre/ é o Bem que a gente faz./” (*), há cinqüenta e um anos, como está na base da obra, foi feito o Monumento e, há cinqüenta, inaugurado.
Fizemo-lo com muita teimosia, vencendo a pressão derrotista da política adversa, vencendo a improvisação técnica, pois, não possuíamos os recursos e os atributos de escultor, modelador e fundidor, que a obra exigia para a sua realização e com todo o carinho, aliados à nossa grande amizade ao Prefeito e sua família. Orgulhamo-nos da execução desse trabalho inspirado no sacrifício patriótico de nosso povo. Magoamo-nos com o melancólico aniversário dos seus cinqüenta anos. E, como comumente acontece, a chama acesa pelos heróis da liberdade e do progresso, gradativamente se apaga na consciência dos que deles se beneficiam.
(*) Versos de uma conhecida canção do próprio Nelson.
*****
Ao professor e jornalista, José Maurício do Prado, ex-diretor proprietário do jornal “O Cachoeirense”, os nossos agradecimentos pelo acesso aos originais.
Veja também:
NELSON LORENA – O ARTISTA CACHOEIRENSE
A ARTE DE NELSON LORENA
*****
Nenhum comentário :
Postar um comentário