Joana d’Arc, também conhecida como a Donzela de Orleans, entrou para a História como heroina e mártir no final da Guerra dos Cem Anos. Canonizada Santa pela mesma Igreja que a condenou à fogueira, sua breve existência encontra-se fartamente descrita e documentada por inúmeros autores e fontes. Por sua importância histórica, política e religiosa, incluímos em nossa galeria esta ilustre personagem da região da Lorena, predestinada para a missão de libertação, unificação e a consolidação da França como um grande país.
JOANA D'ARC
A Donzela de Orleans
A Donzela de Orleans
Joana d ’Arc, by Jan Matejko
Joana d’Arc teria nascido em 6 de janeiro de 1412 na pequena aldeia de Domrémy, na região da Lorena no noroeste da França. Seu nome verdadeiro era Jehanne d'Arc, mas ela preferia ser chamada de "Jehanne, la Pucelle", Donzela Joana, e tinha doze anos quando ouviu, pela primeira vez, uma voz lhe dizer que deveria libertar o seu país dos invasores ingleses. Obstinada em cumprir seu chamado, cumpriu quase tudo que se determinou mas, caída nas mãos do inimigo e negligenciada por seu próprio rei, foi queimada viva em 30 de maio de 1431.
A PROFECIA SE CUMPRE
A Guerra dos Cem Anos, logo após o período das grandes Cruzadas, precedeu o nascimento de Joana d’Arc e perdurou até 1453. Travada entre fidalgos em disputa pela coroa francesa, a guerra se passava totalmente em território francês e muitas aldeias eram devastadas. Contando com a ajuda de seu aliado, o Duque de Borgonha, até Paris encontrava-se nas mãos dos ingleses e, quando a França precisou de líderes, estes se mostraram incapazes.
O Delfim Carlos era sutil, ardiloso e astuto mas, revelava-se confuso. Ansiava por ser declarado filho legítimo do rei da França e, de certo modo, tinha medo disso. Sua infância fora marcada por um pai louco e uma mãe devassa e sua vida governada pela dúvida. Será que queria ser o legítimo rei da França? Será que realmente o era? Será que queria lutar para libertar o país do jugo inglês? Quando tudo parecia perdido, começam a circular os rumores de uma profecia em que a França seria arruinada por uma mulher libertina de terra estrangeira e seria salva por uma donzela da Lorena. A primeira parte da profecia se referia a Rainha Isabel mas a segunda, gerava dúvidas. Salvar o reino da França somente poderia ser feito por um guerreiro, nobre e notável.
No início de 1429, quase todo o norte da França e algumas partes do sudoeste estavam sob controle estrangeiro. Os ingleses controlavam Paris, enquanto os burguinhões controlavam Reims, importante local tradicional das coroações e consagrações francesas, especialmente porque nenhum dos pretendentes ao trono da França havia sido ainda coroado. Os ingleses mantinham o cerco a Orleans, a única cidade francesa leal, remanescente ao norte do Loire, último obstáculo a um assalto ao coração da França. Do destino de Orleans, dependia o destino de todo o reino e ninguém estava otimista quanto ao tempo a que ela resistiria sob o cerco.
A França durante a Guerra dos cem anos (1435).
VIDA DE JOANA D’ARC
Aproximadamente 16 anos antes do cerco a Orleans, Jacques D'Arc e sua mulher Isabelle Romée esperavam o quarto filho quando nasceu Joana. Jacques era de Arc-en-Barrois e, por não ter um sobrenome legal, era chamado segundo sua terra natal. Isabelle ao se casar herdara a casa na pequena aldeia pertencente ao ducado de Bar, depois anexada à provincia de Lorena e renomeada como Domrémy-la-Pucelle. Lá os filhos tinham nascido e, com alguns produtos agrícolas que plantavam e um pequeno rebanho, o casal conseguia alimentar e vestir a família. Domrémy estava em uma área do noroeste que permanecia leal à França; circundada por territórios Burguinhões, foi várias vezes atacada e numa ocasião foi incendiada.
A casa de Joana d’Arc em Domrémy, atualmente um museu.
Em seu julgamento, Joana disse ter aproximadamente 19 anos, portanto nascida em 1412 e sua primeira visão em 1424, aos 12 anos de idade, quando se achava sozinha no campo, e também ouviu vozes. Ela afirmou que São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarete disseram-lhe para expulsar os ingleses e conduzir o Delfim Carlos até Reims para sua coroação, e que chorou quando a visão desapareceu, pois, eram muito lindas.
Joana d’Arc recebe as visões.
Vitral da igreja de St Jacques de Compiégne.
ASCENSÃO MILITAR DE JOANA
Sua primeira tarefa seria obter apoio do senhor Robert de Baudricourt, que vivia em Vaucouleurs, não muito longe de Domrémy. Durant Laxart, marido de sua prima Jeanne le Vauseul, sabendo sobre as visões da jovem prometeu ajudá-la no que fosse necessário e assim, partiram sem comunicar nada a ninguém.
Em Vaucouleurs, localizaram o castelo e foram até o salão principal, onde estava o capitão Baudricourt. Ela não tentou usar de estratagemas: "É a vontade de meu Senhor que o delfim torne-se rei e passe a comandar o reino. Apesar dos seus inimigos, ele será rei. Eu mesma o levarei para ser coroado." "Quem é você?" "Eu fui escolhida. Sou Joana D'Arc." "E quem é o seu senhor?", perguntou Baudricourt. "O rei dos Céus!" respondeu Joana, com simplicidade.
Baudricourt riu, mandou que Durant levasse a menina Joana de volta aos pais e que eles lhe dessem uma boa surra. Ela volta desencorajada. Sabia que não seria fácil, pois as vozes lhe haviam dito que Baudricourt não daria atenção na primeira tentativa e pensou que talvez fosse melhor esquecer, por enquanto, esse louco sentido de "missão".
No outono de 1428, os acontecimentos tornaram Joana mais consciente de que o país precisava de sua ajuda. Espalhou-se a notícia de que os exércitos burguinhões preparavam-se para atacar Domrémy e, por segurança, todos os moradores da aldeia tiveram que fugir para uma cidade fortificada próxima. Quando voltaram, ficaram horrorizados com a brutalidade dos burguinhões, tinham desfigurado até a Igreja. O que aconteceu em Domrémy, repetia-se em toda a França e em outubro, os ingleses sitiaram Orleans, uma das cidades mais importantes, ainda sob o controle dos franceses.
Joana retornou a Vancoulers em janeiro e obteve o apoio de dois homens de reputação: Jean de Metz e Bertrand de Poulengy. Com a ajuda deles obteve uma segunda entrevista, fez uma extraordinária predição sobre uma reversão militar nas proximidades de Orleans e Robert de Baudricourt concedeu-lhe uma escolta para visitar Chinon. Ela viajou com disfarce masculino através do território burguinhão hostil e ao chegar à corte, impressionou o Delfim Carlos durante uma entrevista particular.
Joana reconhece o Delfim, em Chinon.
Nesse ínterim a sogra de Carlos, Yolanda de Aragão estava financiando uma expedição de socorro a Orleans e Joana pediu permissão para viajar com o exército, vestida como um cavaleiro. As lideranças da França estavam desmoralizadas e desacreditadas, todas as opções haviam sido tentadas e haviam falhado. Joana aparece como um sopro de esperança para um regime à beira do colapso, pois apenas um governo em desespero daria atenção a uma menina do campo, analfabeta, que afirmava que a voz de Deus estava instruindo-a a tomar conta do exército de seu país e conduzi-lo à vitória.
Chinon, sede da corte onde Joana encontrou o Delfim Carlos.
"Rei da Inglaterra, e você, Duque de Bedford, que chama a si mesmo regente do reino da França. Liquidem a sua dívida com rei do Céu; devolvam à Donzela, que é a enviada do rei do Céu, as chaves de todas as boas cidades que vocês tomaram e violaram na França". Sua carta ao rei inglês, Março-Abril de 1429; Quicherat I, p. 240,
Entretanto, os Conselheiros de Carlos, preocupados com que Joana pudesse ser declarada uma herege ou uma feiticeira e que os inimigos alegassem que seu reino tinha sido um presente do diabo, induziram o Delfim a ordenar investigações e uma análise teológica em Poitiers, a fim de verificar sua idoneidade moral.
Em abril de 1429, a comissão de inquérito, “declarou-a de vida irrepreensível e boa cristã, possuidora das virtudes da humildade, honestidade e simplicidade.” Os teólogos de Poitiers não emitiram juízos de valor sobre sua inspiração divina, informaram ao Delfim que havia uma “presunção favorável sobre a natureza divina de sua missão” mas, declaravam ser unicamente da corte a responsabilidade por colocar Joana à prova. E o critério para a veracidade de seus créditos, seria o levantamento do cerco de Orléans.
Ela chegou ao cerco em 29 de abril de 1429. Jean d'Orleans, o chefe interino da cidade, inicialmente excluiu-a dos conselhos de guerra mas, sua determinação teve grande efeito sobre o moral e logo seus colegas oficiais a estimavam como estrategista hábil e de sucesso. Ela passou a liderar o exército em uma série incrível de vitórias que reverteu a maré da guerra.
Joana entra em Orleans.
LIDERANÇA
Joana desafiou a estratégia cautelosa que caracterizava a liderança francesa. Em 4 de Maio, os franceses atacaram e capturaram a fortaleza de Saint Loup. Em 5 de maio, capturaram a fortaleza Saint Jean le Blanc, encontrada já abandonada, numa vitória sem derramamento de sangue. No dia seguinte ela exigiu um outro ataque sobre o inimigo e, quando Jean d'Orleans ordenou que os portões fossem fechados para evitar uma nova batalha, ela convocou os cidadãos e os soldados comuns e obrigou o prefeito a abrir um portão. Com o auxílio de apenas um capitão, saiu e capturou a fortaleza de Santo Augustins. Na mesma noite, enquanto os líderes decidiam esperar por reforços antes de agir novamente, ela insistiu em atacar o principal reduto Inglês chamado "Les Tourelles". Em 7 de Maio foi reconhecida como a heroína do encontro depois que sofreu um ferimento a flecha no pescoço, mas voltou a liderar a carga final.
Jehanne la Pucelle, em ação contra os ingleses.
"... a Donzela faz com que você saiba que aqui, em oito dias, ela tem expulsado os ingleses de todos os lugares que ocupavam sobre o Rio Loire, pelo ataque ou outros meios eles estão mortos, presos ou desanimados na batalha. Acredite no que você já ouviu falar sobre o conde de Suffolk, o senhor la Pole e seu irmão, o senhor Talbot, as escalas senhor, e Sir Fastolf, muitos cavaleiros e capitães mais do que estes são derrotados". Sua carta aos cidadãos de Tournai, 25 pp junho 1429; Quicherat V, 125-126
Fortificação em Beaugency, uma das poucas sobreviventes das batalhas de Joana. Os defensores ingleses recuaram para a torre no canto superior direito, após os franceses violarem o muro da cidade.
No rescaldo da vitória, ela convence Carlos VII a conceder-lhe o co-comando do exército juntamente com John II, duque de Alençon e obtém permissão real para o seu plano de recuperar as pontes próximas ao longo do Loire, como um prelúdio para o avanço até Reims e a coroação. Era uma proposta ousada, Reims estava duas vezes mais distante que Paris e profundamente dentro do território inimigo.
Catedral de Notre-Dame de Reims.
Local tradicional de consagração e coroação dos sobreranos franceses.
O exército recuperou Jargeau em 12 de Junho, Meung-sur-Loire, em 15 de junho, então Beaugency em 17 de Junho. Um esperado reforço inglês chegou em 18 de Junho, sob o comando de Sir John Fastolf. A vanguarda francesa atacou os arqueiros ingleses, de surpresa, antes que terminassem os preparativos defensivos. Na derrota que se seguiu, o corpo principal do exército inglês foi devastado e a maioria de seus comandantes, mortos ou capturados. Fastolf escapou com um pequeno grupo de soldados e tornou-se o bode expiatório para a humilhação dos ingleses. Os franceses sofreram perdas mínimas. Em 29 de junho, o exército francês partiu de Gien-sur-Loire para Reims e, em 3 de julho aceitou a rendição incondicional da cidade de Auxerre, sob domínio da Borgonha. Todas as outras cidades em seu caminho voltaram à fidelidade francesa, sem resistência. Troyes, o lugar do Tratado que tentou deserdar Carlos VII, capitulou após um cerco de quatro dias, sem derramamento de sangue. Reims abriu as suas portas em 16 de julho e a coroação aconteceu na manhã seguinte. Apesar de Joana e o duque de Alençon pedirem uma marcha rápida sobre Paris, a corte real preferiu uma trégua negociada com o duque de Borgonha.
Joana d’Arc na cerimônia de coroação de Carlos VII, em Reims.
"É verdade que o rei fez uma trégua com o Duque de Borgonha, por quinze dias e que o duque vai deixar a cidade de Paris no final de quinze dias. No entanto, vocês não devem se admirar se eu tão logo não entrar nessa cidade. Não estou contente com estas tréguas e não sei se vou mantê-las, mas se eu as cumprir será apenas pela guarda da honra do rei: não importa o quanto eles abusem do sangue real, vou manter e conservar o exército real, caso eles não mantenham a paz ao fim desses quinze dias."Sua carta aos cidadãos de Reims, 5 de agosto de 1429; trans Quicherat I, p. 246.
Nesse ínterim, o exército francês marchou por cidades perto de Paris e aceitou mais rendições pacíficas. Joana considerou que era o momento ideal para pressionar no sentido de executar a terceira tarefa estabelecida por suas vozes: a libertação do restante da França do domínio dos ingleses e dos burguinhões e pouco depois da coroação passou a insistir com Carlos VII para que a deixasse marchar sobre Paris. Aos 8 de setembro, seguiu-se o assalto francês a Paris e, apesar de ferida numa perna por um dardo de besta, Joana continuou a dirigir as tropas no combate até o dia terminar. Na manhã seguinte, ela recebeu uma ordem real para se retirar; agora que desfrutava de algum poder e prestígio, o verdadeiro caráter de Carlos se evidenciava. Ao invés de dirigir-se para o norte e prosseguir com a campanha para recuperar o restante de seu reino, partiu para o sul. Lá poderia relaxar e gozar uma vida de ócio na corte, seguro, em território sob seu controle. Qualquer simpatia que tivesse tido em relação ao entusiasmo militar de Joana havia se diluído.
"Príncipe da Borgonha, rezo por você - peço humildemente e suplico - que não faça mais guerra ao reino sagrado da França. Retire rapidamente o seu povo de certos lugares e fortalezas do reino sagrado, e em nome do gentil rei da França, eu digo que ele está pronto para fazer as pazes com você, por sua honra". Sua carta de Filipe, o Bom, duque de Borgonha, 17 de julho de 1429; Quicherat V, pp. 126-12.
CAPTURA
O desejo do rei em enfraquecer Joana tornou-se cada vez mais evidente. Aos poucos, ele dispensou os melhores e mais fiéis grupos de cavaleiros que a acompanhavam desde o cerco de Orléans. Para dissimular sua hostilidade, deu a Joana o sobrenome "de Lys", que era concedido apenas aos nobres. Mas isso pouco serviu para melhorar o humor da donzela e ela nunca usou esse sobrenome. Somente a oportunidade de honrar suas vozes e cumprir sua missão poderia trazer-lhe a felicidade verdadeira.
Joana recebe o sobrenome e a nobreza da flor de Lis
Brasão de armas de Joana D’Arc
Na primavera de 1430, a impaciência da jovem aguçou-se. Em março passado, enquanto ainda estava em Poitiers, suas vozes lhe disseram: "Somente um ano, não mais!" E desde então, já se passara quase um ano e seu tempo se esgotava. No final de março, sem dizer nada a Carlos, reuniu todos os lanceiros-livres, os mercenários da época, pagou-os com o dinheiro que recebera na campanha de Orleans e partiu para o norte onde parou em Merlun, a fim de comemorar a Semana Santa. Lá, ela recebeu nova mensagem de suas vozes: "Você será capturada antes do dia de São João". Isso apavorou Joana. Mas as vozes reafirmaram-lhe que Deus a ajudaria a suportar o que quer que acontecesse. Seu primeiro destino foi Compiègne, cidade considerada a porta de entrada para o norte. O duque de Borgonha vinha tentando ocupá-la e o fraco Carlos VII simplesmente aconselhara aos seus cidadãos que se rendessem. Mas o povo queria resistir e pediu a Joana que o ajudasse. Os inimigos pressentiram o perigo e pediram reforços. Quando os franceses chegaram, os borgonheses estavam mais que preparados. Mesmo que Joana se esforçasse para agrupar seus soldados, uma onda de pânico assolava. Os franceses recuam e, ao se aproximarem de Compiègne, atropelam-se pela ponte elevadiça em direção à segurança do interior da cidade. Guillaume de Flavy, capitão da guarnição de Compiègne sabia que Joana encontrava-se ainda do lado de fora e, mesmo assim ordenou que a ponte levadiça fosse levantada e que a grade levadiça fosse arriada. Quando Joana alcançou a ponte, esta já havia sido erguida. Em 23 de maio de 1430 os burguinhões cercaram a sua retaguarda, ela foi desmontada por um arqueiro e inicialmente se recusou a se entregar, mas foi capturada.
Era costume, as famílias resgatarem um prisioneiro de guerra do cativeiro mas, Joana e sua família não dispunham de recursos financeiros e muitos historiadores condenam o rei Carlos VII por não intervir. Ela tentou escapar várias vezes, em uma ocasião saltou de uma torre de 21 metros de altura para a terra macia de um fosso seco, em Vermandois, depois do quê, foi transferida para a cidade de Arras, na Borgonha. O governo inglês comprou-a de Filipe, duque de Borgonha. O bispo Pierre Cauchon de Beauvais, partidário dos ingleses, teve um importante papel nessas negociações e em seu posterior julgamento.
A torre em Rouen, onde ela foi presa durante o julgamento,
tornou-se conhecida como a torre de Joana d’Arc.
PROCESSO E JULGAMENTO
O processo que a levou à condenação por heresia foi politicamente motivado. O duque de Bedford reclamava o trono da França para seu sobrinho Henrique VI. Ela tinha sido responsável pela coroação do seu rival e a sua condenação foi uma forma de minar a legitimidade de seu rei. Os procedimentos se iniciaram em 9 de janeiro de 1431 em Rouen, na sede do governo de ocupação inglês e o processo foi irregular em vários pontos.
Joana é interrogada em sua cela na prisão pelo Cardeal de Winchester.
Por Paul Delaroche, 1824, Museu de Belas-Artes, Rouen, França.
ALGUNS DOS PONTOS PRINCIPAIS
Resumindo alguns dos pontos principais, a competência do juiz, Bispo Cauchon, foi uma ficção jurídica. Deveu-se sua nomeação ao seu apoio partidário ao governo inglês, que financiou todo o julgamento. O notário Nicolas Bailly, encarregado de recolher testemunhos contra Joana, não conseguiu encontrar qualquer evidência adversa e não havia motivos para iniciar um julgamento. O tribunal violou a lei eclesiástica abrindo um julgamento sem provas e ao negar seu direito a um advogado. Após a abertura da primeira audiência pública Joana reclamou que os presentes eram todos partidários contra ela e pediu para que fossem convidados a comparecerem "eclesiásticos do lado francês". Os registros do processo demonstram sua notável inteligência. Questionada sobre se ela sabia que estava na graça de Deus, sua resposta foi: “Se eu não estou, que Deus ali me coloque, e se eu estou, que Deus possa assim me manter.” A questão era uma armadilha, a doutrina da Igreja decidia que ninguém poderia ter certeza de estar na graça de Deus. Se ela tivesse respondido sim, teria se condenado por heresia. Se ela respondesse não, teria confessado sua própria culpa. O notário Boisguillaume testemunharia mais tarde que, quando o tribunal ouviu esta resposta: "Aqueles que a estavam interrogando ficaram estupefatos." Conforme as orientações inquisitoriais, Joana deveria ter sido confinada em uma prisão eclesiástica, sob a supervisão de guardas do sexo feminino (ou seja, freiras). Ao invés disso, os ingleses a mantiveram em uma prisão secular guardada por seus próprios soldados. O Bispo Cauchon negou o apelo de Joana ao Conselho de Basiléia e ao papa, que teria parado seu processo. A ré, analfabeta, assinou um documento de abjuração, sem entender a ameaça de execução.
Em 30 de maio de 1431, amarrada a um pilar no Vieux-Marché em Rouen, ela pediu que Pe. Martin Ladvenu e Pe. Isambart de la Pierre segurassem um crucifixo diante dela. À frente do vestido ela colocou uma pequena cruz construída por um camponês. Depois de consumada a queima, os ingleses rastelaram as brasas para expor seu corpo carbonizado, de modo que ninguém pudesse reclamar que ela tivesse escapado viva, em seguida, o corpo foi queimado duas vezes mais para se reduzir a cinzas e impedir qualquer coleta de relíquias. Seus restos mortais foram lançados no rio Sena. O carrasco, Geoffroy Therage, mais tarde declarou que "... tinha muito medo de estar condenado."
A caminho do suplício.
Execução na fogueira.
Local da execução de Joana d’Arc.
Place du Vieux-Marché em Rouen
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Place du Vieux-Marché em Rouen
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Veja Também: JOANA D'ARC - CONDENAÇÃO E REABILITAÇÃO
4 comentários :
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Trois fois merci, Yvone!
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